terça-feira, 31 de março de 2009

Corte no orçamento do Ministério da Educação chega a R$ 1,2 bi

30/03/2009 - 17h30
UOL
Da Redação*Em São Paulo


Os cortes no orçamento do MEC (Ministério da Educação) chegam a R$ 1,2 bilhão, de acordo com decreto da Presidência da República, publicado no "Diário Oficial da União", nesta segunda-feira (30). Dos R$ 16.149.279.000 previstos, estão disponíveis R$ 14. 900.200.000. O percentual contingenciado da pasta equivale a 7,7% do orçamento previsto.O ministério que apresentou o maior corte foi o do Turismo, com R$ 21,6 bilhões bloqueados. Segundo números publicados, essa pasta teve 86,39% da verba retida. Dos R$ 2,98 bilhões previstos no orçamento deste ano, a pasta contará com apenas R$ 405,7 milhões.A assessoria de imprensa do MEC, no entanto, afirma que R$ 866 milhões já haviam sido contingenciados em janeiro. E que os outros R$ 384 milhões não vão ser perdidos.De acordo com o MEC, a execução do montante previsto no orçamento está sendo realizada em parceria com o Ministério do Planejamento. O MEC argumenta que os programas que seriam afetados com os cortes, terão as verbas necessárias assim que precisarem executá-las.* Com informações da Agência Brasil

sábado, 28 de março de 2009

Baixa adesão familiar dificulta ensino integral no Rio

Portal UOL Educação, 23/03/2009

Contrariando o senso comum, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, não é a falta de vaga nem de professor que emperra o ensino integral: é a baixa adesão das famílias. Pesquisa da Secretaria da Educação do município mostrou que apenas 27% dos pais permitem que os filhos fiquem o dia inteiro na escola. Para a maioria, as atividades extracurriculares não trazem benefícios e alguns dizem temer que os filhos fiquem muito cansados.
"Os pais entendem que a escola é algo obrigatório, mas há um sentimento também de que educação demais é um problema", constata o secretário da Educação, Jailson de Souza e Silva, geógrafo com militância em trabalhos sociais em favelas do Rio. Ele acredita que famílias pobres precisam ver a educação do mesmo ponto de vista da classe média, como algo essencial para a liberdade individual e a construção de perspectivas. "Todo pai deseja que o filho seja doutor. Só que desejo é diferente de necessidade. A classe média transformou a escola em necessidade", define. A opinião dos pais foi percebida após a prefeitura inaugurar há quatro anos uma expansão do ensino integral usando espaços comunitários. Chamado de Bairro-Escola, o projeto aproveita espaços de igrejas, clubes, quadras esportivas, associações e sedes de organizações não-governamentais para complementar as salas de aula. Para ir da escola aos locais das atividades, os alunos caminham pelo bairro, que recebe obras com base na necessidade deles. Resultados aparecem: esses alunos tiveram rendimento 25% superior na última Prova Brasil, avaliação nacional feita pelo Ministério da Educação. Apesar disso, pais não deixam os filhos mais tempo na escola porque temem que fiquem cansados. Alguns duvidam que as atividades - pintar, compor, jogar, ver filme - contribuam com a formação. Outros implicam com a caminhada no bairro. E há os que precisam voltar cedo porque "tem que ajudar em casa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por um ensino médio mais adequado ao mundo atual

> Folha Dirigida, 26/03/2009 - Rio de Janeiro RJ

Marcelo Bebiano
Presidente do Conselho Nacional de Educação, a pedagoga Clélia Brandão Alvarenga Craveiro considera necessárias mudanças nas diretrizes curriculares do ensino médio brasileiro para uma real adequação do país à realidade do mundo moderno, aproximando o jovem da escola e preparando-o melhor para o mercado de trabalho. A educadora destaca que nas últimas décadas o mundo passou por grandes transformações, principalmente na área tecnológica, o que torna urgente a adequação das instituições de ensino ao perfil dos estudantes, transformando as escolas em locais mais próximos à realidade dos alunos. "Por isso, o Conselho Nacional de Educação está discutindo o assunto, através de comissões de especialistas, com um diálogo muito próximo com o Ministério da Educação, levando em consideração a opinião da sociedade".

Reitora e professora titular da Universidade Católica de Goiás, Clélia Craveiro adverte que os conteúdos do ensino médio precisam ser atualizados, deixado de lado a educação anterior, que privilegiava a assimilação de datas e nomes. Ela considera fundamental formar um aluno mais crítico, reflexivo e investigador para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e dinâmico. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás, Clélia Craveiro, não concorda com o modelo de Aprovação Automática que esteve em vigência na rede municipal de ensino do Rio de Janeiro até o ano passado. Ela explica que as pessoas não aprendem da mesma forma e que as escolas devem organizar planos de metas para atingir objetivos pedagógicos adequados e com resultados positivos na formação dos jovens.


Qual a sua avaliação sobre as Diretrizes Curriculares do ensino médio? Estão adequadas ao que se pretende para o segmento?

Clélia Craveiro - A Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação está realizando uma revisão das Diretrizes Curriculares do ensino infantil, fundamental e médio, organizando os princípios orientadores e estabelecendo o que é regional e nacional, sempre sobre a orientação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da Constituição Federal. Estas mudanças estão sendo feitas em conjunto com o Ministério da Educação e mediante informações que foram colhidas na sociedade. O MEC faz a apreciação e encaminha para o Conselho Nacional analisar. É um trabalho muito interligado. Um processo que possa responder ao princípio constitucional da aprendizagem como um direito social e com qualidade.

Como garantir a qualidade com um ensino tão deficiente como o brasileiro, com professores desmotivados pela falta de estrutura e de bons salários?
A qualidade se resume na aprendizagem dos alunos. É um direito que crianças, adolescentes e adultos têm. E para isso é preciso oferecer melhor estrutura e salários. No entanto, qualquer mudança bem feita exige uma avaliação completa. No caso do ensino médio, o objetivo é adquirir maior clareza sobre a identidade deste segmento. Saber exatamente qual o seu papel. É óbvio que o ensino médio não exerce apenas o papel de preparação para o ingresso no ensino superior. Este segmento deve possibilitar condições ao cidadão para que ele se desenvolva intelectualmente e tenha condições de transitar neste dinâmico e competitivo mundo do trabalho. A aprendizagem, é hoje, um critério indispensável a qualquer pessoa que deseje alcançar sucesso profissional. As diretrizes do ensino médio são de 1998 e tiveram papel muito importante por estabelecer formas diferentes de se pensar a organização curricular e os princípios deste sistema. Mas, é fundamental avançar sem imaginar uma ruptura total com o que já foi realizado. Num processo histórico é permanente a busca pelo o que foi feito e a atualização desse discurso na prática. É fundamental considerar que o perfil do aluno mudou substancialmente nos últimos 10 anos.

E quais foram as principais mudanças?
Neste intervalo de uma década ocorreu uma verdadeira revolução tecnológica e de costumes. Os jovens de hoje não conheceram o disco de vinil, apenas o CD. Eles não vivenciaram um mundo com o sexo sem camisinha e desconhecem o Ato Institucional nº 5, implementado pelo Regime Militar, na década de 1970. Este distanciamento histórico é perigoso, afasta o jovem do passado. A escola precisa pensar seriamente nisso. Na preservação da memória para que o cidadão se reconheça na sociedade e possua uma identidade global. Não realizar isso com provincianismo, mas com capacidade para transitar nesse mundo, que chamamos transnacional. A escola deve formar jovens para trabalhar no Brasil e no exterior. É necessário que ele possua domínio de Línguas Estrangeiras e da linguagem da internet e seus mecanismos. São conhecimentos estratégicos, que definem a empregabilidade. Estas habilidades ainda são reduzidas dentro da escola e por razões econômicas, em muitas comunidades carentes. Este jovem atual estabelece diálogo, em tempo real, com 100 pessoas ao mesmo tempo pela internet. A forma de se comunicar é completamente diferente. O mundo foi muito alterado. E a escola precisa, obrigatoriamente, se adaptar a essas novas exigências para incluir os jovens nessa discussão. A escola precisa recuperar o lado humano, com mais ações solidárias. Sem dúvida, nós perdemos muito esta dimensão. As crianças estão mais agressivas, sem paciência. Reflexo de um mundo muito dinâmico e controverso. Existe um novo perfil psicológico dos jovens. As distâncias precisam ser reduzidas, com um diálogo mais próximo. Compreendemos os fenômenos, falamos deles, porém não são realizadas muitas ações que aproximem a escola dos jovens. Vivemos um momento difícil, mas muito rico. Existe uma procura pelo aperfeiçoamento das gestões públicas. Isso tudo vai melhorar a educação, um direito social básico e que permite a conquista dos demais. Neste momento, o Conselho Nacional de Educação está discutindo o Plano Nacional de Educação que completará 10 anos em 2010. E até 2011 será necessário aprovar outro Plano Nacional de Educação. É um momento ímpar de uma mobilização nacional para tornar possível uma avaliação das metas estabelecidas nesses 10 anos, perceber o que se alcançou e quais as razões para os insucessos. E os esforços que os conselhos municipais, estaduais e nacional fazem é no sentido de realizar uma integração cada vez maior com a comunidade, pois este movimento pode ser muito mais efetivo se a sociedade civil entender quais são os direitos que ela tem para uma educação de qualidade, não ficando apenas na aprendizagem da leitura e da escrita, buscando uma interpretação ampla do mundo, com a abertura de novos horizontes.

Quais as falhas e os pontos positivos da educação brasileira?
Em termos de metas é inegável que houve um crescimento no acesso, um maior alcance, principalmente no que diz respeito ao ensino fundamental, e na sua ampliação de oito para nove anos. Porém, a permanência e a conclusão ainda são problemas sérios. Registramos altíssimos índices de distorção série/idade.

Qual o nível de distorção série/idade?
Chega a metade dos alunos. São índices muito elevados. É comum que estudantes que possuem idade para cursar o último ano do ensino fundamental ainda estejam nas primeiras séries. Um dado que precisa ser muito bem trabalhado, pois, em geral, o aluno que repete séries ou mesmo o que é conduzido a outras etapas por aprovação automática, apesar de um aproveitamento deficiente, está numa condição desfavorável. A auto-estima desse aluno fica muito baixa, pois sabe que foi promovido sem mérito. Pensar na auto-estima é fundamental. Um fato que gera muito mais compromisso com as pessoas, dá força, criatividade e a pessoa se sente mais respeitada, passando a respeitar o semelhante.

A sra. considera que a aprovação automática representa uma falta de compromisso com uma educação de qualidade?
Discutir avaliação, sem debater o processo de aprendizagem é descambar para o "achismo". É preciso que a escola tenha clareza de seu projeto e das metas que pretende alcançar. E para atingir a meta precisa percorrer um caminho e se organizar para isso. Da forma como a escola vem se organizando sabe que existem muitas falhas e que é fundamental encontrar outras formas. Inclusive, eu gosto muito de uma citação que é imputada ao cientista Albert Einstein, de que "Não é possível corrigir um problema usando a mesma matriz que o criou". Então, se a matriz que nós temos ainda não conseguiu orientar para que a aprendizagem fosse realmente o fio da linha, estivesse presente e permanente em todos os momentos da discussão, é preciso rever essa forma de organização. Minha crítica a aprovação automática é que ela parte do princípio que todos aprenderam da mesma forma. Cada um aprende de um jeito e possui gostos diferentes. Infelizmente, o resultado observado é que nossos jovens saem das escolas sem terem apreendido os conteúdos. Terminam os estudos sem conhecimento de leitura e interpretação. Porém, o foco seria diferente se o aluno fosse aprovado e tivesse que recuperar os conhecimentos deficientes, com um acompanhamento para sanar dúvidas anteriores. O professor da série que ele foi aprovado deveria ser informado sobre as suas deficiências.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, defende uma unificação do vestibular das 55 universidades federais para melhorar a seleção e influenciar o ensino médio. Ao invés de unificar o vestibular não seria mais adequado melhorar o ensino médio diretamente?
Podemos executar as duas ações ao mesmo tempo. Mas, em primeiro lugar é fundamental definir qual o perfil de ensino médio que o Brasil deseja. Ele servirá para quê? Para a cidadania? Para o trabalho, convivência em sociedade, ser aprovado no vestibular? A busca por uma formação mais humanística, com aulas de Educação Artística, Música Educação Física? Alunos mais críticos, reflexivos e investigadores. O aluno precisa destas características desde a Educação Básica.

O vestibular é uma seleção ultrapassada? Quais seriam as alternativas de acesso ao ensino superior?
Sim, da forma como é aplicado na maioria das universidades, como uma seleção em que os estudantes precisam decorar fatos e nomes. O desejo do ministro Fernando Haddad é modificar esse perfil de aluno para estabelecer um cidadão mais reflexivo, que questione o que acontece em sua volta. Não aceite passivamente. Acredito que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seria uma alternativa ao vestibular tradicional, como uma primeira fase deste vestibular unificado.

O ensino no Brasil está sendo valorizado adequadamente? Existem ações sendo promovidas pelo governo federal?
A Educação brasileira passa por uma fase de avanços. Por exemplo, a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação(Fundeb), que é uma superação daquela política focada apenas no ensino médio. Passa a ser feito um financiamento desde a Educação infantil até o ensino médio, inclusive com uma orientação aos alunos da Educação especial. Estes estudantes recebem também o atendimento em outro horário. Ele vai para a escola e convive com outras pessoas. A escola precisa aprender a trabalhar com essas especificidades, com as diferenças, porque a escolarização para ele é muito importante. A escola tem um papel fundamental para o cidadão. A Conferência Nacional da Educação Básica, realizada no ano passado deixou claro o papel fundamental da escola para a sociedade. O Conselho Nacional de Educação tem feito um trabalho de mobilização, buscando uma maior integração, um diálogo mais próximo aos órgãos de Educação para propor ações efetivas em busca de uma qualidade superior. Outra questão muito importante é a discussão das diretrizes de carreira. Até o dia 31 de dezembro todos os estados e municípios precisam ter seus planos de carreiras aprovados. Já houve a aprovação do piso salarial, de R$950, uma luta antiga. Ainda é pouco, mas representa um passo importante, sendo o primeiro e não o último. A discussão não se encerra com este valor, ela se inicia. Este piso não representa um vencimento que permita ao professor a possibilidade dele concentrar seu trabalho e esforços em uma única escola, com recursos para comprar material didático, jornais, revistas, assisitir filmes e peças. Hoje se discute o currículo dos profissionais e importância da relação do currículo com a arte, o conhecimento e a cultura. Se o professor não tem capacidade financeira de proporcionar cultura a sua vida como passará isso em sala de aula. Existe um estudo que aborda este tema. Ele é chamado de "Custo aluno-qualidade", que é a regulamentação do inciso XIX do artigo 4º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que diz que é preciso estabelecer um mínimo necessário de material, de infraestrutura didática para que a educação de qualidade aconteça. Queremos saber que custo é esse e o que é feito em relação aos orçamentos. Se estas estimativas já dão conta de responder a essa realidade que surge com força.

Existe uma estimativa inicial deste custo?
Este tema está em discussão. Estamos conhecendo os parâmetros. Porém, sabemos que ele é importantíssimo no ensino fundamental, onde começa a formação do estudante.

Quais as principais atividades desenvolvidas pelo Conselho Nacional de Educação no momento?
Estamos desenvolvendo diversas ações, como o Fórum dos Conselhos Estaduais e com a União Nacional dos Conselhos Municipais. A preocupação é articular os conselhos para que as legislações ou normatizações sejam cada vez mais próximas da realidade. Desta forma, nós reunimos o Conselho Nacional de Educação aos conselhos estaduais e municipais e realizamos um diálogo extremamente importante. Inclusive, esse tema será discutido na Conferência Nacional de Educação, que acontecerá em abril de 2010. Esse ano, no primeiro semestre serão realizadas as conferências municipais, no segundo semestre, as conferências estaduais. Também nesse conjunto de atividades para a Conferência Nacional será realizado o Fórum Nacional de Educação Superior, entre 13 e 15 de abril, em Brasília. Essas discussões também objetivam preparar os especialistas para o Encontro Mundial sobre Educação Superior que acontece esse ano, e ocorre de 10 em 10 anos, em junho desse ano, em Paris.

sexta-feira, 27 de março de 2009

As doenças do magistério

> Folha Dirigida, 24/03/2009 - Rio de Janeiro RJ

Renato Deccache

Sala de aula lotada, barulho dentro e fora da escola, desrespeito dos alunos, acúmulo de turmas em vários colégios, excesso de pressão dos gestores. Tudo isto pode causar bem mais do que frustração e desânimo ao receber o contracheque no final do mês. A falta de infra-estrutura e de condições de trabalho é considerada uma das principais causas doenças que afetam o magistério. São males que atingem o corpo e a mente e retiram, a cada ano, milhares de profissionais das escolas. As pressões do dia-a-dia se refletem em vários sintomas. Depressão, sensação de esgotamento físico e mental e desânimo são indícios da chamada síndrome de burnout, que se caracteriza por um desgaste que afeta o interesse e a motivação em trabalhar. Crises de choro, de medo e pânico podem ser sinais de que o profissional sofre assédio moral.
Os professores também sentem no corpo as conseqüências das más condições de trabalho. Problemas com a voz, alergias, tendinites, distúrbios do sono, distúrbios sexuais, alterações da atenção e da memória, irritabilidade, agressividade, dores na coluna e de cabeça e problemas cardíacos também estão entre os males que afetam muitos dos que ensinam nas escolas. Psicóloga clínica e hospitalar e mestre em Psicologia pela UFRJ, Elaine Juncken diz que o ambiente de trabalho contribui e muito para estas doenças. "Pode ser uma questão relacionada a um ambiente muito competitivo, onde não há tranqüilidade para trabalhar e onde o profissional é desrespeitado com freqüência", disse Elaine.
Um dos riscos é o professor não procurar ajuda médica, por achar que os sintomas estão ligados só a problemas pessoais. Até porque, segundo a psicóloga, as conseqüências vão além da queda na qualidade do trabalho. "O professor pode abandonar a carreira e, em casos extremos, as doenças podem levar o profissional ao suicídio", alertou a doutora. Distúrbios de natureza psíquica podem ocorrer com várias tipos de profissionais. E os professores integram uma das categorias mais suscetíveis, segundo a também psicóloga e professora da PUC-Rio, Sandra Korman. Uma das causas, segundo ela, é a falta de reconhecimento profissional. "Se o professor faz um bom trabalho, ninguém o procura para dizer que foi bem feito. Agora, se o aluno vai mal, a culpa costuma recair sobre quem ensina", comentou a psicóloga.
Sindicatos cobram melhoria nas condições de trabalho - Para representantes dos professores, problemas como baixos salários, turmas lotadas, carência de pessoal para disciplinar o ambiente escolar, alunos mais violentos e falta de infra-estrutura criam a combinação perfeita para derrubar a motivação e levar muitos docentes a hospitais. "A sensação de fracasso é muito grande. Os alunos estão em condições cada vez piores e o culpado é sempre o professor quando, na verdade, a culpa é dos governos que mudam as políticas educacionais e não conseguem alcançar a qualidade", defendeu Wíria Alcantara, uma das diretoras do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe).
Quem também reclama das condições de trabalho dos professores é a presidente da União dos Professores Públicos no Estado (Uppes), Teresinha Machado. Segundo ela, falhas de planejamento na construção das escolas comprometem a saúde dos profissionais, como escolha de locais próximos a vias de grande circulação para instalação de colégios. Ela também chama a atenção para um problema específico em Cieps, que têm parte de suas paredes pela metade, de acordo com o projeto original. "O Inmetro fez um estudo e concluiu que o barulho era enorme e que os locais não eram indicados para prática pedagógica", diz a sindicalista, que destaca outras causas de doenças dos professores. "A iluminação das salas e a posição do quadro negro, muitas vezes, não são adequadas. Além disso, o uso do giz traz alergia. Isto sem falar no agravamento da violência na escola e das pressões políticas e ameaças de transferência, que geram estresse, insegurança e pânico para os profissionais", frisou a presidente da Uppes.

Boletim volta com conceito

Estado de Minas, 26/03/2009 - Belo Horizonte MG

Saem as notas de 0 a 10 e entra a avaliação com classificação de A a E, considerando atitudes dos alunos em sala. Especialista da UFMG diz que documento deve retratar a formação do estudante Glória Tupinambás O bom e velho boletim é o personagem principal da escola de resultados que nasce em Belo Horizonte e tira de letra a Escola Plural. Agora em formato padronizado nas 184 unidades da rede de ensino municipal, ele veio para ficar e se transforma, cada dia mais, numa eficiente ferramenta para que pais e professores acompanhem, de perto, o aprendizado de 180 mil alunos. Mas, em vez das tradicionais notas de zero a 10, o boletim passa a informar o rendimento dos estudantes de acordo com conceitos de A a E e traz um grande diferencial: a avaliação da escola em relação às atitudes e valores das crianças e adolescentes em sala de aula. A volta do boletim padrão, que começou a ser testado em maio do ano passado e este ano se tornou oficial, é uma tentativa de acabar com distorções da Escola Plural. Esse modelo pedagógico prevê a divisão do ensino fundamental em três ciclos, de acordo com a idade – 1º (6 a 9 anos), 2º (9 a 12 anos ) e 3º (12 a 15 anos) – e, nos primeiros anos do projeto, implantado em 1995 na capital, a reprovação do aluno só poderia ocorrer no fim dessas etapas. Com isso, a tradição de dar notas e conceitos aos alunos caiu em desuso e muitas unidades de ensino passaram a encaminhar os resultados aos pais apenas no fim do ano letivo. Além disso, cada instituição adotava um formato para registrar o rendimento dos estudantes – notas, conceitos ou até mesmo a classificação de ótimo, bom, regular ou fraco.
Agora, no campo relacionado às disciplinas, aparecem os conceitos de A a E para artes, ciências, educação física, geografia, história, línguas portuguesa e estrangeira e matemática. Ao lado da nota, há uma legenda. O estudante que obtém A atingiu plenamente os objetivos propostos (de 80% a 100%); B, satisfatoriamente (de 60% a 79%); C, parcialmente (de 40% a 59%); D, minimamente (de 20% a 39%) e E não atingiu as metas. Em outra página, está a avaliação dos professores quanto às atitudes dos alunos, como a capacidade de ele se organizar e pôr em ordem seu material escolar, zelar pelos objetos coletivos, seu interesse em aprender e emitir opiniões, o comprometimento com a apresentação de atividades e cumprimento de regras e horários. Além disso, é avaliada sua habilidade de trabalhar em equipe, saber ouvir e respeitar os colegas.
O boletim pode ajudar, segundo a pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do primeiro processo avaliativo da Escola Plural, Ângela Dalben, a acabar com mal-entendidos envolvendo o projeto de ensino. “No início, tivemos uma série de problemas com o fim das notas: o aluno achou que não precisava mais estudar, os pais pensaram que a escola não avaliava mais os filhos e o professor acreditou que seus ensinamentos não tinham valor. Foi uma falha de concepção. Mas toda proposta pedagógica precisa de ajustes e é correto que a rede municipal esteja atenta a essas necessidades”, afirma.
Também autora do livro Singular ou plural? Eis a escola em questão, Ângela teme que a volta do boletim signifique o retorno das avaliações classificatórias. “A Escola Plural trouxe a ideia da avaliação formativa, que mede o processo de desenvolvimento do aluno partindo do ponto em que ele estava e analisando onde ele chegou. Portanto, se o boletim deixar de considerar o crescimento do aluno será um retrocesso. O modelo formativo é muito superior ao classificatório e a família precisa saber da situação do estudante. Assim, o boletim aparece como meio de informação”, acrescenta a pesquisadora. RESISTÊNCIA Apesar de registrar o aprendizado do aluno por meio de conceitos, a Escola Municipal Luiz Gatti, na Região do Barreiro, faz questão de detalhar a nota obtida em cada disciplina. “Nesses anos todos de Escola Plural, nunca abandonamos nosso modelo próprio de boletim. O conceito sozinho não é uma boa referência para os pais. Dizer que o aluno é A, ou seja, numa faixa de rendimento de 80% a 100%, é diferente de ele estar com 99 pontos ou com 81. O modelo implantado pela prefeitura é uma forma de mascarar o baixo desempenho do aluno e facilitar sua aprovação a qualquer custo”, diz a coordenadora pedagógica da escola, Dalva Pereira Costa.
ESCOLA PLURAL ORIGINAL - Implantada em 1995 nas escolas municipais de BH, a Escola Plural levantou a bandeira da garantia do direito à educação para todos, por meio da inclusão social. O ensino fundamental foi dividido em ciclos de idade: 1º (6 a 9 anos), 2º (9 a 12 anos ) e 3º (12 a 15 anos). Nos primeiros anos, a reprovação do aluno só poderia ocorrer no fim dessas etapas. A grande inovação do projeto pedagógico foi o trabalho do aluno como ser humano, que tem necessidades não só de aprendizado formal, mas também afetivas, culturais e sociais. A escola passou a ser encarada como espaço de promoção cultural e de cidadania. Mas, para os críticos do projeto, a forma foi privilegiada em detrimento do conteúdo e a educação formal foi prejudicada.


Desafios a serem vencidos

Estado de Minas, 26/03/2009 - Belo Horizonte MG


Muda o modelo da educação de Belo Horizonte, permanecem os desafios. Para vencer a barreira da qualidade do ensino e atingir as metas do Ministério da Educação, a rede municipal aposta em dois projetos: ampliar o atendimento de educação infantil e aumentar o tempo de permanência dos alunos na escola. Em audiência pública ontem, na Câmara Municipal, a Secretaria de Educação de BH garantiu a abertura de 40 mil novas vagas para crianças de até 5 anos e meio até 2012. O projeto Escola Integrada, que amplia a carga horária para nove horas de aula por dia, deve passar de 15 mil para 30 mil jovens beneficiados até o fim do ano. Segundo a secretária de Educação, Macaé Evaristo, a consolidação dos programas é determinante para melhorar os resultados nas avaliações. “Investir na educação infantil é fundamental, pois o acesso da criança à escola cada vez mais cedo se reflete numa melhor trajetória no futuro. E não adianta falar em qualidade, se as crianças não leem e não escrevem”, afirma. BH tem 47 unidades de educação infantil, com capacidade para atender 17 mil alunos. Para reduzir a taxa de reprovação escolar – hoje de 9,9% no ensino fundamental – a PBH promete investir no reforço escolar e na ampliação da jornada de estudos. “O reforço tem de ser contínuo o que é diferente da reprovação. A reprovação não é positiva por marcar a vida do estudante”, alerta a especialista da UFMG, Ângela Dalben.
BOM EXEMPLO

Muito além dos números e das letras, a escola abriu as portas da capoeira, do futebol e das artes para Pedro Enrique Rodrigues, de 8 anos. Aluno do 3º ano da Escola Municipal Monsenhor João Rodrigues de Oliveira, na Região Leste, ele conta com o apoio da mãe, Míriam, para ficar no colégio em tempo integral. “Os monitores ensinam o dever de casa e dão reforço quando os alunos não acompanham a turma. As atividades incentivam o aluno, que fica mais preparado”, diz Míriam

Ensino de metas sepulta Escola Plural

> Estado de Minas, 26/03/2009 - Belo Horizonte MG

Modelo que aboliu a reprovação e o boletim no nível fundamental da rede pública de Belo Horizonte dá lugar a projeto que busca melhores resultados na avaliação do MEC Glória Tupinambás Quase 15 anos depois de surpreender Belo Horizonte com o fim da reprovação e do boletim escolar, a polêmica Escola Plural sai de cena. Em seu lugar entra a escola de resultados, que dá prioridade absoluta ao cumprimento de metas e ações. Todas as mudanças no projeto de ensino da capital têm um objetivo único: tirar a cidade da nota vermelha no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Na última avaliação, aplicada pelo Ministério da Educação (MEC) para medir a qualidade do ensino fundamental, BH teve desempenho de 4,4 nos anos iniciais (do 1º ao 4º) e 3,4 na etapa final (do 5º ao 8º) – abaixo da média estipulada de 4,6 e 3,7, respectivamente. O novo modelo (veja quadro na página 22) foi defendido ontem pela secretária municipal de Educação, Macaé Evaristo, durante audiência pública na Câmara, mas é alvo de críticas de professores e especialistas
Os princípios e as diretrizes básicas da Escola Plural já vinham perdendo força nos últimos anos, mas, com a mudança de governo na capital, a nova equipe sepultou de vez o projeto pedagógico, a despeito de técnicos do município medirem as palavras ao tratar do assunto. Segundo Macaé Evaristo, a cidade tem hoje “uma escola pública da Prefeitura de Belo Horizonte”. Além de perder o rótulo, outras duas características marcam o fim do programa e o início de uma nova etapa. Em 2000, as taxas de reprovação e abandono escolar chegavam a apenas 5,8%. Em 2007, o índice de reprovados na rede municipal alcançou 9,9%, enquanto o abandono ficou na casa dos 3,4%. Outro ponto crucial da mudança é a padronização do boletim, que, no ano passado, trouxe de volta resultados da aprendizagem do aluno – medidos por conceitos e não mais por notas – e também detalhes do comportamento em sala de aula. A secretária deixa claro que a época é de transformações. “Precisamos considerar que cada tempo pede uma proposta, uma política pedagógica. Há princípios da Escola Plural que são universais da educação, como o direito de todos ao ensino, uma educação inclusiva e o respeito às diferenças. Isso está expresso na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e permanece. Mas, quanto a outras questões, ligadas à política educacional, estamos em outro momento. A cidade nos pediu isso, é hora de reconhecer o que precisava avançar e estamos trilhando um novo caminho”, diz Macaé.
Ela ainda enfatiza que uma das principais características da nova fase da educação é a busca por bons resultados em avaliações. “Temos metas bem estabelecidas para o ensino fundamental, que, hoje, estão colocadas não apenas para BH, mas nacionalmente. Trabalhamos com avaliações externas, como a Prova Brasil e o Ideb, e exames diagnósticos internos. Nossa prioridade é, objetivamente, construirmos uma educação que incida na melhoria da qualidade e que isso possa ser expresso não só nos processos de inclusão e tratamento das diferenças, mas também por meio de números e resultados do desempenho dos estudantes”, acrescenta. DISTORÇÃO A mudança de rumos mostra sua urgência quando são avaliados casos como o de Paulo e Bruna (nomes fictícios), ambos de 17 anos. Alunos da Escola Municipal Luiz Gatti, na Região do Barreiro, em BH, eles chegaram a pedir a reprovação por não se considerarem aptos a continuar na série seguinte. Mas tudo que conseguiram foi a reprovação do pedido. A reprovação foi autorizada pela coordenação pedagógica do colégio, mas técnicos da secretaria intervieram sob a alegação de que a direção da escola avaliou apenas o mau comportamento dos alunos em sala de aula, e não o nível de aprendizado deles. “Eu não fiz nada e não aprendi nada na 8ª série (do ensino fundamental). Seria melhor ter tomado bomba, pois não estou bem no 1º ano (do nível médio). Minhas maiores dificuldades são em português e matemática”, conta Paulo. Por vergonha do seu desempenho escolar, ele faltou a todas as aulas da primeira semana do ano letivo. “Os colegas sabiam que eu deveria continuar na 8ª série. Preciso aprender melhor. E acho que não vou nem perder tempo de tentar faculdade.”
Ao contrário de Paulo, Bruna sonha em fazer enfermagem. Mas a aluna do 3º ano do ensino médio teme não conseguir vencer o vestibular. “Tenho muito dificuldade em matemática e física e sinto que não entendo bem as aulas. Comecei a ter problemas na 6ª série e tenho certeza de que, se eu tivesse sido reprovada, como eu queria na época, hoje estaria melhor”, diz. Para a professora de português e coordenadora pedagógica do ensino médio, Érika Carvalho Siqueira, os alunos são prejudicados por não acompanhar o ritmo da turma. “Vemos problemas de autoestima dos estudantes, pois eles não acreditam no que fazem e duvidam da própria capacidade”, lamenta. Se a Escola Plural foi fonte de distorções e críticas, professores condenam, no entanto, a lógica imposta pelo novo sistema de avaliações. “A busca pela meta traz de volta a padronização e joga por terra a reflexão crítica sobre a educação voltada para a cidadania e da formação para a vida. Isso era o mais bonito da Escola Plural. Não queremos um aluno que simplesmente resolve problemas de matemática e domina as letras, mas não sabe conviver em sociedade. Se não há boas políticas públicas voltadas para a juventude e o aluno chega fragilizado à sala de aula, não é correto responsabilizar o jovem, a família ou os professores pelo seu fracasso nas avaliações”, defende a diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação Pública Municipal (Sind-Rede), Maria da Consolação Rocha.

Três mil alunos do Rio vão responder a pesquisa do IBGE sobre sua saúde em computadores de mão

Radiografia dos estudantes

O DIA - 24/03/2009
Rio - Alunos de 56 escolas das redes pública e particular começarão a responder, segunda-feira, à primeira pesquisa do IBGE focada nos jovens. O objetivo é identificar quais são os fatores de risco que acometem adolescentes entre 13 e 16 anos e, a partir disso, direcionar as ações do governo federal na área de saúde e bem-estar. O resultado da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) sai em dezembro.O questionário tem 104 perguntas sobre alimentação, atividade física, consumo de drogas, estrutura familiar e violência. Só alunos do 9º ano do Ensino Fundamental responderão. Para que a resposta seja a mais sincera possível, eles responderão direto no computador de mão e não a entrevistadores. “Há perguntas sobre consumo de drogas, por exemplo, que poderiam deixá-los inibidos. Por isso os computadores serão operados por eles”, explicou a coordenadora da pesquisa, Maria Isabel Mendes. Em todo o País, o IBGE ouvirá 70 mil alunos, que também serão medidos e pesados. Desses, 3 mil são do Rio. Para os diretores dos colégios, o questionário será sobre a infraestrutura das unidades.Ontem, alunos da Escola Municipal República do Peru, no Méier, tiveram uma prévia. Todos quiseram participar. “As perguntas são fáceis e falam de assuntos a que estamos acostumados. Responder sozinho também dá mais segurança”, contou Beatriz Barbosa, 14, que garantiu não ter ficado encabulada. A mãe dela, Marisa Gomes, aprovou: “Os jovens já falam sobre tudo com a maior naturalidade.”

terça-feira, 24 de março de 2009

IBGE começa a coletar dados sobre saúde dos estudantes

Thaís Leitão Repórter da Agência Brasil


Rio - A partir de hoje (23), cerca de 500 pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começam a coletar dados sobre a saúde dos estudantes. Pela primeira vez, o órgão vai investigar aspectos relacionados às práticas alimentares e às atividades físicas, ao consumo de álcool e drogas, ao envolvimento com episódios de violência e à sexualidade dessa parcela da população. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense 2009) será realizada em parceria com os ministérios da Saúde e da Educação e os resultados devem ser divulgados até dezembro deste ano. De acordo com a coordenadora do levantamento, Maria Isabel Fernandes, os dados vão nortear o desenvolvimento de políticas públicas específicas para jovens e adolescentes. “O objetivo do estudo é identificar e monitorar os fatores de risco a que os jovens estão submetidos, como propensão a doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo. Com os dados em mãos, políticas públicas serão traçadas”, explicou.Segundo ela, ao todo 70 mil alunos da 8ª série ou 9º ano do ensino fundamental, em 1.504 escolas públicas e privadas de todas as capitais brasileiras, devem responder ao questionário, que é formado por 104 perguntas. Os estudantes também serão pesados e medidos. Maria Isabel Fernandes destaca que a participação dos alunos será sempre voluntária e não haverá qualquer tipo de identificação.Outra novidade da realização da coleta de dados é a utilização de computadores de mão pelos informantes. O IBGE já utiliza esse tipo de equipamento, que em outros levantamentos é operado pelo pesquisador. De acordo com o instituto, a medida deve garantir maior veracidade às informações, já que reduz o grau de constrangimento dos alunos ao responder a determinadas perguntas, como se já fez uso de drogas ou álcool e com qual freqüência, ou ainda se usou preservativo na última relação sexual.A coordenadora da pesquisa ressaltou que caso o aluno não queira responder alguma questão, poderá deixá-la em branco. Para evitar problemas com os pais dos alunos, foram realizados encontros para explicar o objetivo do estudo e reforçar que será garantido o anonimato dos participantes. De acordo com o cronograma, os primeiros questionários começam a ser aplicados hoje (23) nas capitais do Acre, Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Piauí. Até 15 de junho, todas as outras capitais deverão ter recebido a visita das equipes do IBGE.

Fundeb tem aumento de 19,2% em 2009

CNTE
Pela lei 11.738, índice se aplica ao reajuste do Piso Salarial do MagistérioPor meio da Portaria nº 221, publicada no Diário Oficial da União, em 10 de março, o Ministério da Educação estabeleceu o valor anual mínimo nacional por aluno do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a viger no presente ano, com efeitos retroativo a 1º de janeiro de 2009.

O reajuste aplicado ao antigo valor mínimo foi de 19,2%, e a receita do Fundo deve alcançar - segundo estimativas do MEC - R$ 81 bilhões ao longo de 2009. Destes, R$ 76,8 bilhões serão oriundos dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e R$ 5 bilhões da União.
Também de acordo com o MEC, o atraso na divulgação do valor per capta do Fundeb se deu em razão da indefinição sobre as previsões de arrecadação tributária dos entes federados. Há temores de que a crise financeira internacional atinja fortemente a economia real e, conseqüentemente, a arrecadação de impostos no país. Diante disso, a Portaria Ministerial, em seu art. 2º, parágrafo 1º, prevê possíveis ajustes no valor mínimo do Fundeb, caso ocorra diminuição na arrecadação. O mesmo se aplicará em casos de incremento tributário.
Em 2009, o Fundeb atingiu a plenitude das matrículas de alunos e de receita dos estados, DF e municípios. Em 2010, o Fundo se integralizará com a soma de 10% à sua receita primária (R$ 7,6 bilhões a preços atuais) da complementação da União aos entes federativos que se encontrarem abaixo do valor mínimo nacional – hoje são nove: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Outros cinco poderão receber verba suplementar do governo federal: RN, RJ, PR, SE e GO. O elo entre o Fundeb e o piso salarial nacional do magistério
De acordo com o art. 5º da lei 11.738, de 16 de julho de 2008, que instituiu o piso salarial do magistério público da educação básica, a correção do Piso deve pautar-se pelo mesmo percentual de reajuste do valor mínimo nacional do Fundeb. Assim, o valor de R$ 950,00, definido para 2008, passa a ser de R$ 1.132,40 em 2009. É preciso destacar que o projeto de lei nº 3.776/08, que visa instituir o INPC/IBGE como índice de reajuste do Piso, ainda não foi concluído na Câmara e também deverá tramitar no Senado.
Ocorre, no entanto, que muitos gestores, com base no julgamento da liminar da Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a lei do Piso, movida pelos governadores do RS, SC, PR, MS e CE (com o apoio de José Serra-SP, Aécio Neves-MG, José Roberto Arruda-DF, Marcelo Miranda-To e José de Anchieta Jr-RR), tendem a desconsiderar o reajuste de 19,2%, sob a alegação de que a decisão do STF teria alcançado este dispositivo da Lei. Para a CNTE, no entanto, este ponto encontra-se inabalável, devendo, sim, o reajuste ser aplicado retroativamente a janeiro.
Além da controvérsia sobre o reajuste do Piso, em 2009, os poderes executivos, com base na omissão do STF em publicar o acórdão sobre a decisão da liminar à ADI 4167, questionam, ainda, a forma de integralização do valor do piso - se R$ 950,00 como remuneração bruta em 2009, uma vez que o conceito de vencimento a que se amparava a integralização do piso foi desconsiderado pelo Tribunal, até julgamento do mérito da ação; ou se na forma progressiva, acrescendo à remuneração de dezembro de 2008 dois terços da diferença entre a antiga remuneração e o valor do Piso em 2009.
Independente da decisão do STF, a qual consideramos seus efeitos a título de integralização do valor, corrigido pelo índice do Fundeb, podendo ser pago na forma de remuneração até julgamento da ADI 4167, a luta da CNTE é pela aplicação integral da Lei, ou seja, por um piso salarial vinculado ao vencimento inicial de carreira dos entes federados e à luz de uma jornada de trabalho de, no máximo, 40 horas semanais, compreendendo, no mínimo, 1/3 (um terço) de hora-atividade extra-sala.
Mobilização da categoria
No próximo dia 2 de abril, a CNTE realizará um grande ato público em frente ao STF para exigir o cumprimento da lei do piso salarial do magistério, a publicação do acórdão da liminar da ADI 4167 e seu julgamento de mérito. Na ocasião, também será cobrada a publicação do acórdão da ADI 3772, que diz respeito à contagem do tempo de aposentadoria especial do magistério para atividades de direção escolar, coordenação e assessoramento pedagógico.
Já em 3 de abril, a Confederação realizará reunião de seu Conselho Nacional de Entidades – segunda maior instância deliberativa da CNTE – para decidir a data e a duração da greve nacional pelo piso salarial do magistério. A aprovação dos projetos de lei que preveem a compatibilidade dos investimentos educacionais em âmbito da LRF é outra pauta que merecerá a atenção dos educadores.

Comissão especial aprova aumento de recursos para a Educação

Tempo real - 24/03/2009 15h35

Reportagem - Edvaldo Fernandes
Edição - Marcos Rossi

'Agência Câmara'

Foi aprovado há pouco o substitutivo do deputado Rogério Marinho (PSB-RN) à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 277/08, que prevê o fim da Desvinculação de Receitas da União (DRU) incidente sobre os recursos destinados à Educação.A proposta vincula os gastos com educação ao Produto Interno Bruto (PIB) e estabelece uma redução gradativa do percentual de recursos retidos com a DRU, até que a incidência cesse em 2011. A principal mudança do substitutivo em relação ao texto original da PEC foi a extensão da educação obrigatória e gratuita para a população de 4 a 17 anos. Atualmente, a regra vale apenas para crianças de 6 a 14 anos.O relator, cujo parecer já havia sido discutido em 10 de março na comissão especial que analisa a proposta, fez pequenas alterações no texto por meio de complementação de voto, apresentada hoje.A presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputada Maria do Rosário (PT-RS), defendeu a rápida aprovação da proposta em Plenário e disse que isso vai viabilizar o encaminhamento de vários projetos na área que dependem de financiamento.

domingo, 22 de março de 2009

Cota para elite da escola pública cria polêmica

O GLOBO
Publicada em 21/03/2009 às 19h42m

Demétrio Weber
BRASÍLIA - Elite do ensino brasileiro, os estudantes das escolas técnicas federais e dos colégios militares e de aplicação também terão direito a cotas, caso o Senado aprove projeto de lei em análise na Comissão de Constituição e Justiça. Diferentemente do que ocorre nas redes estaduais e municipais, as escolas federais tiram notas mais altas que as particulares nas avaliações do Ministério da Educação (MEC).
O projeto de cotas, que já passou pela Câmara, reserva 50% das vagas das universidades federais a alunos da rede pública, sem distinção. Assim, se a proposta virar lei, um estudante que tenha cursado o ensino médio no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp UFRJ) poderá fazer vestibular para medicina pelo sistema de cotas, isto é, concorrerá apenas com egressos da rede pública.
O CAp UFRJ está entre as escolas com nota mais alta no Exame Nacional de Desempenho do Ensino Médio (Enem) de 2007, atrás apenas de seis colégios particulares. Na média, as federais também tiveram melhor desempenho em português e matemática na última prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do MEC.
O mesmo ocorre no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador do governo para medir a qualidade do ensino. O Ideb das federais, no ensino médio, é 5,7, numa escala até 10, contra 5,6 das privadas. Nas redes estaduais e municipais, é de 3,2.
- Mais de 90% de nossos alunos entram na universidade pública - diz o diretor-adjunto de Ensino do CAp UFRJ, Rowilson Silva.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, diz que a Câmara tentou corrigir o problema, acrescentando um critério socioeconômico: metade dos cotistas deverá ter renda familiar inferior a um salário mínimo e meio por pessoa. Ainda assim, alunos das escolas federais com renda superior poderiam disputar parte das vagas.
Para Haddad, a redação ficou confusa e o projeto deve voltar à Câmara. Senadores petistas querem aprovar a proposta do jeito que está, o que inclui reserva de vagas para alunos pretos, pardos e índios:
- É quase inevitável que volte à Câmara - diz o ministro da Educação.

sábado, 21 de março de 2009

Município do Rio tem 25 mil estudantes considerados analfabetos funcionais

Publicada em 20/03/2009 às 23h47m
O Globo com informações do Jornal Nacional
RIO - A Prefeitura do Rio promete que os 25 mil alunos que foram considerados analfabetos funcionais no provão que avalia a capacidade de leitura de alunos dos quarto, quinto e sexto anos da rede municipal. Duzentos e dez mil alunos fizeram a prova, que reprovou 14%. Segundo o IBGE, em todo o país, os brasileiros que não compreendem o que leem somam um quinto da população com mais de quinze anos de idade.
Por que um aluno que frequenta a sala de aula não consegue aprender? Esta é uma pergunta que faz professores, diretores, estudiosos da área da educação procurarem respostas. E não existe uma só. A solução depende de muitas mudanças e todos concordam que a escola, como é hoje, anda precisando de uma boa transformação.
- A garotada fica bombardeada por esses recursos de mídia, de tecnologia, quando ela chega para se alfabetizar, fica presa ao lápis, ao papel, ao livrinho, ao texto então era bom que a escola abrisse um pouco mais as portas para a inovação - opina Eloiza Oliveira, professora UERJ.
- Cada criança tem o direito, tem a chance de ser alfabetizada antes de chegar aos 8 anos de idade - declara Marie-Pierre Poirier, representante do Unicef no Brasil.

40,5% das escolas estaduais com ciclo de 1ª a 4ª atingem metas do governo de SP

18/03/2009 - 13h57

Folha Online

Balanço do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) divulgado nesta quarta-feira mostra que 40,5% das escolas com ciclo de 1ª a 4ª série do ensino fundamental --administradas pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo-- atingiram suas metas de melhoria de qualidade de ensino. Entre as escolas de 5ª a 8ª série, 44,8% atingiram suas metas.
Mesmo com esses números, a pasta comemorou o resultado tendo como base que 71,4% das escolas estaduais atingiram uma ou todas as suas metas. De acordo com a secretária Maria Helena Guimarães de Castro, a melhoria do ensino não acontece "por milagre" e que não é adequado comparar os índices "com países como a Finlândia".
No ano passado, somente 7 das 5.183 escolas estaduais paulistas obtiveram qualidade de ensino equivalente ao verificado na Finlândia. A secretária caracterizou os resultados de 2008 como "ótimos".
Segundo a pasta, das 379 escolas que tiveram o pior desempenho em 2007 --o equivalente a 5% das 5.183 escolas administradas pela pasta-- 72% cumpriram ou superaram a meta de 1ª a 4ª série; de 5ª a 8ª, 82,4%.
O índice é calculado com base em dois dados: notas de português e matemática (4ª e 8ª séries e do 3º ano) do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), cujo resultado será divulgado no início de abril, e a taxa de alunos que estudam em séries indicadas para a sua idade --e que podem sofrer variação caso haja repetência e evasão, por exemplo.
Segundo Castro, o objetivo do índice não é comparar uma escola com a outra, mas ter um "termômetro" de cada instituição de ensino.
Bônus
Questionada sobre os valores que serão pagos aos cerca de 300 mil servidores da pasta, Castro informou que essa informação só será divulgada na semana que vem.
Segundo a secretaria, a bonificação será sempre equivalente à porcentagem da meta alcançada. Se a escola atingir 50% de sua meta, seus funcionários receberão 50% do bônus. Se a escola chegar a 10% da meta, seus funcionários receberão 10% do bônus, e assim por diante. Os professores também foram avaliados no número de faltas.
Se o docente cumprir toda a carga horária, receberá o bônus completo. Se apenas 50% da carga for cumprida, por exemplo, receberá metade.
Caso a escola consiga resultados melhores que a meta anual, eles podem ter acréscimo de até 20% do valor total.
Para verificar a nota que sua escola tirou no Idesp, o servidor precisa acessar o site idesp.edunet.sp.gov.br. No endereço, é preciso clicar no link "Boletim da Escola". Nessa página, o servidor deve digitar o nome de sua escola ou encontrá-la por meio do nome de sua coordenadoria, diretoria ou município.

Sexto ano é o que registra mais analfabetos funcionais

O DIA - 21/03/2009

Série tem o maior número de alunos da rede municipal incapazes de interpretar frases. Secretária responsabiliza aprovação automática

O 6º ano do Ensino Fundamental tem o maior número de analfabetos funcionais da rede municipal. Com base em prova de Português, semana passada, a Secretaria Municipal de Educação identificou 11.078 alunos capazes de identificar letras, mas sem condições de formar palavras e interpretar frases. Aos 11 anos, a idade-padrão, deveriam produzir redação, contar histórias e ler textos complexos. Incluindo as turmas de 4º e 5º anos, o total de analfabetos funcionais passam de 25 mil. Ontem, 635 mil alunos da rede voltaram a fazer provas de avaliação.
O desastre no 6º ano, segundo a secretária Cláudia Costin, é resultado da aprovação automática, implantada no governo Cesar Maia. Os alunos passavam automaticamente nos 4º e 5º anos, mas no 6º havia reprovação. “Houve represamento. Por isso, o analfabeto funcional ficava lá”, observa

quarta-feira, 18 de março de 2009

Reprovar não resolve

Revista Carta na Escola, Edição 34



O medíocre desempenho de alguns alunos embasa as críticas à “aprovação automática”, mas a experiência mostra que faz mais sentido manter o sistema de ciclos By Rodrigo Martins Sorridente, calmo e comunicativo, Ítalo Gomes de Jesus, de 14 anos, é considerado um aluno obediente e esforçado, sempre disposto a acompanhar com atenção as aulas da Escola Municipal Oliveira Viana, no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo. Apesar do empenho, ele só conseguiu se alfabetizar no fim do ano passado, após passar por aulas de reforço. Ainda assim apresenta dificuldade para formar palavras com sílabas de pronúncia semelhante. “Gosto muito da escola, mas essas letras são confusas”, justifica-se o garoto, que de tão franzino aparenta ter menos de 10 anos. Diante do problema de aprendizagem, Ítalo ficou retido por dois anos antes de avançar à segunda etapa da educação fundamental (do 5º ao 9º ano, antiga 8ª série). Na sala de aula, hoje, convive com estudantes dois anos mais jovens. Mas, se estivesse matriculado numa escola do sistema seriado, com avaliações anuais, certamente estaria mais atrasado. Seu nível de alfabetização, comentam os professores, é condizente com o de um aluno do segundo ano do ensino fundamental, e não do sexto. Por essa razão, talvez Ítalo estivesse dividindo os bancos escolares atualmente com estudantes de 7 ou 8 anos, metade da sua idade. Ou pior, poderia ter abandonado os estudos. “Conheço bem essa história. Estou há 30 anos nesta escola e já trabalhei no modelo seriado. Depois de ser reprovado pela segunda ou terceira vez, o aluno não volta mais. Provavelmente, o Ítalo jamais seria alfabetizado”, comenta Jucileide Mauger, diretora da escola. O progresso do jovem só foi possível porque sua escola aderiu aos ciclos de progressão continuada, criados com o propósito de combater a repetência e a evasão escolar. Pelo sistema, o aluno só pode ser reprovado ao término de cada etapa, que pode variar de dois a quatro anos, dependendo do modelo adotado pela rede de ensino. E muitas escolas, a exemplo da Oliveira Viana, aprovam a passagem de um aluno com deficiência de aprendizagem de um ciclo para outro, de forma a garantir que ele conviva com estudantes de idade semelhante e não fique muito para trás. A adoção do sistema não garante um desempenho escolar superior, mas trouxe importantes avanços em termos de inclusão nos lugares onde foi implantado (cerca de 30% das escolas públicas do Brasil adotaram a progressão continuada, segundo o Censo Escolar de 2006, o último a separar os dados dos diferentes modelos). O estado de São Paulo, por exemplo, foi um dos primeiros a aderir aos ciclos, em 1998. De lá para cá, a taxa de abandono no ensino fundamental caiu de 4,6% para 1,4%, o menor índice da história. No ensino médio, a melhora também foi significativa. Em dez anos, a evasão escolar reduziu-se à metade (5,4%). A experiência da maior rede pública do País não é um caso isolado. Dados do Ministério da Educação comprovam que as escolas que adotaram os ciclos têm taxas de abandono e reprovação bem inferiores às demais (gráfico nesta página). Mas, apesar dos avanços, o modelo de progressão continuada é alvo de fortes ataques. A cada nova eleição, surgem críticas ferozes ao sistema, apelidado de “aprovação automática”. Recentemente, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), cumpriu uma promessa de campanha. Extinguiu, por decreto, dois dos três ciclos previstos para a educação fundamental na cidade e encarregou a secretária de Educação, Claudia Costin, de rever o modelo. Os ciclos foram adotados na rede municipal em 2007, na gestão de Cesar Maia (DEM). A reação aos ciclos não encontra eco apenas na seara política. Em janeiro, o promotor Fausto Luciano Panicacci obteve na Justiça uma tutela antecipada para impedir a progressão continuada nas escolas públicas de ensino fundamental de Várzea Paulista, um município do interior de São Paulo com cerca de 100 mil habitantes. Por determinação da juíza Flávia Cristina Luders, as escolas municipais e estaduais da cidade foram obrigadas a voltar ao modelo de séries, reprovando os alunos que não comprovarem ter aprendido ao menos 50% do conteúdo de cada disciplina durante o ano, sob pena de multa diária de 10 mil reais por estudante.
Na ação civil pública, o promotor Panicacci destaca relatos de diretores de escolas públicas que admitiram possuir “alunos concluintes do ensino fundamental com graves deficiências de leitura e escrita e que não absorveram os conhecimentos básicos exigidos”. Mais adiante, ele destaca o trecho de um texto escrito por um aluno da 8ª série de uma das escolas locais: “Estou de convidando para pasar algos dias em minha casa. Para você conhece a cidade e os pontos turístico. Traga sua família para conheser tamen vocês vam figar em minha casa (...)”.
Diante da argumentação da Promotoria, a juíza Luders pontuou na sentença que é “fácil constatar que a atual política de ensino não tem sido satisfatória e não tem cumprido aquilo que foi idealizado pela Constituinte, quando se pretendeu assegurar o direito à educação”. Em entrevista à CartaCapital, o promotor Panicacci esclareceu que a ação não visa simplesmente a volta do sistema seriado. “Há um consenso entre os educadores de que o sistema de ciclos representa um avanço, por diminuir a evasão escolar e a repetência”, pondera. “Mas, do jeito que está, não traz benefício algum. Só serve para maquiar as estatísticas educacionais. É preciso modificar a estrutura da escola para que os ciclos funcionem, com salas menores, professores mais capacitados, aulas de reforço e acompanhamento individualizado aos alunos”, completa.
Na mesma direção segue a argumentação da secretária de Educação do Rio. “Pessoalmente, sou favorável aos ciclos. A experiência internacional mostra que a progressão continuada pode ser excelente, tanto que a maioria dos países da Comunidade Europeia adotou o modelo. Mas por aqui eles foram implantados sem discussão com os professores e sem modificar as condições das escolas”, avalia Claudia, ex-secretária de Cultura do Estado de São Paulo. “Criamos um grupo de trabalho para reavaliar esse modelo até o fim do ano. Não pretendemos retroceder, substituir a ‘aprovação automática’ pela ‘reprovação automática’. A escola tem de promover inclusão, mas também tem a função de ensinar.” A secretária determinou que todas as 1.062 escolas da rede municipal iniciassem o ano letivo de 2009 com uma ampla revisão nas disciplinas de português e matemática nos primeiros 45 dias. “A ideia é identificar as deficiências de cada aluno para evitar que ele siga sem aprender e venha a ser reprovado no fim do ano”, diz a secretária. “É justamente isso que hoje falta aos ciclos de progressão continuada, um acompanhamento mais individualizado dos alunos, com aulas de reforço para grupos reduzidos e avaliação constante.”
Para muitos educadores, a medida é um tiro no pé. “Não há nenhum estudo ou avaliação que comprove que o desempenho dos alunos do sistema de ciclos é inferior ao do modelo seriado. Mas há dezenas de pesquisas que mostram como a progressão continuada combateu com êxito a cultura da repetência e a evasão escolar”, afirma Sandra Zákia Sousa, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). “Historicamente, a reprovação aparece como um mecanismo de controle disciplinar. Com os ciclos, isso desaparece. O aluno precisa ser motivado. Perceba que o conteúdo não pode ser o mesmo, o professor deve buscar exemplos próximos da realidade dos estudantes. O desafio é maior. Muitos preferem tirar o bode da sala. Se tem dificuldade de aprender, é reprovado. O sistema seriado só é mais excludente, não garante qualidade de ensino.”
Um dos poucos estudos dedicados a comparar o desempenho dos alunos dos dois sistemas foi publicado, em dezembro de 2008, pelos pesquisadores Sérgio Werlang, Lígia Vasconcellos e Roberta Biondi, do Banco Itaú, e por Naércio Menezes Filho, da USP e do Ibmec. Ao comparar as médias de 23 mil escolas estaduais na Prova Brasil, exame que avalia os alunos da rede pública de ensino fundamental, eles constataram uma ligeira vantagem para o sistema de ciclos. A diferença variava de 0,9% (na prova de matemática na 8ª série) a 4,4% (na avaliação de língua portuguesa da 4ª série). Para saber se o resultado não se devia a outros fatores, os pesquisadores incluíram variáveis socioeconômicas na análise, como a renda familiar dos alunos e o grau de escolaridade dos pais. A partir de então, a balança pendeu para o outro lado. Na 4ª série, as notas dos estudantes de escolas seriadas eram 1% superiores, diferença dentro da margem de erro da pesquisa. Entre os alunos concluintes do ensino fundamental, o descompasso foi pouco maior (1,4% em português e 1,8% em matemática). “A conclusão é que a disparidade no desempenho é mínima, se comparada aos avanços na evasão escolar e na economia de recursos para as escolas. A progressão continuada não piora nem melhora a qualidade de ensino”, afirma a economista Lígia Vasconcellos, uma das autoras do estudo.
Mas, se o sistema de progressão não interfere na qualidade de ensino, o que explica a existência de alunos com 14 anos que mal sabem ler e escrever? Para o educador Miguel Arroyo, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais e ex-secretário adjunto de Educação da prefeitura de Belo Horizonte, a calamitosa qualidade do ensino público se deve a fatores como a baixa capacitação dos professores, às salas de aula superlotadas, à estrutura precária das escolas e ao baixo investimento estatal. “A cultura da repetência só tem uma finalidade: selecionar e segregar. Não é à toa que os alunos mais pobres, principalmente os negros, são as maiores vítimas da reprovação”, afirma.
De acordo com Arroyo, a progressão continuada parte do princípio de que, ao educar, é preciso respeitar os ciclos da vida, como a infância, a pré-adolescência, a adolescência, a juventude. Deve-se, portanto, garantir a todos tempo suficiente para aprender com os colegas da mesma idade. “É absolutamente normal que uma criança possa ter mais ou menos facilidade para aprender um conteúdo. O que não é normal é forçar um adolescente de 14 anos a conviver com uma criança de 6 anos”, afirma o professor. “De que adianta repetir os mesmos conteúdos para ele, da mesma forma como se ensina a uma criança, se ele está em outra fase da vida? Isso seria tão absurdo como dar a mesma dosagem de um determinado medicamento a um adulto e a um bebê.” Arroyo é um dos idealizadores da Escola Plural, uma inovadora proposta pedagógica apresentada, em 1994, pela Secretaria Municipal de Educação da capital mineira. O programa modifica a organização do trabalho escolar, propõe o rompimento com os processos tradicionais de ensino baseados na concepção cumulativa e de transmissão de conhecimentos e elimina os instrumentos de reprovação escolar. “Isso não significa que estamos aprovando automaticamente uma criança. Para o sistema funcionar, a avaliação é constante. Devemos mudar a forma de lecionar e encarar o aluno”, alerta o educador. “Um menino pobre não tem a mesma leitura de mundo de um menino rico. Um garoto que mora na favela pode ter uma noção muito mais ampla sobre o que é o desemprego e a desigualdade social do que outro que more num condomínio fechado. E esse conhecimento deve ser valorizado pelo professor”, acrescenta.
O Ministério da Educação não se posiciona nem a favor nem contra os ciclos, até para evitar rusgas com os estados e municípios, que têm autonomia para definir o próprio modelo. Mas, dentro da administração federal, há grandes defensores da progressão continuada. É o caso da secretária de Educação Básica, Maria do Pilar Lacerda, que participou da implantação do projeto Escola Plural em Belo Horizonte. “Eu já dei aula e peguei muitas vezes turmas com alunos multirrepetentes, que estavam diante do mesmo conteúdo pela quarta vez. Qual é o sentido de obrigar um aluno com problemas de aprendizagem a esse suplício, sabendo que ele poderá abandonar a escola? Isso é tão incoerente como um hospital rejeitar pacientes que não se curam rapidamente ou colocar uma faixa na entrada: ‘Aqui só atendemos pessoas saudáveis’. A escola é um direito de todos, e não só dos melhores alunos.”
Segundo a secretária, um dos maiores desafios da escola, hoje, independentemente do sistema de progressão adotado, é reformular o currículo, repensar os conteúdos mínimos que todos os alunos devem ter. “O nosso currículo é o mesmo de meados do século XX. A escola repassava esses conhecimentos e os alunos eram obrigados a absorver, como se fossem caixas vazias. Buscava-se, então, a média. De que adianta um estudante decorar todos os afluentes do rio Amazonas se, em sala de aula, ele não é capaz de se localizar, saber onde está o Norte e o Sul? Que tipo de conhecimento é indispensável? Está na hora de voltarmos a discutir essa questão.” Maria de Salete Silva, coordenadora do Programa de Educação do Unicef para o Brasil, destaca outro aspecto que está sendo negligenciado: a avaliação. “Não importa se o aluno está numa escola de ciclos ou numa escola seriada, a avaliação deve ser criteriosa e fazer parte do dia-a-dia”, opina. “Tão errado como aprovar automaticamente um aluno é reprová-lo indistintamente. A reprovação não educa. Se educasse, o Brasil estaria entre os países com melhor nível educacional do mundo. A avaliação serve para que o professor possa identificar as dificuldades dos alunos e intervir rapidamente, com aulas de reforço e atividades extraclasse, por exemplo.” Nem sempre a preocupação dos professores em avaliar constantemente os alunos e identificar com celeridade os problemas de aprendizagem garante a qualidade de ensino. Na Escola Municipal Oliveira Viana, na periferia da capital paulista, os professores montam verdadeiros dossiês sobre os alunos, relatando os conteúdos apreendidos, as deficiências de aprendizado, o comportamento em sala de aula e mesmo problemas de natureza familiar, como a existência de pais alcoólatras ou de um histórico de violência doméstica. Nem por isso é possível evitar situações como a do jovem Ítalo, relatadas no começo da reportagem, que aos 14 anos ainda confunde as sílabas ao escrever palavras simples, como pipoca.
“Só temos uma sala de apoio pedagógico equipada para dar aulas de reforço na escola. Dos seis computadores da sala, somente três funcionam”, comenta a professora Célia Aparecida Ribeiro Ornaghi, de 50 anos. “Mas conseguimos grandes avanços. O Ítalo tem dificuldades, mas aprendeu a escrever um pouco. O que aconteceria se ele tivesse abandonado a escola?” Com 30 anos de experiência no colégio, a diretora Jucileide Mauger diz ter visto muitos de seus alunos trocarem os bancos escolares pelo crime e o tráfico de drogas. “Há dez anos, quando a violência explodiu na periferia e a ONU elegeu o Jardim Ângela como o bairro mais violento do País, eu tinha de negociar com bandidos a vida de alunos jurados de morte. Alguns estudantes entregavam a arma para mim no início das aulas e a pegavam de volta ao sair do colégio, não podiam ficar desarmados.”
A volta por cima, diz a diretora, só foi possível quando os educadores e líderes de organizações não-governamentais atuantes na região se uniram para colocar os jovens em ambientes seguros, como a escola, que passou a promover festivais de rap. Mais ou menos nessa mesma época, Jucileide tomou a iniciativa de fazer um censo escolar no bairro e convidar quem havia abandonado a escola a voltar aos estudos. “Tínhamos cinco classes noturnas e passamos a ter quinze.” Jucileide tem para contar várias histórias de sucesso, fruto de sua iniciativa. “Não faz muito tempo apareceu um rapaz que eu não via há muito tempo. Ele repetiu as séries iniciais da escola, abandonou os estudos e só voltou depois que fizemos aquele censo no bairro. Hoje é chefe de uma empresa de segurança. E veio todo contente me contar que vai iniciar o curso de Direito na faculdade”, conta a educadora, sem esconder o sorriso.

Especialistas discutem validade de programas de recompensa a alunos

Folha de São Paulo, 16/03/2009 - São Paulo SP

Por LISA GUERNSEY


Psicólogos desaconselham há décadas premiar ou dar dinheiro a crianças por sua performance escolar. Recompensas "extrínsecas", dizem -por exemplo, um brinquedo para uma criança de quatro anos que decora o alfabeto ou dinheiro para as que têm notas boas na escola- podem prejudicar a alegria de aprender pelo simples bem de aprender e podem até incentivar fraudes. Mas muitos economistas e empresários discordam, e as opiniões deles frequentemente acabam prevalecendo no mercado educacional. Programas de recompensas estão em funcionamento em muitas cidades norte-americanas. Em algumas, estudantes podem ganhar centenas de dólares por fazer cursos e tirar notas boas. Se esforços desse tipo funcionam ou se têm resultados inversos aos desejados "ainda é uma discussão que esquenta os ânimos", disse Barbara Marinak, professora-assistente de educação na Universidade Pennsylvania State, que se opõe ao uso de prêmios como incentivos. A questão costuma suscitar debates entre pais. E um novo foco sobre a reforma escolar está levando pesquisadores a coletar mais dados que talvez indiquem quando e se as recompensas funcionam. "Precisamos ultrapassar nossas ideias preconcebidas", disse Roland Fryers, economista da Universidade Harvard que está elaborando e testando vários programas de recompensas. "Felizmente, o método científico nos permite identificar a maioria dessas ideias e deixar que os dados falem por si sós." O que está claro sobre os programas de recompensas é que estão proliferando. Em Nova York e Dallas, estudantes do ensino médio são pagos por bons resultados nos exames de um programa chamado Colocação Avançada. Em Nova York, as recompensas em dinheiro vêm do grupo de reforma educacional Recompensando as Realizações. O programa de Dallas é organizado pelo grupo texano sem fins lucrativos Estratégias de Colocação Avançada. Os resultados do primeiro ano do programa Colocação Avançada em Nova York mostraram que os desempenhos nas provas continuaram iguais, mas que mais alunos passaram a fazer os exames, disse o diretor do programa, Edward Rodriguez. Em Dallas, os alunos recompensados têm notas mais altas nas provas vestibulares e se matriculam na faculdade em grau maior do que os outros, segundo Kirabo Jackson, professor-assistente de economia na Universidade Cornell, em Ithaca, Nova York, que escreveu sobre o programa no periódico "Education Next". Mesmo assim, muitos psicólogos avisam que as recompensas podem funcionar a curto prazo, mas ter efeito prejudicial mais adiante.
Um dos primeiros estudos sobre o assunto foi publicado em 1971 por Edward Deci, psicólogo da Universidade de Rochester, Nova York. Segundo o estudo, a partir do momento em que os incentivos foram interrompidos, os estudantes passaram a demonstrar menos interesse por seus estudos do que aqueles que nunca tinham recebido recompensas. O que causa a perda de motivação? Alguns teorizam que as crianças, mesmo as em idade pré-escolar, percebem que alguém está tentando controlar seu comportamento. A reação é resistir a esse controle. "Uma das questões centrais é analisar como as crianças processam tudo isso", ponderou o psicólogo Mark Lepper, da Universidade Stanford. "Será que pensam 'estão me subornando'?" Já economistas argumentam que, no caso de alunos que vão mal nos estudos, vale tentar tudo, inclusive recompensas. "Eles podem se esforçar mais e, quem sabe, descobrir que não são tão ruins assim nos estudos", disse Jackson, de Cornell. "E podem aprender métodos de estudo que sejam úteis ao longo do tempo."

As mazelas da educação

> Diário Catarinense, 18/03/2009 - Florianópolis SC

Editorial

Três questões aparecem como os principais problemas da educação pública brasileira, segundo a opinião dos entrevistados de uma pesquisa que o Ibope realizou para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e para a Rede Globo, em parceria com o movimento Todos pela Educação. São elas, no plano nacional, pela ordem, a desmotivação dos professores, a insegurança pública e a precariedade das instalações escolares. Na Região Sul, a ordem se inverte: a falta de segurança e a ameaça das drogas aparecem em primeiro lugar, seguidas da insuficiência das instalações e da falta de motivação dos professores, estes em geral desestimulados e mal pagos. Além dessas questões pontuais, a pesquisa permite uma visão de razoável abrangência da questão da educação no país. Embora a preocupação específica com a baixa qualidade de ensino e aprendizagem apareça apenas em sexto lugar na pesquisa, é dessa questão que se trata quando a população aponta para a existência de insegurança, precariedade das condições materiais ou degradação da função e da figura do professor.
Cada vez mais, os brasileiros estão conscientes da importância de enfrentar as mazelas que atrapalham o avanço do país nessa questão crucial para o desenvolvimento social e econômico. Neste sentido, a preocupação essencial deveria ser a qualidade do ensino, a responsabilidade da escola em atingir as metas nas salas de aula e a implantação de um ambiente de confiança e de saudável emulação. Tal preocupação, no entanto, é hoje acrescida de outras que, queira-se ou não, acabam incidindo negativamente na capacidade da escola de transmitir informação e de preparar as gerações para vencerem as etapas e superarem os desafios. As famílias, da mesma maneira que o restante da comunidade escolar, ao terem que se preocupar com a violência que cerca a escola ou com a presença de traficantes de drogas em suas portas, são necessariamente levados a dividir os esforços que normalmente deveriam ser direcionados para a qualificação do ensino.
Já a questão da desmotivação dos professores é, sim, tema central no quadro da qualidade do ensino. A desvalorização da atividade docente, a falta de estímulos para o crescimento profissional dos professores e os salários normalmente defasados e insuficientes fazem com que essa degradação se transfira ao ensino das atuais gerações e à própria reposição futura dessa mão-de-obra especializada e insubstituível. A pesquisa do Ibope apanha, assim, alguns dos fatores decisivos na complexidade da questão educacional brasileira. Mesmo que as conclusões do estudo não sejam necessariamente novas ou surpreendentes, elas confirmam a existência de causas individuais e de contextos genéricos que precisam ser enfrentados pelos governos e pela comunidade escolar. Há uma tarefa objetiva que, com sua complexidade, exige a participação, o esforço, a boa vontade e o talento de todos.

Estudo aponta os principais problemas da educação Básica

> Folha Dirigida, 17/03/2009 - Rio de Janeiro RJ


A desmotivação dos professores - muitas vezes ligada a má remuneração - é o principal problema da educação brasileira, de acordo com os dados de uma pesquisa sobre a Educação Básica Pública no Brasil, divulgados na última segunda, dia 16 de março, pelo movimento Todos pela Educação. O problema foi apontado por 19% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a falta de segurança / drogas nas escolas, que são apontados por 17%; falta de escolas (15%); falta de professores (12%); e falta de preparo dos docentes (11%). A pesquisa foi realizada pelo Ibope Inteligência, entre 5 e 8 de dezembro de 2008, para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o movimento Todos Pela Educação. Em relação à qualidade da Educação Básica, 60% dos entrevistados afirmam que ela está melhorando, 13% consideram o ritmo da melhora acelerado e para 47% os avanços ocorrem lentamente. Ainda segundo a pesquisa, 41% da população classifica a Educação Básica pública como ótima ou boa. Outro dado é a influência da renda familiar do entrevistado na avaliação. Quanto menor a renda familiar do entrevistado, melhor é a avaliação dele sobre a Educação. Outro ponto de destaque no levantamento é que nenhum dos entrevistados considera a falta de participação dos pais como principal problema do setor educacional. Participaram da pesquisa 2.002 eleitores com 16 anos ou mais em 141 municípios brasileiros.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Conselho escolar é pouco estimulado

Fonte: O Estado de S. Paulo, 16/3/2009

Desconhecimento, indiferença e rotatividade do corpo docente são alguns dos problemas apontados
Os conselhos escolares já estão presentes em praticamente todas as unidades da rede estadual e municipal de São Paulo, mas, segundo especialistas, ainda não conseguem desempenhar plenamente seu papel de promover a gestão democrática do ensino público. A falta de conhecimento da sociedade sobre seu funcionamento, os processos acidentados de escolha dos representantes e a grande rotatividade dos docentes são alguns dos problemas apontados.
São Paulo foi o primeiro Estado a regulamentar a criação dos conselhos, em 1985, e a lhes dar poder para decidir sobre os aspectos administrativos e pedagógicos do estabelecimento de ensino. Na capital, eles são obrigatórios desde 1994.
O último levantamento do Ministério da Educação (MEC) sobre a situação no restante do País é de 2004, quando cerca de 70% das redes estaduais e 25% das municipais possuíam um órgão do tipo. "Esse número aumentou muito, principalmente nas redes municipais. Não tenho conhecimento de nenhum Estado que ainda não tenha regulamentado a existência desses órgãos", diz o coordenador do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares do MEC, Roberto Júnior.
As fragilidades percebidas nos conselhos paulistas, no entanto, se repetem nos demais Estados, avalia o professor da Faculdade de Educação da USP, Elie Ghanem. Os próprios processos eleitorais para a escolha dos representantes sofrem com a falta de informação.
Obstáculos
O funcionário público Manuel Tertuliano relata ter enfrentado dificuldades nas escolas dos filhos, ambas pertencentes à rede estadual no distrito de Engenheiro Marsilac, zona sul de São Paulo. "A eleição do conselho este ano na escola da minha filha teve várias irregularidades. O edital de convocação só foi divulgado dentro da escola, durante a reunião não foi feita ata ou lista de presença e quando tentei colocar meu nome entre os candidatos, a diretora disse que a lista já estava completa. Levei um documento pedindo a impugnação da eleição e ela chamou a polícia", conta Tertuliano.
Segundo Ghanem, porém, esse não é o principal obstáculo e sim a falta de motivação por parte da comunidade escolar em participar. "Nem entre o magistério há empolgação em disputar uma vaga de representante, pois isso implica responsabilidades, um ônus para quem já tem um trabalho desgastante", analisa.
A educadora Denise Carreira, da ONG Ação Educativa, ressalta que a grande rotatividade das equipes docentes impede a criação de vínculos com as escolas. "Isso esbarra nas condições precárias do professorado, que tem de se dividir entre várias escolas, o que dificulta a participação em reuniões."

Dedicação que supera desafios

O DIA - 16/03/2009

Professoras da rede pública desenvolvem métodos para despertar interesse de alunos e são premiadas pela Fesp

Rio - Fazer a diferença, apesar das condições desfavoráveis. É com isso em mente que três professoras da rede pública de ensino desenvolveram fórmulas inovadoras para transformar o que antes era entediante para os alunos em aulas instigantes e participativas. Agora, tiveram seu trabalho dentro da sala reconhecido e premiado pela Fundação Escola de Serviço Público (Fesp).Além de ganhar R$ 3 mil, vão integrar um grupo de consultoria da Fesp encarregado de sistematizar as experiências de sucesso em forma de roteiros pedagógicos que podem ser aplicados em outras escolas. A intenção é distribuir o material a unidades públicas e privadas de ensino. “São metodologias bem-sucedidas que devem ser multiplicadas. Tiveram resultado positivos e isso faz as pessoas acreditarem que a educação pública não está fadada ao fracasso. Mesmo sem estrutura, é possível inovar”, afirma Cláudio Mendonça, presidente da Fesp. Para participar do concurso Professor Nota 10, que tem o apoio de O DIA, professores de todo o estado enviaram vídeos de 50 minutos com uma aula e cópia do material usado dentro de sala. Na avaliação, também foi considerado o desempenho das escolas nos exames como Prova Brasil e Enem. Somente três trabalhos conseguiram cumprir todas as exigências — duas professoras de Matemática e uma de História. “É muito bom ter o trabalho de uma vida reconhecido. Mas o prêmio maior é saber que cumpro meu dever com esses jovens. Não só de ensinar, mas de fazê-los acreditar no seu potencial”, diz uma das vencedoras, a professora de Matemática do Instituto de Educação Clélia Nanci, em São Gonçalo, Juçara Selles, 58. Elas buscam estudante até em casaEliane Damasceno dá aulas de Matemática na Escola Municipal Teixeira e Souza, em Cabo Frio. Com exemplos do dia a dia, elaborou formas de os alunos se autoavaliarem e, com apenas cinco anos de magistério, alcançou a marca de 90% da turma aprovada. Um dos segredos é o envolvimento dos alunos: a professora extrapola os muros da escola, vai à casa dos estudantes e os envolve na elaboração do projeto pedagógico. Eliane, Vânia e Juçara receberão o prêmio dia 24, ao fim do seminário “Política Educacional Para uma Escola Eficaz”.Matemática em círculos de solidariedadeNas aulas de Juçara Selles, ninguém fica parado. Ela não é professora de Educação Física, e sim de Matemática, mas seu modo de ensinar contas e equações movimenta a sala. O segredo é nunca deixar o aluno trabalhar sozinho. “Eles estão sempre em dupla ou grupo e circulam pela sala. Quem termina o exercício primeiro, ajuda o colega. Respeito muito o ritmo de cada um. Crio desafios para que resolvam. Um grupo busca no outro a solução do problema”, explica Juçara, que se considera apenas mediadora no processo de aprendizagem: “Mostro que os alunos são a peça fundamental e aprenderão na medida em que se dedicarem”.

VIVA VOZ

“Não vou ficar esperando as condições ideais. Procuro fazer o melhor com o que tenho nas mãos”

JUÇARA DA SILVA SELLES
Professora de Matemática

Colégios bons têm cota e sorteio para evitar perfil único

> Folha de São Paulo, 16/03/2009 - São Paulo SP

DA SUCURSAL DO RIO

As escolas públicas que, por sua qualidade, atraem a classe média acabam enfrentando outro dilema: como fazer para que suas vagas não sejam ocupadas exclusivamente por crianças de famílias mais ricas. Em algumas delas, especialmente na rede federal, a resposta foi a introdução de sorteio ou cotas nos exames de acesso. A escola técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por exemplo, desde 2007 reserva vagas para alunos negros ou de escolas públicas. "Para que o acesso fosse mais justo, optamos pela reserva de 30% das vagas", diz o diretor Júlio Heck. O mesmo aconteceu na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, no Rio. O diretor, André Malhão, diz que o objetivo não foi tirar a classe média da escola, mas, sim, dar oportunidades também a alunos da rede estadual. Em alguns colégios de aplicação vinculados a universidades federais, também houve mudança no processo seletivo para equalizar as chances. O Colégio de Aplicação da UFRJ aboliu desde 1999 as provas de seleção (vestibulinhos) para trabalhar apenas com sorteio.

Diversidade leva classe média à escola pública

> Folha de São Paulo, 16/03/2009 - São Paulo SP

Para que convivam com alunos de vários níveis socioculturais, pais como a atriz Andréa Beltrão preferem matricular filhos na rede pública. Casos estão restritos a colégios públicos com padrão alto de aprendizado e ainda são minoria nas famílias mais ricas ANTÔNIO GOIS DA SUCURSAL DO RIO Num país em que a maioria das famílias de classe média ou alta vê o ensino privado como única opção, uma parcela desse grupo foge à regra e matricula os filhos em escolas públicas. Muitos procuram algo que os colégios particulares, por serem pagos, são incapazes de proporcionar: um ambiente diversificado, onde convivem alunos de vários níveis socioculturais.Foi esta a opção de Andréa Beltrão, atriz que interpretou uma professora no filme "Verônica", lançado neste ano. Mãe de três filhos, ela diz que a escolha foi natural. "Eu estudei em escola pública. Minha mãe deu aula no Pedro 2º [colégio federal no Rio]. Por isso, quis para meus filhos uma escola em que o critério de entrada não fosse o dinheiro", diz. Casos como o dos filhos de Andréa ainda são minoria nas famílias mais ricas. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, tabulados pela Folha, mostram que em 2007 apenas 16% das crianças nas famílias de maior renda (mais de cinco salários mínimos per capita) estudavam em escolas públicas. Em 2001, eram 12%.
Como não abre mão da qualidade, esse movimento da classe média em direção à escola pública ainda é restrito aos poucos estabelecimentos estatais que conseguem manter alto padrão de aprendizagem. É o caso da escola municipal Minas Gerais, no Rio, incluída em 2006 numa lista do Ministério da Educação e do Unicef de escolas públicas modelo. Além de atender crianças mais pobres, a escola atrai uma parcela da classe média, como o funcionário público Luiz Eduardo Ricon. Seus dois filhos, de nove e 14 anos, estudavam num colégio particular até o ano passado. "O problema não era a mensalidade. Eu e minha mulher achávamos que o melhor para eles era estudar numa escola que fosse representativa da cidade em que vivem, pois, no futuro, vão trabalhar e conviver com todos, e não apenas com pessoas de classe média que pensam como eles", diz Ricon.
Ensino mais valorizado - Em São José dos Campos (SP), o professor Túlio Lopes Cunha conta uma história parecida. Suas duas filhas, de três e nove anos, estudam hoje na rede municipal da cidade. A mais velha, no entanto, veio de uma escola particular onde a mensalidade custava R$ 430. "Levei em conta também a questão financeira, mas só matriculei minha filha mais velha nessa escola depois que vi que ela ficou bem acima da média", diz Cunha, citando o Ideb, índice do MEC que monitora a qualidade da educação pública e que mostrou que a escola Jacyra Baracho estava entre as 20 melhores de São Paulo.
Até o momento, ele diz que não teve motivos para arrependimento. "Minha filha se adaptou muito bem. Está se sentindo até mais acolhida. Pela minha experiência como professor, sei que muitos pais de escolas particulares acham que a educação se resume a pagar uma escola. Na rede pública, aprende-se a valorizar mais o ensino", afirma Cunha. Outra vantagem adicional citada por pais que optaram pela rede pública é a mudança em hábitos de consumo. "A pressão consumista diminui bastante, pois não existe tanto essa coisa de eles quererem usar na escola calça de marca ou tênis da moda", conta a engenheira Ana Cristina Nori, que tem um filho na escola municipal Minas Gerais e outro que estudou lá no ensino fundamental. Nori diz não se abalar quando ouve o argumento de que seus filhos poderiam estar na rede particular, liberando a vaga para alunos mais pobres. Eu pago impostos e tenho os mesmos direitos que qualquer outro cidadão. Sempre estudei em escola pública e acho que, se a classe média não tivesse abandonado a escola pública quando ela começou a piorar, hoje, certamente, a situação do ensino não seria tão ruim."

domingo, 15 de março de 2009

Senado adia votação de projeto sobre cotas sociais e raciais em universidades pública

Portal Aprendiz, 12/03/2009

Mesmo com o protesto de estudantes, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado adiou a votação do projeto que estabelece cotas sociais e raciais nas universidades públicas. Na semana que vem será feita uma audiência pública para discutir o assunto. A proposta, já aprovada na Câmara, enfrenta divergências no Senado. O presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), acha a proposta confusa e já se colocou a favor apenas da cota social e não da racial. Segundo ele, é preciso beneficiar alunos carentes, independente de raça. O texto, já aprovado na Câmara, determina que 50% das vagas nas universidades sejam reservadas a alunos de escolas públicas. Metade dessas vagas deverá ser distribuída de acordo com critérios raciais e estabelecida proporcionalmente à distribuição populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A outra metade será distribuída conforme a renda familiar per capita, menor que um salário mínimo e meio. O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que é favorável à proposta elaborada pelo Executivo, e já modificada no Congresso, e que é semelhante ao ProUni: beneficia o egresso da escola pública com distribuição proporcional das vagas. "Mas o Congresso é soberano para tomar outro caminho, se assim desejar", disse o ministro. "O debate está muito amadurecido, há experiências de políticas afirmativas sendo testadas em todo o país. O Congresso, com a maturidade que tem, vai saber tomar essa decisão." (Agência Brasil)

Alunos com baixo desempenho de SP terão recuperação em dobro

Portal Terra Educação, 11/03/2009


Secretaria de Estado da Educação vai aumentar o tempo de recuperação nas escolas que apresentarem os piores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) em 2009. Nessas escolas terão o tempo de recuperação dobrado. A idéia é que os estudantes ganhem mais tempo de apoio especializado e focado em suas necessidades. As aulas serão com professores capacitados para recuperação, no contra turno, e devem se estender ao longo ano letivo, de acordo com cada caso. Estes alunos, assim como das demais escolas, receberão materiais diferenciados desenvolvidos pela Secretaria, divididos em baixa, média e alta dificuldade. O objetivo é proporcionar atendimento específico dos temas que os estudantes apresentam menor aproveitamento. Os cadernos abordam a proposta curricular do Estado de forma diferenciada, com textos e exercícios sobre os assuntos de menor compreensão dos estudantes. "A recuperação trará os conteúdos da proposta pedagógica do Estado abordados de uma forma diferenciada. A divisão dos materiais em níveis de dificuldade permitirá uma atenção mais individualizada", afirma Valéria Souza, coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria de Estado da Educação. Todos os livros e cadernos de exercícios da nova recuperação foram elaborados pela equipe da Secretaria e já respeitam as novas normas da ortografia brasileira.

Bônus de mais de mil reais para os mestres

O Dia
14/03/2009 01:07:00

Profissionais que trabalharem nas 150 escolas em áreas de risco vão ganhar um salário e meio a mais se baterem metas

Celso Oliveira e Francisco Edson Alves


Rio - A Prefeitura do Rio lançou ontem projeto para beneficiar quase 109 mil alunos de 150 colégios de Ensino Fundamental em áreas dominadas por traficantes e milicianos. O programa Escolas do Amanhã acrescentará à grade curricular 2,5 horas de atividades culturais e esportivas, para atrair os estudantes dessas regiões conflagradas, que passarão a ter turnos integrais de 7 horas. Diretores, professores e profissionais de apoio, se atingirem as metas, ganharão um salário e meio a mais no ano. O valor parte de R$ 1.177.O bônus é mais gordo para profissionais das 150 escolas em áreas de risco. Mas todos podem ganhar um salário extra se atingirem as metas ainda em definição. O prêmio será pago todo de uma vez, a partir de março de 2010. Em início de carreira, um professor 2 (pré-escolar ao 5º ano), cujo piso é de R$ 785, poderá receber cerca de R$ 1.962 no mês da bonificação se trabalhar em um desses 150 colégios. O professor 1 (5º ao 9º), que ganha R$ 981, fará jus a algo em torno de R$ 2.452.“Essas escolas estão sujeitas a situações de extrema violência”, justificou a secretária de Educação, Cláudia Costin, que lançou o projeto, com o prefeito Eduardo Paes, no Ciep Zumbi dos Palmares, em Coelho Neto. “O poder público perdeu a capacidade de ação nesses lugares há muito tempo”, frisou Paes.Com apoio da Unesco, o projeto tem tarefas difíceis a partir de maio, quando será implantado: combater a evasão escolar, garantir a presença dos professores nas salas de aula, melhorar o desempenho dos alunos e promover a participação das comunidades na rotina escolar. Para isso, serão desenvolvidas atividades extracurriculares dentro e fora das escolas, com apoio de mães voluntárias, que vão receber R$ 100 por mês. Os 150 diretores passarão por curso de mediação de conflitos, coordenado pelo AfroReggae, onde devem aprender a se comportar em situações de risco, como tiroteios.“Espero que esse projeto traga esperança de dias melhores. Passamos muito sufoco com a violência”, diz Eliane Pinto de Carvalho, diretora da Escola Municipal Fernando Rodrigues da Silveira, vizinha de 4 comunidades perigosas em Costa Barros.

CURSOS EXTRAS DE MÚSICA E TEATRO NAS REGIÕES

O projeto Escolas do Amanhã tem como meta beneficiar com o bônus 4.113 professores e 1.323 funcionários de apoio das 150 unidades, além dos seus diretores. “Vejo uma luz no fim do túnel para as atividades escolares serem mais aprazíveis e integradas à comunidade”, comentou Heloísa Teixeira, diretora do Ciep 301, que tem 3 mil alunos e fica em Rio das Pedras, onde atua grupo paramilitar.As atividades extras podem acontecer nas próprias escolas ou até nas vilas olímpicas. Além de aulas de esporte, os alunos podem ter lições de teatro e música, por exemplo. As unidades ficam na vizinhança de favelas como as dos complexos da Maré e Alemão, além de Jacarezinho e Vila Cruzeiro. Apesar do clima de aparente esperança entre educadores que assistiram ao lançamento do projeto, a direção do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) demonstrou não acreditar no seu sucesso. “Nós não somos contra as melhorias, mas não adianta oferecer artifícios, como bônus, para resolver problemas de segurança, que é uma questão de Estado”, criticou a diretora do Sepe, Wíria Alcântara.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sinpro-Rio lança campanha em prol da Saúde do Professor

No dia 18 de março, o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio) lança oficialmente a campanha Saúde do Professor, às 18h, em sua sede no Centro.
A campanha, divulgada em outdoors e no http://www.saudedoprofessor.com.br/, tem como objetivo sensibilizar a sociedade para a trágica realidade da categoria, com suas duplas jornadas; desnaturalizar a violência emocional e física que predomina nos ambientes escolares contemporâneos; e, acima de tudo, convocar os docentes à reflexão e luta por melhores condições de trabalho e saúde.
Atualmente, os professores convivem com um número excessivo de alunos em sala de aula, competem com ruídos externos e internos, falta de disciplina, baixa remuneração, além da pressão do patrão, o que pode levá-lo ao estresse, exaustão emocional e, consequentemente, à síndrome de Burnout, amplamente discutida na campanha.
A campanha Saúde do Professor levanta outras questões como assédio moral, agressão física, atendimento online, calendário escolar único e férias em janeiro, assuntos que terão assistência jurídica.
Está prevista também a realização de convênios com profissionais de saúde (médicos do trabalho, psicólogos, psiquiatras e fonoaudiólogos), além de oficinas e palestras a partir de 25 de junho, quando será realizado o seminário "Condições de Trabalho e Saúde do Professor". Mais informações sobre o evento em www.saudedoprofessor.com.br/Eventos/seminario.html
Fonte: Sinpro-RJ

Professor do século 21

> Zero Hora, 13/03/2009 – Porto Alegre RS

Imagine um grupo de jovens entrando na universidade. Querem ser professoras e professores do ensino básico. Como vamos prepará-los?

Danilo Gandin


Teremos bastante tempo: são quatro anos com umas 800 aulas por ano. Não aceite menos, mas também não exija mais. A formação de um professor requer um amadurecimento durante toda a vida; ele vai crescer enquanto for professor. E, se forem aproveitadas, 3,2 mil aulas são suficientes para um excelente começo de preparação. Antes de tudo, vamos debater com eles como deve ser uma pessoa “culta” no século 21. Pensaremos conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias e, a partir disto, prepararemos um currículo para estes universitários e para um futuro grupo de alunos do ensino básico. Queremos que um professor do ensino básico seja um cidadão completo naquilo que é necessário nos dias de hoje. Obviamente este “completo” estará no esforço para sê-lo. De ninguém se exige a perfeição, mas o caminhar sempre em sua direção. Insistiremos: não queremos um currículo de disciplinas; queremos um conjunto de temas, de ações, de regras, de atitudes que nossos futuros professores e nossos futuros alunos do ensino básico terão que debater e vivenciar para poderem participar na sociedade em todos os seus aspectos. Será necessário, por exemplo, conhecer a natureza, o próprio ser humano e a sociedade da qual farão parte e, além disto, definir procedimentos éticos e desenvolver habilidades necessárias para agora. Haverá nisto, também, um grau de liberdade porque nem todos terão os mesmos conhecimentos, as mesmas habilidades e os mesmos valores.
Nada, pois, de limitar o ensino à matemática, à geografia, à história, à química etc. O mundo se abriu, o conhecimento se expandiu. A pergunta mais importante é: quais os conhecimentos, as habilidades, os valores mais importantes no mundo de hoje para que uma pessoa seja um cidadão eficaz em nossa sociedade. Isto não pode ser tratado com a escolha de um conjunto de disciplinas; não será possível porque deveriam ser tantas, que inviabilizariam as escolas. De qualquer modo, disciplinas são para preparar especialistas e este não é o caso aqui. Em vez delas, teremos um professor único por turma de alunos (pelo menos no Ensino Fundamental), ajudando-os a se constituírem como cidadãos. Depois, melhor, ao mesmo tempo, estudaremos o ser humano, como ele é, como ele evolui e, sobretudo, como ele aprende e como incorpora valores. Para a formação do professor, haverá outro ponto fundamental: o domínio de processos, técnicas e instrumentos didáticos. A intervenção do professor para o crescimento dos alunos não é apenas necessária, é imprescindível.