terça-feira, 23 de junho de 2009

Nota melhora, mas aluno aprende pouco

Folha de São Paulo, 22/06/2009 - São Paulo SP

Na rede pública do Rio, mais de 70% dos estudantes avaliados têm conhecimento abaixo do apropriado ANTÔNIO GOIS DA SUCURSAL DO RIO As médias dos estudantes da rede estadual do Rio melhoraram de 2006 a 2008, porém mais de 70% dos alunos em todas as séries e disciplinas avaliadas ainda têm nível de conhecimento considerado abaixo do adequado. As maiores dificuldades foram verificadas em matemática e nas séries mais avançadas do ensino médio. Nessa disciplina, apenas 5% dos estudantes do último ano tiveram desempenho adequado. O Estado estipulou suas metas tendo como base a escala criada pelo Todos Pela Educação, movimento que estipulou objetivos de melhoria do ensino até 2022. Para 2008, a meta do Estado era ter 13% dos alunos do 3º ano do ensino médio com conhecimento adequado em matemática.
Essas são revelações do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro. Foram aplicadas provas de língua portuguesa e matemática em três séries: o 5º e o 9º ano do ensino fundamental e o 3º ano do ensino médio. Na comparação com o exame de 2006, o único segmento onde houve queda na média dos alunos foi o 5º ano do ensino fundamental em matemática, com leve oscilação negativa de 1,6%. Nas demais provas, houve avanços, entre 1,9% e 5,2%. Para Teresa Pontual, subsecretária estadual de educação, o fato de ter havido crescimento das médias em cinco de seis provas em relação a 2008 mostra que há uma tendência de melhoria, mas ela admite que é pouco para comemorar.





Rio não divulga notas para evitar "julgamentos"

Folha de São Paulo, 22/06/2009 - São Paulo SP

DA SUCURSAL DO RIO Diferentemente do que ocorre nas avaliações do MEC e de SP, a Secretaria de Estado da Educação do Rio optou por não divulgar as médias por escola, evitando que fossem identificadas as piores ou as melhores. Os resultados serão mandados para cada diretor, que poderá compará-los com as médias de sua coordenadoria, cidade e Estado. "É muito importante mudarmos a forma como é vista a avaliação, geralmente, com intenção punitiva, de julgamento, e não como um diagnóstico para avançarmos", diz a secretária de Educação, Tereza Porto. A secretaria está nomeando um orientador de gestão para de cada sete a dez escolas. O orientador visitará cada escola pelo menos duas vezes ao mês. As visitas serão para ajudar os diretores a buscar soluções na melhoria do desempenho dos estudantes e ajudar na implementação de políticas pedagógicas do Estado e do MEC. A segunda medida para a melhora dos pontos fracos é a aplicação de um curso à distância sobre gestão educacional para todos os diretores e pelo menos um professor de português e de matemática de cada escola. Outra preocupação da secretaria é fazer com que os diretores e os professores saibam que habilidades são cobradas dos alunos nas avaliações, para que possam se preparar para elas.
Avaliação - O Saerj (Sistema de Avaliação da Educação do Estado do RJ) foi realizado pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. As escalas das provas de português e matemática são as mesmas dos exames federais (Prova Brasil e Saeb), o que permite a comparação das médias.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Repetência no ensino médio dobra em 9 anos

> Folha de São Paulo, 10/06/2009 - São Paulo SP

Índice chegou a 12,7% em 2007, aponta relatório do Unicef com base em dado fornecido ao órgão pelo governo federal. Para educadores, a piora é reflexo de problemas no currículo, que, segundo eles, não desperta o interesse dos jovens pela escola

FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL / ANGELA PINHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proporção de alunos do ensino médio (antigo colegial) que repete de ano no país chegou a 12,7% em 2007, o dobro do que em 1998, apontam dados do Ministério da Educação. Educadores afirmam que a piora é reflexo de problemas no currículo, centrado em conhecimentos específicos das matérias (diversas fórmulas em química ou física, por exemplo, sem que o aluno entenda a importância e a aplicação delas). Os alunos, dizem os pesquisadores, não têm motivação para a escola, que não prepara para o mercado de trabalho nem para a universidade -principalmente na rede pública. A taxa de reprovação de 2007 foi divulgada ontem, em um relatório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O dado foi fornecido ao órgão pelo governo Lula. O relatório aponta avanços na educação, principalmente em número de matrículas, mas cita dificuldades na qualidade de ensino e no atendimento de parcelas específicas da população -leia nesta página. A repetência também aumentou no ensino fundamental, mas de forma menos acentuada (de 9,7% para 12,1% no mesmo período) que no médio. A reprovação é considerada um dos principais problemas do ensino, pois o aluno que reprova tem mais chances de desistir da escola. Além disso, sobrecarrega o sistema, pois aumenta o número de alunos. A elevação da taxa de repetência no ensino médio é constante desde 1998 (da segunda gestão FHC ao governo Lula). O MEC afirma que, para melhorar o ensino médio, busca diversificar a etapa, com ampliação da oferta de ensino profissionalizante e a possibilidade de mudanças no currículo -proposta analisada pelo Conselho Nacional de Educação. "Outra frente é a formação de professores. Vamos abrir 300 mil vagas nas universidades", afirmou o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, André Lázaro. "Sem rosto" - Para Candido Gomes, professor da Universidade Católica de Brasília e autor de pesquisas sobre fracasso escolar, o ensino médio está "sem rosto": para o aluno que tem condições de entrar na universidade, prepara apenas para o vestibular. Para os demais, não tem significado. A pesquisadora Dagmar Zibas, da Fundação Carlos Chagas, cita as faltas dos estudantes e o currículo pouco atraente. "A principal causa de reprovação têm sido as faltas. E por que eles faltam? No período noturno, pode ser a dificuldade de conciliar trabalho e escola", afirma. "Mas o principal é que o currículo se distancia do interesse do jovem. O conteúdo não faz sentido para ele." A representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, aponta que, por conta da reprovação no ensino fundamental, o aluno já chega com dificuldades, fora da idade ideal para a etapa (15 a 17 anos). A estudante Danielle Stefani, 15, que está no segundo ano do ensino médio, tem outra reclamação: segundo ela, os professores faltam muito.

Colaboraram a Sucursal do Rio, FLÁVIA MARTIN e JOSÉ ORENSTEIN

Unicef recomenda que Brasil invista 8% do PIB em educação



O Brasil precisa investir pelo menos 8% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação para conseguir reverter as desigualdades de acesso e os problemas de qualidade que ainda persistem. A avaliação foi feita pela representante do Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) no país, Marie-Pierre Pirier, durante o lançamento do relatório Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 - O Direito de Aprender. O dado mais recente divulgado pelo Ministério da Educação é de 2007 e aponta que o gasto público do país na área correspondeu a 4,6% do PIB. O ministro Fernando Haddad defende que o investimento público em educação deve ser de 6% do PIB, média do que aplicado em países desenvolvidos. Mas Marie-Pierre aponta que países que enfrentaram situação semelhante a do Brasil e precisavam reverter "dívidas históricas" com a educação, como a Coréia, o Japão e a Irlanda, obtiveram bons resultados após aumentarem os investimento na área para mais de 6%. "Não é de um dia para o outro, mas é uma visão que colocamos para o debate. Sabemos que isso faria diferença e o Brasil tem como fazer essa escolha", afirmou a representante do Unicef. Além de um aumento no investimento em educação, o relatório recomenda a ampliação da obrigatoriedade do ensino da atual faixa etária dos 7 aos 14 anos, que compreende o ensino fundamental, para o período dos 4 aos 17 anos, incluindo a educação infantil e o ensino médio. Marie-Pierre fez um apelo ao Congresso Nacional para que a Casa aprove uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina essa mudança. O projeto também prevê o aumento dos recursos para educação em cerca de R$ 7 bilhões ao ano. Na avaliação da representante, o Brasil precisa melhorar a articulação entre os vários setores do governo e da sociedade civil em um esforço para garantir o direto à educação. "O desempenho escolar não depende só da escola, mas o apelo estratégico dela é muito importante na vida da criança. No relatório nós chamamos a importância para o envolvimento do setor da saúde, por exemplo. Porque uma criança desnutrida, doente ou em situação de violência não consegue aprender", explicou. Ela ressaltou também que o Brasil tem condições de garantir a universalização, desde que o foco do trabalho esteja no atendimento individual das crianças e dos adolescentes. "Nós não podemos falar de números, temos que falar de crianças com nome e endereço", afirmou. Para a coordenadora do Programa de Educação do Unicef, Maria de Salete Silva, mesmo que as recomendações sejam seguidas, os resultados só poderão ser percebidos a longo prazo. "Algumas mudanças no país são mudanças de décadas. Mudanças radicais em educação têm resultados em ciclos que são ciclos semelhantes aos de estudo de 15 ou 20 anos", avaliou Maria de Salete.

Fonte: Correio Web, 9/6/2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Deputados aprovam medida que dá mais R$ 9 bilhões para orçamento da educação

> Portal UOL Educação, 03/06/2009

Da Redação em São Paulo

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (3) uma medida que acrescenta cerca de R$ 9 bilhões anuais ao orçamento do MEC (Ministério da Educação). Trata-se de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que acaba com a incidência da DRU (Desvinculação de Receitas da União) sobre o dinheiro do governo federal destinado à educação. A PEC foi aprovada com 384 votas de deputados e uma abstenção. Antes de entrar em vigor, a medida precisa passar por mais uma votação na Câmara, voltar ao Senado e, então, ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PPS, no entanto, apresentou uma proposta para retirar o escalonamento na redução da retirada dos recursos, na tentativa de acabar a DRU já neste ano. Com risco de perder a votação, o governo obstruiu a sessão e a conclusão da votação ficou para a próxima semana. A DRU retira 20% dos recursos orçamentários para o governo gastar livremente. O projeto prevê que, em 2009, o porcentual de retirada dos recursos da Educação será de 12,5%, em 2010, de 5%, e nulo em 2011.
A proposta traz também a obrigatoriedade da oferta de ensino para crianças e jovens de quatro a 17 anos. A educação obrigatória deverá ser implantada progressivamente até 2016, com apoio técnico e financeiro da União. Está previsto o regime de colaboração entre União, estados, Distrito Federal e municípios para universalizar o ensino. O texto ainda garante a oferta gratuita da educação básica para os que não tiveram acesso a ela na idade certa. Atualmente, o MEC tem orçamento da ordem de R$ 41 bilhões por ano. Com o fim da DRU, o ministério contará com, aproximadamente, R$ 4 bilhões a mais em seu orçamento, ainda em 2009. A verba complementar atinge R$ 8 bilhões em 2010 e 10 bilhões a partir de 2011.Entenda a DRU - A DRU foi criada em 1994, com o nome de Fundo Social de Emergência. Ela dá ao Executivo a liberdade de gastar 20% de seu orçamento durante o ano como desejar. Os 80% restantes já tem destino certo quando o orçamento é aprovado. Na prática, a maior parte do valor desvinculado é usado para o pagamento da dívida externa e dos seus juros - conhecidas, respectivamente, como amortização e rolagem da dívida. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, o governo tem de destinar 18% do seu orçamento anual para a educação. Mas, por meio da brecha criada com a DRU, esse valor não é atingido. O projeto foi proposto pela senadora Ideli Salvati (PT-SC) em 2003, mas não houve mobilização sobre a questão na época. Segundo ela, não havia interesse, pois seria "muito confortável" para o Executivo ter essa liberdade nos gastos. O fim da DRU só veio à tona em dezembro de 2007, quando foi votado o fim da CPMF. Devido a uma negociação do Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), houve um acordo para que a PEC tramitasse mais rapidamente.

MEC extingue 17 cursos de pedagogia e normal superior

> Portal UOL Educação, 04/06/2009
Da Redação em São Paulo

O MEC (Ministério da Educação) extinguiu 17 cursos de pedagogia e normal superior do país, após supervisão. As graduações não apresentaram condições necessárias para atender a determinações de especialistas do ministério. A pasta tem uma comissão que avalia e faz visitas às instituições de ensino. Ao todo, 49 cursos de pedagogia e 11 cursos de normal superior ficaram sob supervisão por apresentarem conceitos insatisfatórios no Enade (Exame Nacional de Avaliação do Desempenho de Estudantes), realizado em 2005. A comissão do MEC verificou o projeto pedagógico do curso, a infra-estrutura da instituição e a composição do corpo docente, entre outras características do curso. Em 12 situações, o encerramento da oferta foi solicitado pelas próprias instituições de ensino. Outros cinco cursos estão sob processo administrativo pelo não cumprimento das determinações do MEC.
Nos 43 casos restantes - Nos 43 cursos ainda em funcionamento, as instituições responsáveis assinarão Termo de Saneamento de Deficiências, a partir do qual se comprometem a promover melhorias estabelecidas pela Sesu (Secretaria de Educação Superior). O prazo para o cumprimento das medidas é definido a partir da data de assinatura dos termos. No caso de 26 cursos que celebraram o termo de saneamento ainda em 2008, o prazo para o cumprimento é de doze meses e se encerra em junho de 2009. Outros cinco cursos, com assinatura do termo entre março e abril de 2009, terão até o final deste ano para apresentarem à Sesu a comprovação do cumprimento das medidas. Nove cursos foram visitados pela comissão de supervisão e, após terem sido notificados pelo MEC, devem firmar termo de saneamento. Três cursos de pedagogia foram excluídos do processo de supervisão depois que o MEC constatou que os cursos tinham qualidade.