segunda-feira, 24 de maio de 2010

Está no ar sistema de consulta sobre os referenciais para novo exame

O que um professor de educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental deve saber no momento do ingresso na carreira do magistério? Quem tiver sugestões deve acessar a página eletrônica do Inep e responder à consulta pública colocada hoje no ar para subsidiar a construção da Matriz de Referência para o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente.

As colaborações devem ser feitas diretamente na Internet a partir de um sistema que lista 16 temas centrais, cada um com uma série de tópicos relacionados às habilidades a serem demonstradas pelos candidatos a professor. Essa lista de temas centrais – e seus tópicos – foi elaborada com base em critérios do que seria um bom professor, apontados pela experiência internacional. Os critérios são comuns a diversos sistemas educacionais com bons resultados e que definiram nacionalmente parâmetros para a docência, tais como: Austrália, Canadá, Cingapura, Chile, Cuba, Estados Unidos e Inglaterra.

A consulta pública ficará no ar por 45 dias. Poderão participar indivíduos ou instituições. Após o término da coleta de sugestões, o Inep se encarregará de reunir sua equipe técnica com especialistas de cada área e elaborar uma matriz que norteará a elaboração de itens para o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente.

Esse é o primeiro passo para a concretização do Exame, uma prova para avaliação de candidatos ao ingresso no magistério, que terá sua primeira edição em 2011. O novo Exame será um serviço que o Inep/MEC prestará às redes municipais e estaduais de Educação para seleção de novos professores. Com ele, prefeituras não precisariam realizar sua própria prova de concurso público – o que é caro e exige expertise de órgão especializado – para contratação de novos professores, bastaria publicar um edital de concurso público e usar a nota do Exame como critério para seleção. A forma de utilização ficará totalmente a critério dos governos estaduais e municipais, que poderão decidir pela adesão ao Exame e utilizá-lo como critério único ou como uma das fases de seu concurso.


Assessoria de Imprensa do Inep/ MEC

Um comentário:

Souza disse...

Bem... Para quem não sabe, essa política tem origem nos acordos internacionais entre o INEP e os organismos internacionais, em especial, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a Unesco, desde 1998.

A OCDE vem organizando em nível mundial os instrumentos e os parâmetros de avaliação dos sistemas de ensino - os resultados do IDEB compõem o PISA- e, desde 2000, vem ditando regras aos ministérios da educação, tentando flexibilizar o trabalho docente na rede pública e monitorar a formação de professores para a educação básica.

Você sabia que para a OCDE e outros organismos, como o BM, um professor "eficaz" não precisa ter formação inicial sólida em universidade? Desde que detenha determinadas habilidades e demonstre certas competências, a formação em serviço e as avaliações periódicas para certificação e recertificação seriam o suficiente ´para o mesmo poder lecionar. Leiam o documento "Professores são importantes: atraindo, retendo e desenvolvendo professores eficazes" (2005- www.oecd.org/brazil - traduções em português)e o documento "Aprendizaje Permanente en la Economía Global del Conocimiento" (BM, 2003).

Será que a visão do INEP/MEC, sobre professor ideal, é diferente do olhar dos organismos internacionais que ditam a política educacional em nível mundial?

Tenho dúvidas... O projeto neoliberal de mundialização da educação avança...

Quer saber como esses acordos começaram? Quer saber por que o governo investe na educação básica e na formação de professores em cursos à distância? Quer saber sobre a pesquisa TALIS no Brasil, a qual traçou um perfil dos nossos professores? Quer saber sobre o interesse econômico da OCDE na educação/formação de professores no Brasil?

Acesse a Dissertação "(Con)formando professores eficazes" de Thaís Rabello de Souza- UFF