quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ainda falta definição sobre a formação do professor

Folha de São Paulo, 21/10/2008 -
São Paulo SP
Membro do Conselho de Educação acha importante ter formação em música
FERNANDA CALGARO DA REPORTAGEM LOCAL

Todas as escolas do país deverão ter aulas de música dentro da área de artes em três anos. A obrigatoriedade do conteúdo deve impulsionar o mercado de trabalho para os licenciados em música. A lei nº 11.769, sancionada em agosto passado, porém, não exige que os professores tenham formação específica na área de música. O receio era que não houvesse número suficiente de profissionais com essa formação -no país, há 42 cursos para formar professores de música, com 1.641 vagas no total, segundo o último Censo da Educação Superior, de 2006. Só que, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dar aula na educação básica, é preciso ter licenciatura, e essa exigência deverá ser levada em conta quando o tema for discutido pelo CNE (Conselho Nacional de Educação). "A lei está aí para ser cumprida e, particularmente, acho-a muito positiva. A questão é quem vai dar a aula", afirma Regina Vinhaes Gracindo, conselheira do CNE. "Ainda não discutimos a lei no conselho, mas, na minha percepção, é muito importante que o professor seja especializado ou, se for de outra área, que tenha uma formação continuada em música, no caso do professor de educação artística, ou em licenciatura, no caso do músico." Para Gabriela Silvestri, 27, formada em 2003 pela Unesp em educação artística com habilitação em música (hoje o nome do curso é licenciatura em educação musical), as perspectivas são muito boas. "Desde a época da faculdade, nunca tive problema para conseguir emprego. Vejo que as escolas dão bastante valor para a experiência pedagógica. Tenho amigos que são bacharéis em música, e a realidade deles é muito diferente. A minha opinião é que, mesmo que a lei não exija a formação pedagógica, vale a pena investir numa licenciatura em música porque as escolas valorizam." "A música desenvolve várias habilidades e é importante ter didática e pedagogia para conseguir passar isso de forma criativa para os alunos", concorda Adriana Alexandre Francato, 38, professora de música do colégio Santa Maria (zona oeste de São Paulo). A lei não exige o ensino de música para todos os anos, e a implementação será de acordo com a proposta pedagógica da escola ou da rede. A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo diz que não deve haver mudança na rede, pois, nas aulas de educação artística -dadas por 12.858 professores-, a música já é contemplada. "O objetivo não é formar músicos dentro da escola, mas oferecer uma formação musical aos estudantes", ressalta Helena de Freitas, coordenadora-geral de Programas de Apoio à Formação e Capacitação Docente de Educação Básica no Ministério da Educação.

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