domingo, 26 de abril de 2009

Educadores da Reforma Agrária protestam em Santa Maria

MST
24/04/2009

Educadores e educadoras da Reforma Agrária realizam uma marcha na tarde de sexta-feira (24/4), em Santa Maria, contra o fechamento das escolas Sem Terra, as chamadas Escolas Itinerantes. Os educadores saem em caminhada às 16h, do Parque Itaimbé, e prosseguem até o centro da cidade, onde se juntam a professores da rede pública e ao Cpers Sindicato em frente à 8ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação).No local, os educadores denunciam a política de sucateamento do governo de Yeda Crusius nas escolas públicas, incluindo as Escolas Itinerantes. Também irão defender a implementação do piso salarial nacional, que encontra resistência da governadora. A atividade integra o dia nacional de paralisação da categoria em defesa do piso.Os educadores e as educadoras da Reforma Agrária estão em Santa Maria desde a quarta-feira (21/4). Eles participam do Encontro Estadual dos Educadores e das Educadoras da Reforma Agrária, que encerra neste sábado na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria)

Qual é o papel das escolas nos assentamentos e acampamentos?

MST
24/04/2009

A luta do MST por educação vai além de implementar escolas em acampamentos e assentamentos. O desafio está em conseguir gestioná-las e transformá-las dentro da perspectiva de uma escola do campo libertadora. Este foi o tema abordado pelas professoras Rosa Elane Lucas e Isabela Camini, durante o Encontro Estadual dos Educadores e das Educadoras da Reforma Agrária, que acontece desde quarta-feira (22/4), na cidade gaúcha de Santa Maria.Professora do Departamento de Geografia da Ufpel (Universidade Federal de Pelotas), Rosa Elane Lucas recuperou o desenvolvimento do conceito de Educação do e no Campo, construída pelos movimentos sociais, em contraposição à Educação Rural, que traz a visão latifundiarista e subserviente do campo ao meio urbano. "Neste processo é fundamental a atuação do professor-educador, que deve sair do lado mais simples, da memória, e estimular a construção do pensar", diz.No entanto, não basta construir as escolas dentro de acampamentos e assentamentos. Para que sejam realmente do campo, é necessário que os movimentos sociais consigam geri-las e transformá-las desde "dentro", como se referiu a pedagoga Isabela Camini. "Em um dos primeiros acampamentos na história do MST, o da Encruzilhada Natalino (RS), os educadores diziam quequeriam construir uma escola deles, que tratasse das suas necessidades e da luta do MST. Isso, para mim, mostra que a escola do MST nasceu contrariando a escola capitalista. O desafio é lutar pela implementação da sua pedagogia nas escolas", afirma.Para as professoras, as mudanças nas escolas se referem à avaliação escolar, que no sistema convencional é repressivo; na relação educador-educando (que em muitas escolas nos assentamentos reproduzem o sistema opressor-oprimido da escola convencional); no conteúdodiferenciado e interdisciplinarizado; na condição física da sala de aula; e também no calendário escolar, que segundo a legislação federal deveria estar adequado às fases do ciclo agrícola das condições climáticas."A escola tradicional nos formou mas não nos serve porque ela abafa a rebeldia dos construtores do futuro. A escola é o coração dos acampamentos e dos assentamentos e com tal importância deve ser tratada", argumentou Camini.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Municipalização de escolas não melhora ensino

Sexta-Feira, 24 de Abril de 2009 Estado de são Paulo - Versão Impressa

Especialistas apontam que municípios assumiram a gestão sem projeto pedagógico ou pessoal qualificado

Renata Cafardo e Karina Toledo


Alunos de escolas estaduais que passaram para a gestão de prefeituras não aprenderam mais do que os que estudam em estabelecimentos onde não houve a mudança. Estudo inédito da Fundação Getúlio Vargas analisou o chamado processo de municipalização do ensino fundamental, que desde 1996 tem sido incentivado por leis federais. A premissa era que a descentralização favoreceria a educação porque a comunidade escolar estaria mais próxima dos tomadores de decisão, podendo exigir mais rapidamente a solução de problemas.Medindo pela primeira vez o aprendizado das crianças no processo de municipalização, a pesquisa mostra que as notas em avaliações nacionais aumentaram entre 4 e 6 pontos tanto nas escolas que mudaram a gestão quanto nas que permaneceram como estavam. Especialistas avaliam que, em vários municípios, as prefeituras receberam a responsabilidade de gerenciar o ensino de 1ª a 8ª séries sem que estivessem preparadas. Havia falta de pessoal, de verba e de estrutura."Muito se dizia que o desempenho das escolas deveria melhorar à medida que elas ficassem mais perto do centro de tomada de decisões, mas esse processo se deu de forma descuidada", diz o presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Cesar Callegari.Para ele, isso é consequência da criação, em 1997, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) - mecanismo que repassa dinheiro aos municípios conforme o número de alunos matriculados na rede. Callegari diz que os prefeitos, preocupados em conseguir mais dinheiro, assumiram as escolas sem um projeto que preparasse a prefeitura para isso. "Não tomaram as providências necessárias para capacitar professores, aparelhar escolas, estabelecer sistemas de avaliação e desenvolver projeto pedagógico."A secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, completa que 80% dos municípios têm menos de 20 mil habitantes e, portanto, pouca "massa crítica", ou seja, equipes para fazer a gestão da educação. Em pequenos municípios, mesmo de São Paulo, a secretária da Educação costuma ser a diretora da única escola.

METODOLOGIA

A pesquisa da FGV comparou resultados de alunos de 4ª série de 4.934 escolas do Brasil em duas avaliações. "A diferença (de desempenho) é estatisticamente igual a zero. A municipalização ainda não surtiu efeito nas avaliações", diz André Portela, pesquisador da Escola de Economia da FGV e responsável pelo estudo. Ele explica que o resultado aparece também depois de cálculos que descontam a influência de fatores externos, como idade dos alunos, educação dos pais, cor e gênero. Uma das avaliações utilizadas no estudo é a Prova Brasil. O exame foi aplicado pela primeira vez em 2005 e, como é realizado em todas as escolas públicas do País para todos os alunos de 4ª e 8ª série, foi usado como base de comparação para avaliações anteriores. Até 2005, existia só o Saeb, feito por amostragem para o ensino básico. A pesquisa então analisou o resultado de escolas que fizeram parte das amostras do Saeb em 1997, 1999, 2001 ou 2003 e comparou com o desempenho delas mesmas na Prova Brasil.As que eram estaduais quando fizeram o Saeb e se mantiveram estaduais na Prova Brasil aumentaram em 4,78 sua pontuação em matemática e em 6,15 em português (as notas das duas avaliações vão de 120 a 350 pontos). As municipais que continuaram com a mesma gestão cresceram em 4,58 e 5,39, respectivamente. E as que eram estaduais e foram municipalizadas tiveram variação muito parecida aos outros dois grupos: 4,42 em matemática e 6,61 em português.A municipalização está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, que diz que o ensino infantil e o fundamental deveriam ser geridos pelos municípios, enquanto o médio fica com os Estados. Emendas na Constituição, decretos e outras leis ratificaram o princípio. Desde então, o cenário educacional mudou.Em 1991, havia 16,7 milhões de alunos em escolas estaduais. Os números mais recentes mostram que há 11,3 milhões atualmente. Ao mesmo tempo, cresceu de 8,7 milhões para 17,6 milhões a quantidade de estudantes matriculados em escolas municipais. As Regiões Nordeste e Sudeste têm a maior porcentagem de estabelecimentos transferidos do Estado para o município: 41% e 28%, respectivamente.

São Paulo SP UFSCar barra 25% dos alunos que se declararam negros

> Folha de São Paulo, 24/04/2009 -


Instituição cancelou 47 matrículas de estudantes que foram aprovados por meio de cotas. Uma estudante que disse ser parda não teve os documentos aceitos pela universidade do interior, mas obteve uma liminar

JEAN DE SOUZA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No segundo ano do funcionamento de seu sistema de reserva de vagas para negros, pardos e seus descendentes, a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) barrou 25% dos 185 alunos que passaram no vestibular por meio dessa política. No total, 62 matrículas via cota foram questionadas, das quais 47 foram canceladas. A universidade, a única federal do interior do Estado, reserva 20% das vagas para alunos da escola pública. Dessas, 35% são reservadas para negros e pardos. O critério adotado para concorrer a essas vagas é a autodeclaração, ou seja, ao se inscrever para o vestibular o candidato se declara negro, pardo ou descendente de negros. Aprovado, o candidato faz a matrícula. Se surgir contestação, porém, ele tem que provar o que declarou na hora do vestibular por meio de documentos. A descendência deve ser direta, ou seja, de pai ou mãe. "Se alguém
denunciou, a universidade deve averiguar se o que foi declarado é real; se não [for real], deve retirar a vaga daquela pessoa", diz o prefeito de São Carlos, Oswaldo Barba (PT), que era reitor da escola à época da adoção do sistema. Foi o que aconteceu com a caloura do curso de imagem e som Larissa Candido Bergamaschi, 18, que se declarou parda e, em março, um mês após ingressar na UFSCar, teve sua matrícula contestada. Larissa se mantém na universidade graças a uma liminar. A UFSCar não aceitou os documentos apresentados por ela. Segundo a instituição, eles deveriam ter uma indicação de cor e ser de "fé pública" -reconhecidos pela Justiça. A estudante alega que, como nem ela nem a mãe possuíam documentos com declaração de cor, a solução encontrada foi ir até um cartório e registrar uma autodeclaração dizendo que era
parda. "Ouvi dizer que podia ser um registro no cartório, então fiz e apresentei", disse. A estudante diz ter a pele clara, mas com traços afrodescendentes -ela não aceitou fazer fotos. Segundo seu advogado, Joner Nery, foram reunidas provas da ascendência, como documentos e fotos de parentes. "A avó dela é negra, a mãe é parda, então ela tem direito." "Como a questão é complexa e polêmica, sem dúvida sempre pode haver questionamentos", disse, em nota, a Procuradoria Jurídica da UFSCar. Segundo a universidade, o caso de Larissa, por enquanto, é único e será contestado judicialmente. A possibilidade de um aluno ter sua matrícula cancelada após estudar um mês não demonstra a existência de falhas no sistema de reserva de vagas da UFSCar, diz a pró-reitora de graduação, Emília Freitas de Lima. Ela admite que os atuais questionamentos à política de reserva "não são os primeiros, nem serão os últimos".

Professor temporário é produto perverso de José Serra

> Revista Caros Amigos, Edição 145

Por Marilene Felinto

Metade dos professores da escola pública paulista não existe – são aparições temporárias, que perambulam de uma periferia a outra, lugares aos quais não pertencem e com os quais não lhes dão tempo de criar vínculo. Manter estes cem mil cidadãos na incerteza trabalhista (são contratados sem concurso público) e no modo de vida nômade que não escolheram, tratá-los como peças de um jogo sem regras, expor todos ao ridículo e desqualificá-los mediante seus colegas profissionais e mediante a sociedade foi o ato mais recente da criminosa “política educacional” do governo de José Serra em São Paulo.
Pior educação pública que a paulista não há no país – e ela é a cara do tucanato (o PSDB), é a obra máxima do descompromisso com a coisa pública quando se trata do interesse da maioria da população pobre. Estes governos afinados com a classe dominante, como os oito anos de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República (1995-2002) ou os quase quinze anos em que o grupo de José Serra infesta o Estado de São Paulo deram golpes de morte na educação pública.
Em dezembro último, a Secretaria Estadual de Educação de SP aplicou uma prova ao professorado temporário da rede estadual para utilizar a nota como critério classificatório na atribuição de aulas deste ano letivo de 2009, uma armadilha para demitir milhares de professores que os próprios governos tucanos de Serra e sua turma contrataram em condições de absoluta precariedade e com os quais não sabem o que fazer. A prova, mal elaborada, cheia de questões visivelmente erradas, avaliaria o conhecimento dos professores sobre a proposta curricular da Secretaria. Concorreram com os quase cem mil temporários outros milhares de novos candidatos a lecionar na rede pública, professores recém-formados. Na concorrência desleal, muitos dos temporários perderiam para os novos seus empregos e um mínimo de direitos conquistados. O professorado recorreu à Justiça e ganhou a causa. A Secretaria de Educação de Serra, por seu lado, não teve dúvida: saiu divulgando na mídia serrista (em São Paulo, especialmente os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo e as redes de TV) a “nota zero” atribuída a centenas de professores na tal prova, incluindo neste número as tantas centenas de professores que entregaram a prova em branco, em ato de protesto. Uma desonestidade, uma manipulação flagrante dos resultados.
A “proposta curricular” da gestão Serra para a educação pública não passa disso: culpabilizar o professor pelo fracasso da política educacional cada vez mais perversa conduzida pelo tucanato em São Paulo. Para que gastar dinheiro com os pobres contratando professores por concurso público? Para que oferecer uma escola de qualidade aos filhos dos pobres? Certamente não é aos elitistas do PSDB que isso interessa. E ainda que caiba ao governo paulista avaliar seu professorado, ainda que fosse numa avaliação justa, e ainda que o professor tirasse nota zero, ainda assim a culpa deveria recair sobre os governos do PSDB em São Paulo e por aí afora: os professores que zerassem seriam os mesmos formados nas faculdades particulares de quinta categoria (faculdades para pobres), abertas feito barracas de camelôs na gestão do ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique, o hoje deputado Paulo Renato Souza. Nota zero mesmo é a esta gente.
Há tempos que ser professor tornou-se profissão penosa, desonrada, sem nenhum reconhecimento social, ainda mais na escola pública – sintoma dessa grave doença da injustiça social brasileira, nos quadros da qual estudar, educar-se, formar-se virou um culto requintado, apenas para quem pode. Ora, se antes professor era uma figura eterna... Mesmo quando, antes, aprender as letras era com caco de telha riscando o chão, pedaço de tijolo, tudo vermelho-alaranjado no piso de cimento cinzento das calçadas da rua. Aprender letra cursiva era com a mão grande de dona Helena, com a voz mansa de dona Cremilda. Quem nunca teve um amor qualquer por um doce professor ou professora? Essas minhas podem ter desaparecido no tempo, dona Helena e dona Cremilda – uma do jardim de infância, outra do primeiro ano (antigo primário)–, desaparecidas como os riscos de telha lavados pela chuva na calçada. Só nunca saíram da minha cabeça, da memória da importância monstruosa que tiveram na minha vida. Paulo Freire, o educador, também contava: “Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz”.(1982) Educação também é isso, lembrança para sempre. Temporários (e tomara extintos logo) devem ser os governos perversos da gente do PSDB.

Educação maltratada: professores precarizados

> Revista Caros Amigos, Edição 145

O eventual tapa-buracos Por Beatriz Rey Às 23h de uma quarta-feira do mês de março, o professor Carlos Alberto Pires Guimarães, 25 anos, saía da EE Pereira Barreto, na Lapa, e iniciava uma jornada de uma hora e meia até a sua casa – a pé. Chamado de última hora para substituir um professor, ele deu sete aulas naquela noite, mas só será pago por elas, segundo ele, no mês de maio. “O que eu quero saber é se o ônibus espera para receber o dinheiro da passagem e se o estômago espera para comer”, questiona Carlos, que é formado em biologia há dois anos, mas já chegou a lecionar matemática, também substituindo um professor. Relatos como este ajudam a visualizar, mesmo que de maneira fragmentada, o perfil do professor eventual da rede estadual de São Paulo. O professor eventual é aquele que, na cadeia da carreira docente, vem depois do efetivo e do contratado em caráter temporário. Ele é um dos exemplos vivos de como ainda há professores em situações de extrema precariedade no Brasil. Mais: de como a universalização do ensino deu conta apenas da quantidade – qualidade ainda é, infelizmente, um objetivo a ser alcançado no sistema educacional do país. A discussão sobre os temporários foi levantada após a instituição da prova seletiva para os temporários pela secretaria estadual de Educação de São Paulo. Os candidatos com a melhor classificação usariam a nota como um dos critérios para atribuição de aulas em 2009. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), indignado, moveu uma ação civil pública contra o Estado, alegando irregularidades na avaliação, já que algumas diretorias de ensino teriam vazado o gabarito da prova. No fim das contas, a juíza Maria Gabriela Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara Cível, determinou a suspensão da prova, por considerar que ela desprestigiava os professores mais antigos, especializados nas disciplinas em que lecionam.
O que fugiu da cobertura da mídia nesse caso foi, em primeiro lugar, a diferença que existe entre o professor contratado em caráter temporário e o eventual. O contrato do primeiro começa no início do ano letivo e dura até a próxima atribuição, no outro ano. Depois, se ele não consegue obter aulas na atribuição, é desligado da rede estadual e tenta ser contratado novamente (como eventual, inclusive). O segundo fica à mercê da ausência inesperada e, muitas vezes, pontual de um professor de uma disciplina. Ele recebe por aulas dadas.
De acordo com a secretaria estadual de Educação de São Paulo, há 90 mil professores temporários na rede, mas não há distinção entre os temporários e os eventuais. “O eventual é um professor que está lá para eventuais faltas. O problema é que o sistema tem muitas faltas. Ele é um tapa-buracos”, aponta Thaís Bernardes, assessora do projeto Nossa Escola Pesquisa a sua Opinião, da ONG Ação Educativa. O presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) usa outra palavra para a condição de eventual: grotesca. “Além de contribuir com a baixa qualidade da educação, a existência desses profissionais contribui para a depreciação de outros professores: há pessoas dispostas a trabalhar em quaisquer condições. Há um exército reserva que enfraquece o poder de reivindicação dos efetivos”, pondera.

Bolsistas foram melhor em 12 das 14 áreas

Folha de São Paulo, 23/04/2009 -
São Paulo SP


DA SUCURSAL DO RIO Elogiado por tucanos e criticado por setores mais à esquerda do PT, o ProUni (Programa Universidade para Todos) é uma das soluções criadas para enfrentar um desafio do ensino superior brasileiro: como há pouco espaço para crescer apenas com os alunos pertencentes às classes A e B, a opção para continuar expandindo o setor é atender um volume maior de estudantes com renda menor. No entanto, como são poucas as vagas em universidades públicas -apenas 23% do total de vagas disponíveis em 2007, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)-, resta aos alunos mais pobres a opção de tentar uma instituição privada. Sem financiamento, porém, muitos evadem ou nem tentam o vestibular. Quando foi criado, um dos receios de críticos do programa era o de que ele afetaria a qualidade. No entanto, o único estudo divulgado até agora mostra que bolsistas do ProUni se saíram até melhor que os demais em 12 das 14 áreas comparadas por meio do Enade (exame aplicado a alunos e que substituiu o antigo Provão). Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação no governo FHC e atual secretário estadual da Educação de São Paulo, já elogiou o programa -por ser uma solução mais barata para expandir o número de matrículas de alunos mais pobres se comparada com o custo do aluno que estuda em uma instituição pública. Mesma opinião tem Simon Schwartzman, presidente do IBGE durante o primeiro mandato de FHC, que prefere a expansão do ProUni à ampliação de cotas em universidades públicas como estratégia para aumentar a presença de alunos pobres no ensino superior. Críticas - Quando lançado, em 2004, o ProUni foi criticado por sindicatos e associações, reunidas no Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, por ser, na opinião das entidades, uma forma de privatização do ensino. O que ainda permanece uma incógnita a respeito do programa do governo federal é o quanto ele efetivamente contribuiu para aumentar a presença de alunos mais pobres no ensino superior. De 2001 a 2007, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, o número de alunos com renda domiciliar per capita inferior a um salário mínimo em instituições privadas cresceu 167% (de 253 mil para 677 mil), considerando a variação do salário mínimo e da inflação. A maior parte desse crescimento, no entanto, ocorreu entre 2001 e 2004 (antes do ProUni), quando esse número estava em 515 mil.

sábado, 18 de abril de 2009

Sistema educacional reproduz a desigualdade socioeconômica brasileira, diz pesquisa

> Folha de São Paulo, 17/04/2009 - São Paulo SP
Da Redação em São Paulo


Alunos que trabalham têm notas menores e filhos de mães que estudaram vão melhor, tanto em escolas públicas quanto em particulares. Essas são algumas das conclusões de pesquisa realizada pela economista Ana Maria de Paiva Franco, da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP), divulgada no Diário Oficial de São Paulo desta quinta-feira (16). A economista queria saber qual era o impacto que as condições socioeconômicas do aluno, da família e da escola exerciam sobre o aprendizado. Ela analisou dados do Censo Escolar e do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) de 1.584 escolas públicas e 978 privadas, entre 1997 e 2005.
Segundo o levantamento, o estudante que trabalha tem até 12 pontos a menos em escolas particulares e 7 a menos em públicas. Alunos cujas mães fizeram primário têm três pontos a mais em relação aos filhos de mães sem estudos; e a pontuação se eleva de acordo com o grau de formação da mãe. Segundo Ana, isso rendatem a ver com o fato de que a familiar tem relação direta com o nível de escolaridade materno. O resultado dos alunos de colégios grandes foi inferior ao de estudantes dos demais, o que sugere, de acordo com a pesquisadora, que é preciso chegar a um "tamanho ótimo" de escola: para isso, será necessário haver mais estudos. O levantamento destaca ainda o impacto negativo no desempenho de estudantes que se declararam negros: eles tiveram notas 14% menores em escolas particulares e 6% mais baixas em públicas.

Residência educacional é debatida no Senado

CNTE



CNTE é a favor da medida, com restrições
Professores da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental poderão passar por uma residência educacional após sua formação em cursos de pedagogia ou licenciatura. Essa capacitação está prevista em projeto de lei (PLS 227/07) do senador Marco Maciel (DEM-PE), analisado em audiência pública, nesta quarta-feira (15), na Comissão de Educação do Senado. Apesar de elogiar a iniciativa, representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), do Conselho Nacional de Educação (CNE), e do Ministério da Educação (MEC) presentes ao debate ponderaram que sua implementação depende de uma fonte de financiamento para custear bolsas de estudo para o educador residente e da negociação de uma política nacional de formação com estados e municípios.

Para a secretária de Finanças da CNTE, Juçara Dutra Vieira, a concretização da residência educacional depende de sua vinculação à uma política nacional de formação de professores e a um plano de valorização profissional, que passa pelo piso salarial nacional de R$ 950 para docentes da educação básica. Ela considerou fundamental a definição de políticas públicas que estimulem a juventude a ingressar no magistério. “Como os jovens vão se motivar a entrar na carreira se o piso dos professores sequer entrou em vigor?”, questiona.
Juçara disse ainda que o ideal seria não restringir a residência ao ensino infantil e fundamental, mas ampliá-la a todas as séries do ensino básico. “Dados do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] mostram que os resultados de desempenho mais frágeis se concentram entre os alunos da 5ª a 8ª séries. Por isso, todos os professores deveriam ser incluídos”, justifica. E destaca a necessidade de convocar estados e municípios para o debate. “O debate é importante e temos que ouvir a opinião de todos, inclusive a de representantes estaduais e municipais”, diz.
Ao falar de seu projeto, Marco Maciel admitiu ter-se inspirado na residência médica, que apontou como avanço na formação dessa categoria. Pelo PLS 227/07, a residência educacional terá carga horária mínima de 800 horas e, dois anos após haver sido implementada, e que será exigido o certificado de aprovação para professores dos dois anos iniciais do ensino fundamental.

As violências que estão na escola

> Revista Nova Escola, Edição 221

Atos como brigas e quebra de móveis podem ter origem na desorganização ou num ensino burocrático, que não privilegia o aluno Fernando José de Almeida Nunca pensei que um dia fosse escrever uma coluna sobre gestão em uma revista educativa de dimensão nacional. Ao assumir o desafio, comecei a lembrar de quanto tempo trabalhei na área e das alegrias que isso me proporcionou. Ser gestor é cuidar da vida da escola, das pessoas, das políticas - afinal, elas também são vivas - e do futuro. Como pedagogo, fui 25 anos diretor de escola de Ensino Médio, depois pró-reitor acadêmico da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e secretário municipal de Educação da capital paulista. A partir de agora, vou reviver essa experiência a cada mês e deixar um pouco de minha reflexão com você, leitor de NOVA ESCOLA, que está interessado em saber mais sobre esse tema. Durante minha trajetória, vi muitas coisas belas, mas outras nem tanto - como a violência, que transborda em muitas escolas. Esse fenômeno - e seus modos de enfrentamento - é o tema deste primeiro artigo. Sei que nas escolas são comuns paredes riscadas, muros pichados, chicletes colados sob o tampo das carteiras e vidros quebrados, além de agressões verbais - com apelidos maldosos - e físicas entre a garotada na hora do recreio e da saída. Fatos desse tipo estão presentes em unidades de ensino de qualquer rede ou país: Brasil, França, Estados Unidos, Finlândia... Os níveis são diferentes - vão da ofensa sutil e fina como um bisturi à aniquilação escancarada como uma bomba.
A chave para a solução da violência pode ser o gestor. Sem ele, nada se faz. Mas ele sozinho não faz quase nada. Ao lidar com a situação, esse profissional convive com diferentes interpretações. Uma delas é a do senso comum, alimentado pela imprensa. De modo geral, os meios de comunicação pouco levam à reflexão. Noto em diversas reportagens um questionamento sobre de quem é a culpa pelos fatos ocorridos em escolas. Dos diretores, que não impõem limites? Dos pais, que são omissos na formação dos filhos? O tom vai pela seguinte linha: "O vandalismo contra os prédios públicos e a agressão a professores se devem a certa frouxidão dos dirigentes, que em tudo concordam com os jovens estudantes, à imagem das famílias. Diretores e docentes têm pulso fraco. A falta de limites dos adolescentes se apresenta como a causa principal da indisciplina."
Por outro lado, os educadores que convivem com as peculiaridades da sala de aula têm o hábito de buscar causas e fazer uma viagem introspectiva à realidade. A pintura recém-feita e agora estragada. As cadeiras quebradas novamente, após terem ficado quatro meses na oficina para ser restauradas. As torneiras arrancadas. Os rolos de papel higiênico entupindo as privadas... O que está acontecendo dentro desses muros? Temos alguma responsabilidade por atos desse tipo? Deveríamos nos prevenir de alguma forma para que eles não se repetissem? Muitas dessas hostilidades que assolam o cotidiano educacional estão relacionadas com a gestão ou com o modelo pedagógico. Professores faltantes, horários desorganizados, salas abarrotadas de crianças e quadras de esportes insuficientes para que os adolescentes sublimem parte de suas energias podem aumentar a probabilidade de indisciplina - que se desdobra em atos de fúria. A alma dessas violências está também nas centenas de aulas nos moldes da Educação bancária denunciada por Paulo Freire. Incluem-se aí atividades repetitivas e sem significado para o estudante, porque a ele não é dada nenhuma forma de participação, e "modelitos" de provas e avaliações que são apenas pegadinhas para reduzi-lo a alguém mais calmo e respeitoso nas próximas aulas no bimestre seguinte. E nesse ponto a figura do gestor - sua sabedoria, capacidade de análise e condição de liderança - faz a diferença. Cabe a ele cuidar do estilo do ensino e orientar os professores: aí está o segredo da disciplina. Sejam quais forem as causas das situações de conflito na escola, cabe a ela, como instituição que tem relativa autonomia sobre seus atos, reconhecer o que é de sua conta e posicionar-se, tomar decisões e agir. Bons exemplos de escolas que trilham esse caminho são contados na reportagem de capa da primeira edição de NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR (de periodicidade bimestral, a revista que chega às bancas em 13 de abril tem como objetivo atender às necessidades de diretores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais). Os casos ali relatados deixam claro que a gestão fez toda a diferença para que essas escolas, situadas em áreas de risco, conseguissem afastar a violência unindo o trabalho pedagógico (reforço de aprendizagem e formação docente) com ações sociais, como abertura da escola para a comunidade e parcerias.
O diretor é o responsável em última instância por propor soluções como as que foram implementadas nessas unidades de ensino - e é comum que esse profissional assuma uma posição assim que fique sabendo de um caso. Embora quase sempre exijam urgência, as respostas às vezes são demoradas. Com calma, como líder da comunidade, ele precisa ainda buscar o comprometimento de alunos, funcionários, pais, coordenadores e professores, já que a decisão surgida de diálogo coletivo é mais eficaz e duradoura. Cabe à escola, afinal, fazer sua parte, que é a Pedagogia, seus métodos e suas organizações internas. Isso inclui construir coletivamente regras sociais sobre procedimentos, deveres e direitos que mencionem as consequências para quem descumpri-las. Assim, todos ficam satisfeitos e se sentem agentes de sua história. Por que não? Regras simples e claras são uma boa saída para resguardar - considerando a autonomia própria do espaço - a tranquilidade, a paz e as condições de aprender e produzir conhecimento.

Limite de alunos por classe vai ser aplicado

> Folha de São Paulo, 10/04/2009 - São Paulo SP

DA FOLHA RIBEIRÃO

Além do fim da progressão continuada, o Conselho Municipal de Educação definiu que vai pôr em prática decisão de 2006 que prevê a limitação de alunos por classe: 25 alunos para os três primeiros anos, 30 para o quarto e quinto anos e 35 para o sexto ao nono ano. "Essa resolução havia sido aprovada em 2006, mas a última administração não a colocou em prática", disse Luiz Lopes, técnico da secretaria. No entanto, ele diz que o congelamento do número de alunos pode provocar um inchaço caso muitos repitam. Na votação de anteontem, algumas emendas sugeridas foram postergadas. Entre elas, os detalhes dos processos de avaliação e de recuperação. Além disso, o conselho pretende, também, impedir a "multirrepetência": o aluno só poderá repetir uma vez em casa série. Ontem, no balanço dos cem dias de governo, a prefeita Dárcy Vera chegou a dizer que a reprovação poderia ficar para 2011. No entanto, a secretária da Educação, Débora Vendramini, disse que será em 2010.

Pesquisa mostra causas da evasão escolar no País

Da Agência Brasil

Brasília - Uma pesquisa sobre motivos da evasão escolar no País será divulgada nesta quarta-feira, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo, coordenado pelo chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV, Marcelo Neri, revela que o Brasil não conseguirá vencer a batalha pela melhoria da qualidade do ensino se não convencer primeiro os principais protagonistas: os alunos e pais.
Realizada com o objetivo de analisar as causas da evasão escolar na visão dos próprios jovens e de seus pais - a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) - e de avaliar a taxa de atendimento escolar - a partir de dados da Pesquisa Mensal do Emprego - o estudo procura saber, por meio de perguntas diretas, por que o jovem não está na escola.
Em entrevista à Agência Brasil, o professor Marcelo Neri antecipa algumas conclusões da pesquisa. Para ele, é fundamental a participação engajada de pais e alunos para que se chegue a bom termo na evolução dos dados da educação.
"A gente pode ganhar todas as batalhas pela melhoria da qualidade da educação, adotando as melhores práticas educacionais, mas se não conseguirmos convencer os principais protagonistas - que são as crianças, os adolescentes e seus país - vamos perder a guerra."
Foram feitas aos estudantes e aos pais perguntas como: porque não estão na escola, pela necessidade de trabalhar, por não ter vaga ou escola perto de casa, por dificuldade de transporte ou por que não querem a escola que aí está?
Na avaliação do professor, as perguntas serviram para derrubar mitos como o de que os jovens de comunidades pobres deixam a escola entre 15 e 17 anos para trabalhar.
Neri antecipou que a piora na evasão escolar, envolvendo os jovens nessa faixa etária, ocorre exatamente quando se junta a oportunidade com a necessidade de trabalhar, ou seja, criança pobre, em uma cidade rica, em época de crescimento acelerado da economia.
Entre as crianças de até 15 anos abrangidas pelo programa Bolsa Família, o papel do benefício é mais importante pelo controle de frequência do que pela própria matrícula, uma vez que nessa faixa etária de 96% a 97% já estavam ou continuam na escola. O desafio maior é na faixa de 16 a 18 anos.
O chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV avalia que o efeito do benefício é mais significativo para o crescimento do número de matrículas nas escolas públicas na faixa de 15 a 18 anos.
"Sou um defensor dessa extensão da cobertura etária do Bolsa Família, porém mais importante do que isso é você aumentar a atratividade da escola. No Brasil, os estudos procuram sempre olhar a questão pelo lado da oferta: você tem que melhorar e incentivar professores. Agora, quando você analisa o desempenho escolar dos alunos, vai ver que 80% das diferenças de notas de aprendizado nos diversos métodos de avaliação se dá por variáveis do domicílio do aluno ou do nível de educação do pai, da mãe ou ainda da renda da família, o que é frustrante para quem está pensando em políticas públicas."
A pesquisa mostra ainda a existência de um gargalo no ensino médio, da mesma forma como já existiu no ensino fundamental, "Esse é o próximo desafio, como foi o ensino fundamental há alguns anos", disse. Na opinião do economista, no entanto, para vencer este gargalo é preciso criar condições de atrair o jovem para a escola. "Mais do que criar uma extensão do Bolsa Família para a faixa até os 18 anos, como foi feito agora, a pesquisa mostra que é preciso despertar e conquistar o interesse do jovem em permanecer na escola."
Enquanto as meninas avançam na escolaridade e ainda assim são mais misteriosas ao falar das razões por que abandonam os estudos, os jovens do sexo masculino são mais diretos: não têm interesse ou têm que trabalhar.
Ao fazer um diagnóstico da situação do ensino no País, com base na pesquisa Motivos da Evasão Escolar, Marcelo Neri admite que o ensino no Brasil está em fase de ensaio, embora ainda atrasado.
"Acho que a gente tem uma situação em que a fotografia é ruim, mas também em que o filme pode ser bom e ter um final feliz se a sociedade se engajar. É bom ressaltar que não adianta um grupo de iluminados, ou que se acha iluminado - seja de pesquisadores, de gestores -, pensar que tem as melhores soluções, se essas soluções não tiverem a consciência, concordância e ação dos pais e dos jovens. "Então, a importância da pesquisa é olhar sobre esse lado da demanda da educação para entender o lado subjetivo do quadro brasileiro", conclui.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Vestibular - os equívocos por resolver

> Agência Estado, 13/04/2009

A proposta para mudar o vestibular está na mesa. As discussões na imprensa revelam duas tendências. De um lado, os que sugerem abortar o debate, em nome da autonomia universitária. De outro, os que já celebram, por antecipação, o fim do vestibular, como se isso fosse possível. Há dois aspectos a considerar. O primeiro deles se refere à unificação do vestibular: o aluno prestará um único exame, num único local, e esse exame servirá para concorrer a vagas em qualquer universidade federal ou, quem sabe, pública. Seja de forma compulsória ou por consenso, esse é o modelo predominante em todos os países desenvolvidos. Apesar dos pruridos relativos ao conceito de autonomia universitária, não deverá haver dificuldades intransponíveis nessa área. A experiência do exame unificado dos mestrados em economia já abriu a picada. Se só isso vingar da proposta apresentada, esse avanço na dimensão da equidade já terá sido um grande passo. Isso também significará maior competitividade para entrar nas melhores escolas, o que contribui para a qualidade.
O segundo aspecto é mais complexo: avaliar o impacto das mudanças no ensino médio. Ao contrário do que está explícito na maioria dos comentários surgidos - as propostas apresentadas em nada mudarão o ensino médio. Vejamos a razão. A proposta veiculada pelo Ministério da Educação (MEC) sugere quatro provas. Duas serão de Português e Matemática. Até aí, tudo bem. As outras duas provas são mais problemáticas, pois se baseiam no ambíguo Enem: uma prova de ciências naturais e outra de ciências humanas. Aqui mora o perigo. Se alguém ainda tiver dúvidas: se o Enem - que chegou até a substituir o vestibular em algumas escolas - não mudou o ensino médio, por que as duas novas provas, que nele se baseiam, mudariam algo? O Enem repousa na ideia de que conteúdos não são relevantes. Relevante seriam "competências gerais" para resolver problemas. Nada de novo, trata-se de uma ideia velha e equivocada. Até o século 18, acreditava-se que quem sabia latim e grego estava preparado para o resto. No século 19, a crença era a de que aprender xadrez desenvolvia a inteligência. E no século 21 ainda há quem acredite nessas tais habilidades gerais de resolução de problemas, independentemente do conhecimento profundo das disciplinas. Em caso de dúvida, o leitor poderá consultar qualquer manual elementar de psicologia cognitiva ou de psicometria.
As pesquisas recentes da neurociência aplicada ao estudo da aprendizagem mostram que os especialistas - ao contrário dos aprendizes - são capazes de adquirir e articular novos conhecimentos com base em extensas redes de informações montadas ao longo de anos de estudo e da lida com um determinado conjunto de conhecimentos. Prova disso é que, em todos os países desenvolvidos, o fim do ensino médio e a entrada nas universidades se dá com base em exames voltados para disciplinas. A única exceção ocorre nos Estados Unidos. Mas, mesmo lá, onde se usa o SAT - um teste de competências linguísticas fortemente relacionado com o Q.I. -, este exame evoluiu e passou a oferecer, desde 2005, testes para avaliar competências nas disciplinas específicas. Nenhum país da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) usa aferições do tipo do Enem para avaliar competências no ensino médio nem para regular a entrada no ensino superior. Em matéria de educação, mais uma vez, estamos na contramão da história. Para quem não gosta de discussões conceituais e teóricas, há outra forma mais fácil e objetiva de avaliar se a proposta do MEC provocará alteração no ensino médio. Basta pesquisar o que pensam e como agem os representantes de boas escolas e os bons professores de ensino médio, que preparam alunos para vestibulares competitivos. Eles irão confirmar que nada mudará, da mesma forma que o Enem nada mudou. A razão é simples: para solucionar problemas é preciso conhecer a disciplina na qual vamos resolver as questões. O Brasil teria muito a ganhar se, em vez de plantar mais jabuticabeiras, copiasse e adaptasse o que há de melhor na experiência internacional. Há lições particularmente importantes a extrair dessa experiência. Devemos manter o exame com foco em disciplinas, e não em conceitos etéreos como os do Enem. Para avaliar competências intelectuais correlacionadas com desempenho acadêmico, melhor seria aplicar o SAT - como faz o Chile. Para avaliar competências mais amplas, inclusive a capacidade de usar conhecimento científico de forma interdisciplinar, teríamos muito a aprender com os programas de ensino médio da Inglaterra. Outra lição consiste em limitar o número de disciplinas obrigatórias para cada aluno - tipicamente se requer no máximo de 3 a 4 exames. O máximo são 7 exames (como no International Baccalauréat), mas, nestes casos, os alunos escolhem três disciplinas principais. Nas outras fazem o teste mais fácil. Esses são os critérios adotados pelos países mais avançados, e que alimentam as melhores universidades do mundo. E nesses países, com raras exceções, o aluno cursa entre 5 e 7 disciplinas no ensino médio.
Usar este tipo de normas tornaria o ensino médio acadêmico mais desafiante, estimulante e relevante para os alunos. As escolas poderiam oferecer várias disciplinas, mas os estudantes só teriam de cursar algumas delas, o que permitiria ter foco e profundidade. É fato que tais decisões só se aplicariam ao ensino médio acadêmico, voltado para o vestibular. E, principalmente, não resolveriam todas as questões do ensino médio, que ainda está à espera de reformas mais profundas. Mas já seria um passo muito importante.

João Batista Araujo e Oliveira

sábado, 11 de abril de 2009

III Semana Acadêmica da Pós-Gradução da FEBF e II Fórum Estadual sobre atendimento educacional em espaço hospitalar -- de 27 a 30 de abril

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INFORMAÇÕES e INSCRIÇÔES http://www.febf.uerj.br/especializa/semana_pg.html
Não serão aceitas inscrições nos dias do evento

PROGRAMAÇÃO GERAL

SEGUNDA-FEIRA – 27/04 - das 14:00 às 18:00 hs
A formação de professores em debate

TERÇA-FEIRA - 28/04 - das 14:00 às 18:00 hs
A pedagogia na sociedade inclusiva


QUARTA-FEIRA - 29/04 - das 14:00 às 19:30 hsII
Fórum estadual sobre atendimento educacional em espaço hospitalar

Programação:

14:00hs - ABERTURA

14:15hs às 14:55 hs - CONFERÊNCIA
Tendências atuais em atendimento pedagógico hospitalar - Armando Arosa

15:00hs às 16:40 hs MESA-REDONDA
Saberes e fazeres pedagógicos hospitalares em questão - Edicléa Mascarenhas Fernandes; Ana Lúcia Schilke e Luciene Braga

16:40 hs às 17:00 hs - INTERVALO

17:00hs às 18:00hs RELATOS DE EXPERIÊNCIAS EM ATENDIMENTO PEDAGÓGICO HOSPITALAR

18:00hs às 18:25hs – PERGUNTAS E RESPOSTAS

18:30hs às 19:30hs PLENARIA PRÓ ENCONTRO NACIONAL

QUINTA-FEIRA- 30/04: das 9:00 às 17:00 hs
I Encontro de alfabetizadores da Baixada Fluminense




Observações

Terão direito à “Declaração de Participação”, os inscritos que tenham suas presenças comprovadas no evento. A presença somente será comprovada através de assinatura em Lista de Presença oficial disponibilizada pela Comissão Organizadora do evento. A referida lista estará disponível somente até os 30 primeiros minutos a contar do início da atividade.
A Comissão Organizadora controlará a frequência e permanência dos participantes. O participante que, mesmo tendo chegado no horário de início da atividade, sair antes do seu término, independentemente das razões alegadas, perderá o direito à “Declaração de Participação”.
O participante que se inscrever em todas as atividades receberá uma única declaração de participação referente à semana de atividades e correspondente carga horária total. Caso o participante se inscreva apenas em atividade isolada, receberá uma declaração com a carga horária do dia.
O participante que se inscrever em todas as atividades e, porventura, faltar a alguma delas, só receberá a declaração pertinente a partir do dia 11/05/2009 na Secretaria da Pós-Graduação da FEBF.
Vagas para cada dia da Semana Acadêmica: 90 vagas
Vagas para II Fórum Estadual sobre Atendimento Pedagógico Hospitalar: 90 vagas


Coordenação Geral

Profº Amélia Escotto do Amaral Ribeiro [DCFE/FEBF]
Comissão Organizadora
Alessandra Ribeiro Baptista
Robson Cavalcanti
Tyara Carvalho de Oliveira
O evento será realizado nas dependências da FEBF/UERJ

Rua General Rabelo s/n - Vila São Luiz - Duque de Caxias

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Comissão do Senado aprova Cesta Básica do Livro

> O Dia, 08/04/2009 - Rio de Janeiro RJ

Brasília - A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou nesta terça a proposta de criação do programa Cesta Básica do Livro. O programa prevê a distribuição de dois livros de literatura por ano para famílias que têm estudantes matriculados no ensino público fundamental. O autor é o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e o relator, Marco Maciel (DEM-PE). O projeto, que é terminativo, segue agora para a Câmara dos Deputados. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) afirmou que o projeto é autorizativo e que teme que ele seja arquivado na Câmara.

Saiba mais sobre as mudanças no vestibular

> Portal Terra Educação, 08/04/2009

No início desta semana, o ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou a proposta de unificar o vestibular das universidades federais do País à Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O modelo permitirá que o estudante faça apenas uma prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, a partir da nota conseguida, defina até cinco cursos que gostaria de freqüentar em ordem de prioridade. A medida foi recebida com entusiasmo pelos reitores e o Ministério da Educação (MEC) prometeu enviar às universidades, nesta quarta-feira, um termo referencial com detalhes técnicos do exame. No entanto, uma nova reunião prevista para o final deste mês deve dar a palavra final sobre o rumo do novo processo seletivo. Em meio às decisões, os estudantes que pretendem realizar o vestibular em 2010 levantam uma série de dúvidas relativas ao novo concurso. O Terra conversou com o MEC para resolver algumas destas questões.

Quantas universidades federais devem adotar o vestibular unificado?
Tanto o MEC quanto a Andifes preferem ser cautelosos com o número de instituições que deverão aderir ao novo Enem.

As instituições serão obrigadas a adotar o modelo?
Não. A primeira bandeira que o MEC levanta é a da autonomia universitária em que deixa as instituições livres para escolher a forma de ingresso para os alunos. O MEC oferecerá o exame unificado e as instituições optarão se querem ou não participar. Elas ainda poderão decidir se utilizarão o exame de forma única ou complementar.

As instituições privadas e estaduais poderão aderir ao sistema?
Essa decisão ficará por conta de cada instituição, pois o MEC não tem poder de regulação sobre elas.

Existe possibilidade de o novo Enem ser realizado em 2009?
Sim. A previsão do MEC é que ele ocorra em outubro, antes do final do ano letivo. O resultado deverá sair em janeiro.

Como o aluno pode se preparar para este concurso? Como será o formato do exame?
Ele será um Enem mais enriquecido. Atualmente, o Enem é composto por 63 questões e o novo terá 200. Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, a prova teria quatro grupos de questões, divididas em Linguagens e Códigos (português e inglês), Matemática e Estatística, Ciências da Natureza (biologia, química, física), Ciências Humanas (história, geografia, ciências sociais, economia) e uma Redação, aplicadas em dois dias.

O aluno aprovado poderá escolher qualquer universidade federal para cursar?
Sim. Em princípio, ele teria cinco opções de curso, podendo ser todos em uma mesma universidade ou em até cinco instituições diferentes.

Como um aluno deverá proceder para realizar a matrícula numa universidade de outro Estado? Ele realizará a prova na cidade em que faz o Ensino Médio e, com a nota obtida, entrará em contato por meio de um sistema online com a instituição que tem interesse. No processo, as universidades deverão abrir um período de inscrições para os estudantes entregarem as notas.

Como deve proceder o aluno que quiser mudar de curso no mesmo ano ou nos anos seguintes? Este ponto ainda não foi definido, mas a decisão deverá ficar a cargo de cada universidade.

A pontuação terá prazo de validade?
O MEC tem interesse que o exame realizado tenha validade por mais de um ano, mas ainda não estipulou esse período. Também deverá ter mais de uma prova por ano.

Como fica a pontuação de quem fizer mais de um novo Enem?
Valerá a nota mais alta.

O aluno poderá realizar mais de um curso simultaneamente?
Essa definição ficará a cargo de cada instituição.

Quais as vantagens do novo Enem?
A preocupação do MEC é com dois pontos principais: conteúdo do ensino médio, que é baseado em uma "decoreba" de fórmulas prontas, e com a mobilidade dos estudantes de baixa renda, que ficam prejudicados pelo sistema atual de vestibulares, no qual precisam viajar até a cidade da instituição para prestar o concurso.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Em 80% das cidades do Ceará professores ganham abaixo do piso

CNTE


Professores de Limoeiro do Norte (CE) formam minoria de docentes que ganham o piso nacional
Mais de oito meses depois da aprovação da Lei nº11.738/08, que institui o Piso Salarial Nacional dos Professores, a norma ainda não foi aplicada de forma efetiva na maioria das cidades cearenses. Segundo estimativa do secretário de Finanças do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc), Anízio Melo, cerca de 80% dos municípios pagam abaixo de R$ 950,00 por 40 horas aula semanais para professores com formação de Ensino Médio, valor estabelecido como piso em julho do ano passado.
Esse, aliás, é o primeiro embate entre gestores e professores. Para a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o valor do piso para 2009 é de R$ 950,00. Os sindicalistas alegam, porém, que sobre esse valor já deve ser aplicado reajuste de 19,2%, totalizando R$ 1.132,40. O percentual é referente à variação do custo aluno/ano do Fundeb de 2008 para 2009, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). A lei cita que esse é o índice a ser usado nas correções anuais a partir de 2009, mas, mesmo assim, a dúvida persiste.
De acordo com o presidente da regional Nordeste da Undime, Flávio Araújo Barbosa, que também é secretário de Educação de São Gonçalo do Amarante, a entidade considera o valor de R$ 950,00 para este ano por entender que o reajuste só deve passar a ser aplicado para a categoria um ano depois da efetivação do piso.
Valor com acréscimo
Para 2009, o texto legal estabelece que os municípios devem pagar, pelo menos, o salário adotado em 2008 acrescido de dois terços da diferença entre o piso estabelecido em lei (R$ 950,00 ou R$ 1.132,40) e a remuneração do ano passado (ver tabela). Contudo, tanto a Apeoc quanto a Undime são a favor de que os vencimentos já sejam pagos integralmente este ano, quando a conta pode incluir também gratificações salariais.
Em 2010, porém, as dificuldades poderão ser maiores para Estado e municípios. Isso porque o valor do piso terá de ser pago de forma integral e, obrigatoriamente, com algum reajuste incluso. Além disso, até lá, o Supremo Tribunal Federal (STF) já deverá ter julgado a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 4.167, movida por seis governadores de Estados - entre eles, Cid Gomes, do Ceará.
Na ocasião, será decidida a legalidade de dois pontos da Lei do Piso, atualmente sub-júdice. O primeiro é o estabelecimento de um terço da carga horária dos professores para atividades extraclasse, como planejamento de aula e aprimoramento profissional.
O outro é a determinação de que, a partir de 2010, o valor do piso deverá corresponder à remuneração básica, sem incluir as gratificações.
Saber ao certo quantos e quais municípios se adequaram à Lei do Piso é difícil. Undime, Apeoc e Assembléia Legislativa do Estado do Ceará não têm a informação precisa. Em consulta feita pela Undime às secretarias municipais de educação, a pedido da reportagem do Diário do Nordeste, apenas cinco gestores declaram ter se adequado ao piso nacional. Juntando com informações colhidas com a Undime, a Apeoc e as sucursais do jornal no Interior, é possível concluir que outras 11 cidades também já se adaptaram - na maioria dos casos, considerando os R$ 950,00.
Segundo Anízio Melo, a média salarial paga hoje em muitos municípios cearenses é de um salário mínimo, excluindo gratificações. "Professores que têm jornada de 20 horas chegam a receber menos de um salário mínimo", denuncia. O representante da Apeoc lembrou que os professores estão mobilizados para cobrar a aprovação da lei original do piso pelo STF, incluindo a incorporação das gratificações e a carga horária extraclasse.
Já Flávio Barbosa lembra que a maioria dos municípios já paga valores próximos do piso, considerando o vencimento mais as gratificações, e as câmaras municipais estão aprovando as propostas de reajustes para 2009. O secretário acredita que a partir de 1º de maio - data-base da maioria das cidades - mais de 50% delas terão se adequado à lei federal.
Necessidade de planejamento
Conforme o representante da Undime, as prefeituras deverão aproveitar o tempo anterior à decisão do STF sobre a Adin 4.167 para se planejar para a necessidade de contratar mais professores, caso a reserva de um terço da carga horária para atividades extraclasse passe a valer. "Não podemos ficar esperando enquanto o Supremo não julga e sim nos planejarmos. E se a decisão for a favor?", adverte.
Barbosa instrui os municípios que procurem saber se há professores concursados disponíveis para assumir eventuais vagas que precisem ser criadas pelas prefeituras ou se haverá a necessidade de realizar novo concurso. Um exemplo é o município de Limoeiro do Norte, que aprovou piso de R$ 1.132,00, um terço de atividades extraclasse e contratação de 86 novos docentes.

Fonte: Diário do Nordeste, 6/4/2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Professores planejam paralisação nacional para o dia 24 de abril

CNTE - 03/04/2009 - 13h06

da Agência Brasil
O presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Roberto Leão, afirmou nesta sexta-feira, durante reunião com representantes de sindicatos da categoria de todo o país, que os professores devem paralisar as atividades no dia 24 de abril. A categoria cruza os braços por 24 horas para exigir o cumprimento da lei que institui o piso do magistério no valor de R$ 950.
"Nosso indicativo é para o dia 24 de abril. A data não deve ser alterada porque foi uma sugestão dos Estados", afirmou Leão.
A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em julho de 2008 e prevê que o piso nacional seja pago a todos os professores da rede pública para uma carga horária de 40 horas semanais, a partir de 2010.
O aplicação da Lei se dará de forma progressiva. O primeiro reajuste seria em janeiro de 2009, entretanto alguns Estados não o fizeram por considerar a lei inviável do ponto de vista orçamentário.
Em outubro do ano passado, governadores de cinco Estados entraram com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a lei. A Adin questionava a denominação "vencimento básico", em vez de "piso salarial". O vencimento básico não contemplaria as gratificações, que passariam a ser recebidas com as horas extras, o que ultrapassaria o orçamento dos Estados.
O STF definiu, em dezembro, que o piso salarial entraria em vigor em janeiro e que o aumento do tempo de planejamento de aulas para um terço da carga horária de trabalho do professor, previsto em lei, ficaria suspenso até novo julgamento.
"Queremos que o Supremo julgue o mérito da ação o mais rápido possível. Os governos estaduais tiveram oportunidade de opinar durante a votação da lei no Congresso Nacional. É um absurdo que agora posicionem-se contra", afirmou Roberto Leão.

Fila por vaga em creches ganha 30 mil crianças em 3 meses em São Paulo

Folha On line - 03/04/2009 - 09h22
ADRIANA FERRAZLÍVIA SAMPAIO
do Agora

A fila de espera por vagas nas creches e nas pré-escolas da rede municipal de São Paulo cresceu 40% em três meses. No período, o déficit na educação infantil (zero a seis anos) passou de 72.192 para 101.719 nomes.
A maior fila continua sendo por uma vaga em creches municipais ou conveniadas. São 67.619 crianças (de zero a três anos) cujos pais não conseguem lugar, diferença de 10 mil no período --em dezembro, eram 57.607. Na pré-escola, há 34.100 na lista, contra os 14.585 anteriores.
No último cálculo, divulgado há menos de um mês (com dados de dezembro), o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, afirmou que os números estavam próximos da realidade. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) seguiu a mesma linha. Em 14 de março, durante evento, ele disse que os dados estavam corretos e elogiou o sistema de recadastramento adotado pela secretaria, com o envio de cartas às mães interessadas.
O modelo escolhido, porém, foi criticado por especialistas e questionado pelo próprio secretário. Schneider comentou, em seu blog na internet, que solicitou uma revisão dos dados, já que 76 mil cartas não haviam retornado.
"A primeira parcial mostra que 4.881 desistiram da vaga e 24.143 já constavam como matriculados. Os 46 mil restantes não devolveram a carta confirmando o cadastro por uma série de motivos [desistência da vaga ou mudança], mas continuam com seu direito garantido caso retornem a procurar a rede", escreveu o secretário em seu blog.
A promessa de zerar a demanda em creches é uma das principais promessas feitas por Kassab durante a campanha eleitoral do ano passado. Nesta semana, o prefeito reafirmou o compromisso na apresentação do plano de metas de sua gestão.
Para alcançar o objetivo, a prefeitura planeja firmar parcerias com a iniciativa privada para a construção e coordenação de novas unidades. O acordo apressaria o processo e reduziria os custos da gestão.
O TCM (Tribunal de Contas do Município) estuda o projeto para decidir se o aprova ou não na próxima semana.
Bairros nobres
Na comparação por distrito, três áreas nobres da capital registram as maiores diferenças percentuais, dos últimos três meses, na fila por uma vaga em creche. São eles: Campo Belo (aumento de 140%), Itaim Bibi (129%) e Pinheiros (84%).
Quando a análise é por números absolutos, áreas mais carentes da zona sul lideram o ranking. Em Cidade Dutra, o crescimento real foi de 628 vagas. Em Cidade Ademar, outras 583 entraram na fila e, no Campo Limpo, 559. A região é tradicionalmente a mais carente da educação infantil. No Grajaú, o distrito campeão, 3.858 crianças estão à espera de um lugar. A conta por distritos mostra que só 16 dos 96 reduziram a procura. A principal queda, 79%, foi registrada na República (região central). Em seguida, no lado positivo da lista, estão Perdizes (com -54%), Marsilac (-44%) e Lapa (-15%).


Outro lado

O secretário Alexandre Schneider afirmou ontem que o aumento na fila é motivado pela oscilação na procura. "As mães começam a cadastrar seus filhos cada vez mais cedo, principalmente até março. Os números de dezembro é que mostram quantas crianças não conseguimos atender. São 57 mil, em creches."
Na pré-escola, as diferenças são maiores porque as crianças com mais de três anos que não conseguiram vaga em creches passam para outra lista. A pasta afirma ainda que já criou, neste ano, 7.000 vagas em creches e 3.600 em pré-escolas.

sábado, 4 de abril de 2009

Votação do projeto de cotas universitárias é adiada no Senado; Andifes é contra proposta

Publicada em 01/04/2009 às 19h50m

Demétrio Weber

BRASÍLIA - A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), entidade que reúne os reitores das universidades federais, é contra o projeto de cotas em discussão no Senado. Ao participar de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça, nesta quarta-feira, o presidente da Andifes, Amaro Lins, disse que o projeto fere a autonomia universitária.

- Somos contra a aprovação de projeto passando por cima da autonomia das nossas instituições - disse Amaro Lins.

A votação do projeto, que estava prevista para começar hoje, foi adiada. O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) é autor de outro projeto de reserva de vagas em universidades federais e pediu que sua proposta fosse apensada ao projeto em análise na CCJ, isto é, que tramitasse em conjunto.

Com isso, a comissão ficou impedida de votar o texto, já que antes seria preciso que a mesa diretora do Senado aprovasse o pedido de Perillo. No meio da tarde, Perillo leu o requerimento em plenário, abrindo caminho para que seu projeto seja apensado ao outro. Na prática, a medida retardou a votação na CCJ, que ficou agora para a próxima quarta-feira.

A audiência pública de hoje foi a terceira promovida pela CCJ. O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, foi o primeiro falar. Ele defendeu o projeto que reserva 50% das vagas nas universidades e escolas técnicas federais para alunos que tenham cursado o ensino médio em escola pública, com subcota para pretos, pardos e índios proporcional ao percentual representado por essas etnias na população de cada estado.

- Uma grande nação não se constrói em cima de desigualdades. A universidade também ganha abrigando a diversidade que é a sociedade brasileira - declarou o ministro.

Segundo ele, o Brasil precisaria de pelo menos três décadas para superar as disparidades entre negros e brancos, caso mantivesse o ritmo de crescimento e inclusão social anterior à crise econômica mundial. As cotas, argumentou, ajudariam a acelerar o processo. O ministro lembrou que o programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas em instituições privadas a alunos de baixa renda, já reserva vagas para negros e índios.

O presidente da Andifes, contudo, lembrou que as universidades participam do ProUni por adesão, em busca de isenções fiscais. Assim, segundo o reitor, seria respeitada a sua autonomia.

O pesquisador associado do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade e ex-presidente do IBGE Simon Schwartzman criticou o projeto de cotas. Para ele, a reserva de vagas beneficia um número reduzido de pessoas, não garante a permanência do estudante e põe em risco a qualidade do ensino.

Schwartzman condenou também os critérios raciais e de formação em escola pública para selecionar cotistas, afirmando que o único critério adequado é a renda familiar. Ele defendeu inclusive que alunos de famílias ricas paguem mensalidades nas instituições públicas.

- Forçar a inclusão sem saber se o estudante vai concluir o curso é uma política populista - disse o ex-presidente do IBGE.

O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Ismael

Cardoso, defendeu as cotas. Para ele, a subcota racial busca reparar injustiças históricas decorrentes da escravidão e da falta de ações afirmativas na época da abolição.

- O apartheid no Brasil foi muito mais silencioso. Não houve confronto, mas vem acontencendo. A universidade pública tem que servir à população - disse Ismael.

O presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que a relatora Serys Slhessarenko (PT-MT) apresentará novo parecer tão logo o projeto de Marconi Perillo seja apensado ao atual. Como Serys promete manter o texto que veio da Câmara, Demóstenes pedirá vistas e redigirá um substitutivo para voto em separado. Daqui a duas semanas, segundo ele, a CCJ deverá escolher entre o relatório de Serys e o seu. Se aprovada, a proposta seguirá para a Comissão de Educação do Senado.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mudança no vestibular

Estado de Minas, 03/04/2009 -
Belo Horizonte MG

Proposta do MEC pode ser início de revolução no ensino médio


O Brasil está diante de uma boa oportunidade para melhorar o currículo escolar a que estão submetidos nossos jovens e crianças. O Ministério da Educação (MEC) prepara um projeto que promete movimentar especialistas e profissionais da educação em todo o país. Está aberta a temporada de debate da proposta de acabar, ainda este ano, com o vestibular tradicional das universidades públicas. Ele seria substituído por uma ou mais provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mais do que mudar a fórmula atual de seleção de quem vai ingressar numa faculdade pública, a novidade, dependendo de como for adotada, pode significar a largada para um salto que se torna cada dia mais urgente: o da qualidade do ensino, se não do fundamental, pelo menos o do nível médio. A proposta já está com os reitores e, como as universidades têm autonomia, sua implantação vai depender do colegiado de cada uma delas. Eles podem rejeitar ou aceitar o modelo, acrescentando exames ou critérios próprios para seus cursos. As faculdades particulares vão aderir apenas se quiserem. Pela proposta do MEC, o novo vestibular prevê a aplicação de quatro provas com 50 itens de múltipla escolha cada uma, divididas por áreas de conhecimento: linguagens (português, redação, inglês ou espanhol), ciências humanas, ciências da natureza e matemática. Os exames poderão ser aplicados mais uma vez por ano, podendo ser repetido pelo mesmo aluno, em busca da melhor nota. Outra mudança importante é a criação de uma espécie de portabilidade. Aplicado no mesmo dia, o exame básico nacional será igual para todas as universidades, dando ao aluno de qualquer estado o direito disputar, com a nota que obtiver, uma vaga em qualquer universidade federal do país. Ele vai ficar apenas na dependência de atender ao critério mínimo exigido para o ingresso em cada uma delas. O ministro da Educação, Fernando Haddad, argumenta que o novo exame poderá ir além da memorização exigida atualmente, acrescentando a aferição da capacidade analítica do candidato.
É certo que o velho vestibular estava mesmo passando da hora de ser substituído. Com suas pegadinhas e espertezas, as provas atuais mais parecem um naufrágio promovido pela universidade que, em seguida, recolhe alguns sobreviventes. E, com esse espírito, acabou moldando os currículos e a didática da maioria das escolas públicas e privadas do ensino médio, sem contar a indústria dos cursinhos especializados, aos quais têm acesso apenas os alunos de famílias de renda mais alta. Mas de nada vai adiantar trocar seis por meia dúzia. Esta é a oportunidade para se fazer esforço consistente de requalificação do ensino médio, que deixaria de ter uma única e estreita porta de passagem para a universidade. Poderia ser aperfeiçoado o sistema de aferição individual ao longo do curso. Com isso, seriam desenvolvidos currículos e provas mais inteligentes. Quanto à portabilidade, se o aluno de região menos desenvolvida poderá disputar vaga na UFMG, tendo nota para isso, é bom lembrar que a recíproca é verdadeira. Isso poderá gerar desequilíbrios inconvenientes para os alunos de regiões mais pobres. Se é verdade que o problema da educação no Brasil permanecerá sem solução, enquanto não se fizer uma revolução na qualidade do ensino em geral, a mudança no vestibular pode ser um ponto de partida.

Um sistema de ensino reprovado

Folha Dirigida, 02/04/2009 -
Rio de Janeiro RJ

O resultado da avaliação feita pela Secretaria Municipal de Educação para medir o nível de aprendizagem dos alunos impressiona. Dos 460.453 alunos do 3º ao 9º ano avaliados, 286.571 mil precisam de aulas de reforço escolar em Português e Matemática. No entanto, a situação é ainda mais grave entre os alunos do 4º ao 6º ano, onde 28.879 estudantes foram considerados analfabetos funcionais, ou seja, aprenderam a ler, mas não conseguem entender o que está escrito. Os dados foram divulgados na última terça-feira, dia 31, pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, e pela secretária de Educação, Cláudia Costin. O ponto fraco dos alunos nas avaliações foi a prova de Matemática, que revelou que mais de 205 mil alunos apresentam defasagem de conhecimento na disciplina. Já em Português, cerca de 109 mil jovens necessitam de aulas de reforço. Nesses números estão inclusos os analfabetos funcionais que também realizaram os exames. Para Eduardo Paes, esses números são assustadores. "Verificamos que metade de nossos alunos precisam de reforço escolar. No entanto, é bom saber que já possuímos esse diagnóstico para resolvermos o problema. Não podemos culpar a aprovação automática por isso, mas sei que esse sistema contribuiu muito para o desânimo da rede municipal".
Segundo a secretária de Educação do município, Cláudia Costin, o resultado revela uma falha na política educacional. "Era importante ter detectado os analfabetos funcionais e as crianças que precisam de reforço antes, não necessariamente para repetir de ano. Mas, uma criança analfabeta no sexto ano é prova de que o sistema falhou. Houve um erro sério na política educacional", enfatizou. De acordo com os dados apresentados, há diferenças de desempenho entre as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs). A 10ª (Santa Cruz, Paciência, Guaratiba e bairros vizinhos) e a 1ª CRE (Centro e Zona Portuária) apresentaram os piores resultados, com 17,13% e 15,90% de analfabetos funcionais, respectivamente. Ainda segundo Costin, outro dado preocupante é o baixo desempenho dos alunos das 150 escolas que ficam em áreas de risco, chamadas de Escolas do Amanhã.
"Está comprovado que a violência afeta a aprendizagem, tanto gerando bloqueios cognitivos para essas crianças, quanto não atraindo professores para essas escolas", declarou a secretária. Um terceiro problema ressaltado na avaliação é a defasagem idade/série - crianças com, no mínimo, dois anos a mais do que a idade desejada para aquela série. Em toda a rede, 10.500 alunos estão nessa situação. No entanto, a secretária afirmou que esse problema não será resolvido este ano. "Vamos priorizar o analfabetismo funcional e o reforço escolar, que serão enfrentados ao longo de todo o ano".

Resultados não surpreendem educadores


Para educadores e especialistas da área, o diagnóstico revelado pela Secretaria Municipal de Educação não é surpreendente. Segundo eles, basta acompanhar os sistemas de avaliação como Saeb, Enem e Enade, para perceber que os indicadores de desempenho ilustram a pouca efetividade do sistema educacional brasileiro. De acordo com a professora do departamento de Educação da PUC-Rio Zaia Brandão, os resultados da avaliação mostram que a democratização do acesso ao ensino fundamental não é suficiente. "Não basta que todas as crianças de 7 a 14 anos estejam na escola, é preciso que as escolas lhes ofereçam condições de aprendizagem dos conteúdos e habilidades referentes a cada etapa", explicou.
Zaia, que também é pesquisadora em Sociologia da Educação pela PUC-Rio, aponta as possíveis causas para o baixo rendimento dos alunos. "Há falhas pedagógicas tanto na formação de professores, quanto nos processos de ensino. Nossas escolas têm uma das jornadas escolares mais reduzidas do mundo, para o projeto de atender a uma população, que numa grande proporção, é a primeira geração da célula familiar a ter acesso a uma escolaridade ampliada", comentou. A educadora ressaltou ainda que políticas de incentivo legais à permanência dos alunos, como bolsa-escola e merenda escolar, tentaram reduzir a evasão. No entanto, Zaia ressalta que: "a permanência com efetiva aprendizagem é ainda um desafio às políticas de melhoria da qualidade de ensino".
O sistema de progressão continuada, implementado na gestão anterior, para também tentar diminuir o fluxo escolar, contribuiu para os resultados divulgados pela atual secretaria, afirmou a educadora. "As escolas devem ser capazes de atender adequadamente os perfis cognitivos, culturais e sociais que cada criança e jovem trás com sua história pessoal. Que a repetência era um grande problema, e na maioria das vezes não implicava em estratégias mais adequadas para resolver as dificuldades do ensino (das escolas) e de aprendizagem (dos alunos), é indiscutível. Mais simplesmente superar a `pedagogia da repetência´ não resolve o problema", declarou Zaia. Professora do Departamento de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Bertha do Valle, compartilha da mesma opinião. Segundo a educadora, um dos grandes problemas do ensino é a falta de qualificação dos professores. "A crise na educação não começou na última gestão, ela perdura há uns 15 anos e isso é refletido no curso de formação de professores. Muitos alunos do ensino superior, que passaram por um vestibular puxado, escrevem muito mal. Na parte de Matemática, às vezes, tenho que explicar o conteúdo. E essas pessoas serão e são os futuros professores de nossa cidade. Isso demonstra que o problema é cíclico e precisa ser resolvido rapidamente". Para a educadora outro ponto que chama atenção é o horário de funcionamento das escolas. "As crianças passam muito pouco tempo no colégio. São muitos conteúdos para serem lecionados em poucas horas de aula. Além disso, as turmas grandes não permitem uma atenção individual do professor com o aluno. Esses profissionais, muitas vezes, também, não podem ficar depois do horário para tirar dúvidas, pois trabalham em mais de um estabelecimento", disse.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Escolas municipais na trincheira contra a violência

Há colégios com plano de emergência para tiroteio e vizinhos à área onde corpos são deixados

POR CELSO OLIVEIRA, RIO DE JANEIRO

Rio - São 11h50 de uma segunda-feira e a saída dos alunos da Escola Municipal Assis Chateaubriand, em Vila Isabel, está suspensa. Não se ouve a algazarra típica dos jovens: o som assustador de tiros invade os corredores onde eles estão sentados no chão, como numa trincheira, para escapar de balas perdidas. Eles seguem plano de emergência aplicado pela direção quando explode a violência no local. A rotina de medo não é exclusiva da unidade, que fica numa das entradas do Morro dos Macacos. A escola é uma das 150 da rede municipal que recebem a partir de maio o projeto Escolas do Amanhã, da prefeitura. O objetivo é transformar a realidade educacional em áreas dominadas pelo tráfico e milícias com atividades culturais e esportivas.“Conflitos armados afetam a aprendizagem das crianças”, observa a diretora da Assis Chateaubriand, Isabel Cristina Azevedo, que trabalha com 410 alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, a maioria, do Morro dos Macacos. Em março de 2007, uma das alunas, Alana Ezequiel, 12 anos, morreu atingida por bala de fuzil nas costas. O tiro foi disparado em confronto entre traficantes e PMs. Estudante do 4º ano, ela tinha acabado de deixar a irmã caçula numa creche na favela.O plano de emergência prevê outras medidas. Quando começa troca de tiros, a turma que faz Educação Física na quadra já sabe que deve entrar no prédio pela cozinha, o acesso mais próximo. Em dias normais, o trânsito dos jovens é proibido ali. Quando cessa o tiroteio, estudantes recolhem cápsulas de fuzis na calçada da escola — 15 cápsulas de calibre 5.56 e fragmento de um projétil foram entregues a professores e estão guardados na direção. Segundo a diretora, balas perdidas já atingiram o prédio e até um portão interno perto da entrada, mas até hoje ninguém foi atingido dentro do colégio.A comunicação entre as quatro unidades municipais no morro é outra medida para salvar vidas. Quando a polícia entra na favela pelo acesso ao lado da Assis Chateaubriand, a diretora telefona para o Ciep Salvador Allende e as escolas Mário de Andrade e Noel Rosa. Se bandidos rivais do Morro dos Macacos ou policiais entram por outros acessos, são outras unidades que alertam a Assis Chateaubriand. A partir daí providências são tomadas, como a suspensão do recreio. Em 2008, a Assis Chateaubriand foi incluída pela primeira vez no Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE). Seu desempenho ficou abaixo da média estipulada pelo governo federal. Para a diretora, a culpa é da violência, que causou impactos em índices medidos pelo PDE, como o de reprovação.

CADÁVERES NO CAMINHO ATÉ A ESCOLA

No caminho dos alunos da Escola Thomas Jefferson, em Acari, há áreas demarcadas por quadrilhas de traficantes rivais de cinco favelas. Às vezes, eles também cruzam com corpos num terreno baldio em frente. A violência reduziu em 10% o número de alunos matriculados este ano na unidade, também beneficiada pelo Escolas do Amanhã. “Em janeiro, algumas mães no polo de matrícula não queriam os filhos aqui, dizendo que a toda hora aparecem cadáveres por perto”, lamentou a diretora Célia Regina Honorato Oliveira.Da janela na sala da direção, Célia vê o monte de restos de obra e mato alto, onde corpos são abandonados: “Já pedimos providências à CRE (Coordenadoria Regional de Educação) para esse terreno”. “Passo todo dia na boca de fumo pra vir estudar. Vejo todo mundo armado e se drogando”, conta M., 11 anos.Na divisa entre Vigário Geral e Parada de Lucas, o Ciep Mestre Cartola, outro incluído no projeto, também é cercado de violência. Dia 10, PMs entraram na escola em busca de armas e drogas sem autorização. O fato foi comunicado à Secretaria de Segurança.Hoje, professores das redes municipal e estadual prometem cruzar os braços. Eles farão manifestação às 10h na Prefeitura do Rio.

Alunos agressivos e desanimados

Agressivos, desatentos e desanimados. O comportamento de alunos da rede municipal que convivem com a violência das comunidades é enfrentado pelos professores como uma equação difícil de se resolver. “Não posso demonizar o aluno que me agride. As perspectivas de vida dele são limitadas e precisamos buscar soluções para reverter isso”, ensina o professor de História Affonso Celso Pereira.Em julho de 2008, ele saía da Assis Chateaubriand quando se deparou com fuzis da PM apontados em sua direção. E já presenciou tiroteios. A proximidade de casa e o desejo de ajudar a melhorar a vida dos alunos são as razões da escolha arriscada. A diretora Isabel Cristina costuma alertar os professores novos: “Aviso logo: ‘De vez em quando você pode tomar uns sustos’”. Professora de turmas de portadores de necessidades especiais, Marluce Fernandes da Conceição também resiste a sair da Thomas Jefferson, em Acari, apesar da violência que fez a unidade ser escolhida para o projeto Escolas do Amanhã. Em 2000, quando estava no fim da gravidez, confronto obrigou a suspensão das aulas. “Eu e outras colegas passamos muito mal”, recorda ela, que se intitula ‘caroneira’, pois vai embora com professores que têm carro para evitar o perigo de esperar ônibus no breu da Av. Pastor Martin Luther King Jr.

Aula aos sábados para 11 mil

Prefeitura do Rio pagará bônus a professor pela realfabetização de alunos do 6º ano no fim de semana
O Dia
POR CAROL MEDEIROS, RIO DE JANEIRO

Rio - No fim do mês, 11.078 alunos da rede municipal começam a ter aula aos sábados. Como o número de analfabetos funcionais é alto e falta espaço nas escolas para abrigar, além das turmas convencionais, as de realfabetização e as de reforço, a secretaria decidiu que os estudantes do 6º ano continuarão em suas classes normais durante a semana e terão as aulas para aprender a ler aos sábados. Nas séries mais baixas, eles serão retirados das turmas de origem. “Não imaginávamos que fossem tantos e não dá para colocar 35 alunos por sala. Para funcionar, elas não terão mais do que 25 pessoas”, explica a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin. Serão 350 turmas só para o 6º ano — 12,42% dos matriculados nesta série não passaram no provão. Para as aulas de realfabetização, a secretaria convidará 350 professores da rede e oferecerá adicional para que trabalhem no fim de semana. O valor será estipulado até segunda-feira, e os interessados devem procurar a direção das escolas.“O projeto para essa série é inovador e está quase pronto. Esses jovens já passaram muitos anos na escola. Decidimos deixá-los nas suas turmas e fazer horas a mais de realfabetização, que vai durar oito meses. Dessa forma não sobrecarregamos as escolas que não têm espaço”, explica Costin.Ao fim dos oito meses, alunos serão reavaliados. Dependendo do resultado, eles podem até ser obrigados a repetir os oito meses dedicados à realfabetização. “O que não vamos fazer é empurrar o problema”, afirma a secretária.

Alfabetização diária em outras séries


Outras 407 turmas de realfabetização serão montadas em escolas municipais para abrigar os alunos de 4º e 5º anos identificados como analfabetos funcionais no provão de Português e Matemática. Ao contrário dos alunos do 6º ano, os estudantes dessas duas séries serão retirados de suas classes de origem e terão aulas de alfabetização todos os dias. O teste revelou que 17,6% (10.743) das crianças do 4º ano não sabem ler nem escrever. No 5º ano, são 11,6% (7.058).Ao fim dos oito meses de aula, todos farão novos testes para saber se conseguem ou não voltar para série que cursavam até então. Se for necessário, um estudante retirado do 4º ano para se realfabetizar pode ter que repetir a alfabetização no ano que vem. “Esperamos sucesso de cerca de 95%. Nos casos que falharmos, recomeçaremos o processo. Não vamos desistir de nenhuma criança”, afirmou Cláudia.

Estudantes farão testes de visão e audição

Além de combater o déficit no aprendizado com aulas de reforço, a secretaria vai tentar identificar razões extraclasse para o fraco desempenho dos alunos da rede. Ainda este mês, médicos da Secretaria Municipal de Saúde irão às escolas para fazer testes de visão e audição no estudantes. “Dificuldade de enxergar, por exemplo, pode criar uma barreira na criança. Assistentes sociais e psicólogos da Secretaria de Educação também farão exames para saber se algum problema psicológico está interferindo na vida escolar do aluno”, explicou Cláudia. A forma como as aulas de reforço serão oferecidas aos que tiveram desempenho abaixo do esperado será decidida pelas próprias escolas. Elas têm até dia 8 para enviar o planejamento à secretaria. Com base nos cadernos de reforço preparados pelo órgão, as unidades vão decidir se oferecerão aulas com professores, monitores ou voluntários ou ainda se vão optar por exercícios para serem feitos em casa.Dos 460 mil alunos que fizeram o Provão, 38,7% foram reprovados em Matemática e vão ganhar aulas extras. Só no 6º ano, mais da metade dos alunos (54,6%) falharam com os números.

CNE discute diretrizes do ensino nacional

> Folha Dirigida, 31/03/2009 - Rio de Janeiro RJ

Marcelo Bebiano


Presidente do Conselho Nacional de Educação, a pedagoga Clélia Brandão Alvarenga Craveiro considera que são necessárias mudanças nas diretrizes curriculares do ensino médio brasileiro para uma real adequação do país à realidade do mundo moderno, aproximando o jovem da escola e preparando-o melhor para o mercado de trabalho. A educadora destacou, em entrevista à Folha Dirigida, que nas últimas décadas o mundo passou por grandes transformações, principalmente na área tecnológica, o que torna urgente a adequação das instituições de ensino ao perfil dos estudantes, transformando as escolas em locais mais próximos à realidade dos alunos. "Por isso, o Conselho Nacional de Educação está discutindo o assunto, através de comissões de especialistas, com um diálogo muito próximo com o Ministério da Educação, levando em consideração a opinião da sociedade". Reitora e professora titular da Universidade Católica de Goiás, Clélia Craveiro adverte que os conteúdos do ensino médio precisam ser atualizados, deixado de lado a educação anterior, que privilegiava a assimilação de datas e nomes. Ela considera fundamental formar um aluno mais crítico, reflexivo e investigador para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e dinâmico.

Ministro defende as cotas raciais nas universidades

> O Tempo, 02/04/2009 - Belo Horizonte MG


BRASÍLIA. O projeto que estabelece um sistema de cotas nas universidades voltou a ser discutido ontem na Comissão de Constituição de Justiça do Senado. O ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, participou de audiência pública e defendeu a proposta. O ministro sustentou que estudos mostram que a adoção das cotas como critério de seleção de alunos não deve acirrar conflitos raciais no país. A proposta em análise na CCJ determina que 50% das vagas serão destinadas aos estudantes das escolas públicas. As vagas vão obedecer à proporção de negros, índios e pardos em cada Estado. Deste total, metade dos alunos deve ter renda familiar de até um salário mínimo e meio por pessoa. Pelo texto, as universidades terão o prazo de quatro anos para o cumprimento das regras, implementando no mínimo 25% da reserva de vagas determinada pelo projeto a cada ano. O projeto faculta às instituições privadas de ensino superior o mesmo regime de cotas em seus exames de ingresso. O ministro afirmou ainda que o desempenho dos alunos cotistas reforça os argumentos a favor da fixação das cotas. "Temos pesquisas feitas por instituições sérias como a Universidade de Brasília que mostram que o desempenho escolar dos alunos cotistas é igual ou superior aos dos demais alunos. Há uma certa deficiência na área de exatas, mas que são resolvidas pelas monitorias. Não há rebaixamento por causa da política de cotas’’, disse.Polêmica - Discriminação. Para o presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o projeto de cotas pode incentivar a discriminação. "A cota que eu defendo é a social para estudante pobre’’, afirmou. Defesa. A senadora Ideli Salvatti defendeu a proposta: "Não vivemos em uma sociedade justa que permite a mesma oportunidade para todos".


Portal UOL Educação, 01/04/2009

Associação de reitores de federais é contra cotas na universidade


Da Agência Senado

A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) é contrária ao projeto de lei da Câmara que institui cotas sociais e raciais para ingresso de estudantes nas universidades e nas escolas técnicas federais. Ao justificar a oposição, em audiência na CCJ (Comissão de Constiuição, Justiça e Cidadania), nesta quarta-feira (1º), o presidente da entidade, Amaro Lins, disse que, por ter caráter impositivo, a medida "passa por cima" do principio constitucional que garante autonomia às universidades.
"A proposta abre espaço para que várias outras ações possam vir e por abaixo tudo o que foi construído por nossas universidades, que tem oferecido contribuição fundamental para a geração de conhecimento e para a formação de nossa juventude", argumentou. Amaro Lins, que é reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), disse que, mesmo sem legislação sobre cotas, 35 das 45 universidades associadas à Andifes já desenvolvem diferentes tipos de ações afirmativas relacionadas ao ingresso de alunos. No caso da UFPE, observou, vem sendo oferecida uma bonificação de 10% na pontuação do vestibular para estudantes oriundos de escolas públicas. A audiência - retomada à tarde, depois de interrupção dos debates para votações - foi a última para discussão da matéria. Por razões diferentes, o ex-presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Simon Schwartzman também se manifestou contra a aprovação do texto. Segundo ele, o projeto beneficia um número restrito de pessoas, prejudica outras e carregaria o "defeito" de não alterar o quadro de exclusão social. "Acredito que uma política de inclusão efetiva deve se basear em critério de renda, o único que nos permite ter clareza a respeito de sua aplicação. A cota para escola pública também é discriminatória, já que muitos alunos pobres estudam em escolas privadas porque o ensino médio público é desastroso. Eles serão punidos", disse.
Com base nas estatísticas de composição de raça e renda do país, Schwartzman estimou que, na hipótese mais radical, a aplicação do sistema de cotas do projeto poderá deslocar das universidades públicas 150 mil estudantes pobres, apenas porque são bancos ou passaram por escolas privadas. Em sua opinião, a maneira correta de enfrentar o tema da inclusão é por meio da ampliação do acesso ao ensino, em todas as etapas, sem descuidar da qualidade. No caso das universidades, destacou a importância de investimentos para reverter a alta taxa de evasão e na diversificação de tipos de cursos, sem a crença ilusória de que "todo mundo vai ser doutor" ou achar que todas as instituições"vão fazer pesquisa". Opinião da Ubes - Para o presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Ismael Cardoso, no entanto, as cotas raciais devem ser adotadas nas universidade públicas. Segundo ele, esse mecanismo de acesso não representa privilégio, mas uma necessidade histórica, como instrumento de reparação depois do prolongado processo de exclusão social a que foram submetidos os negros e seus descendentes nos país. Ele salientou que as cotas raciais, já aplicadas em muitas universidades públicas, não produziram qualquer dos problemas previstos pelos opositores da idéia.
"O primeiro argumento era de que os estudantes admitidos pelo sistema de cotas não teriam capacidade de acompanhar o ritmo dos demais. O segundo, que o Brasil iria entrar em guerra, também foi desmentido na prática: as cotas não criaram qualquer confronto entre bancos e negros", disse. Depois de abordar a formação histórica e étnica do povo brasileiro, ele afirmou que, por efeito da discriminação, as pessoas nascidas da mistura de brancos, negros e índios sempre foram levadas a ter vergonha de sua origem racial. Ainda hoje, disse o presidente da Ubes, em comparação com brancos pobres, a discriminação recai com mais força sobre os negros, o que justificaria a fixação de cotas específicas para esse segmento da população.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

62% precisam de reforço escolar

O Dia
Estudo da prefeitura mostra que pior resultado é de alunos em áreas de risco

Rio - A guerra urbana que atravessa os muros das escolas públicas do Rio de Janeiro está afetando diretamente o desempenho dos estudantes cariocas. Resultado do provão aplicado a 460.453 alunos do 3º ao 9º ano do Ensino Fundamental, divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Educação, mostra que os piores desempenhos em Português e Matemática foram registrados nas unidades situadas em áreas conflagradas pela violência. O exame detectou que 28.879 alunos são analfabetos funcionais e que mais da metade do total — 286.571 alunos, ou 62% — vai precisar de reforço escolar por ter tirado conceitos R (Regular) e I (Insuficiente) em Português e Matemática a partir deste mês.

O maior percentual (17,13%) de analfabetos funcionais está nas escolas de Santa Cruz (10ª CRE), bairro da Zona Oeste, que concentra 17 das 150 escolas localizadas em áreas de risco. São crianças que não conseguem compreender o que acabaram de ler. “A violência afeta a aprendizagem, tanto gerando bloqueios cognitivos quanto não atraindo profissionais para as escolas”, avaliou a secretária de Educação, Cláudia Costin. Segundo ela, as melhores avaliações saíram de escolas da Zona Sul e da Tijuca (2ª CRE).

Nessas regiões, 10,51% dos estudantes terão que ser alfabetizados. “Há mais professores que preferem lecionar perto de suas casas. Além disso, os pais têm mais acesso à educação, o que influi no aprendizado dos filhos”, acrescenta Costin. O prefeito Eduardo Paes também ficou surpreso com o resultado: “É assustador. Mas é bom saber que já temos o diagnóstico e vamos dar o remédio, que será o reforço para sanar o problema”.
Atualmente, 711.692 alunos estudam em escolas da prefeitura. Aos 12 anos, Pedro Paulo de Oliveira Farão, aluno do 8º ano do Colégio Estadual José Pedro Varela, reconhece que tem dificuldades em Matemática e seu pai, inclusive, já contratou professora particular para ajudá-lo com os números. “É a pior matéria. Tenho dificuldades em aprender principalmente equações e raiz. Espero que com as aulas particulares e o reforço aqui na escola eu consiga entender”, disse ele.

Se o fantasma do analfabetismo pode ser enfim exorcizado com aulas de reforço, a secretaria não
encontrou solução definitiva para problemas como a defasagem idade-série. São 10.500 estudantes com mais de dois anos de atraso em relação à série em que estão matriculados. Costin admitiu que não há perspectivas para enfrentar a questão ainda este ano. As amigas Diana Gonçalves da Silva e Suzana Henrique Barbosa, ambas com 14 anos e no 6º ano da mesma escola, estão atrasadas. “Foi muito difícil. A maioria tirou R e I”, conta Diana, que está repetindo o 6º ano. Para Suzana, o reforço é uma boa ideia. “Não temos dinheiro para pagar escola nem aula particular. O reforço é melhor do que ficar em casa à toa”, reconhece a estudante.

EXÉRCITO DA SALVAÇÃO

DÉFICIT MENOR

Os 1.145 novos professores da Rede Municipal tomaram posse ontem e devem entrar em sala de aula já no fim do mês. Somada à primeira convocação, de 645 professores, no início do ano, o déficit diminui em 25%.

FORÇA PARA PORTUGUÊSDos convocados, 230 são de Português, 200 de Matemática, 200 de Ciências, 100 para História e 100 para Geografia. A secretaria convocou também 315 docentes para as primeiras séries do Ensino Fundamental.

CONVOCAÇÃO SÓ NO 2º SEMESTRE

A falta de 5.200 docentes deve ser remediada com a oferta de dupla regência para os professores da rede. A secretária prometeu que pedirá autorização ao prefeito para novas convocações no segundo semestre.


Um só vestibular para todo o País este ano


A vida de quem vai fazer vestibular este ano pode ficar bem mais fácil. Segundo o Ministério da Educação, o modelo de prova única para todas as universidades federais do País deve entrar em vigor já no exame para 2010. A ideia é fazer um novo Enem, nos moldes do que é ocorre nos EUA: em dois dias os candidatos fazem quatro provas e uma redação e concorrem, ao mesmo tempo, para vagas de todo o País. Seriam testes de Linguagens e Códigos, Matemática, Ciências Naturais e Humanas, cada um com 50 questões, num total de 200. É possível que a nova prova seja aplicada duas vezes ao ano, mas a adesão dependerá de cada universidade. “O novo modelo de vestibular reorganiza o Ensino Médio, que se tornará mais leve e inteligente. A maneira como você pergunta em uma prova faz muita diferença”, explica o ministro Fernando Haddad.