domingo, 20 de julho de 2008

Escolas estaduais compartilhadas têm o pior resultado no Ideb

O DIA on line
19/7/2008 21:24:00

Rio - A dificuldade em achar uma solução ideal tanto para estudantes do município quanto do estado vem comprometendo o desempenho escolar dos alunos do turno da noite que estudam em prédios cedidos pela prefeitura.
Levantamento do economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mauro Osório revela que enquanto as 10 melhores escolas públicas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na capital — todas municipais e federais — tiveram média de País desenvolvido (6,8), as 10 com as menores notas — todas estaduais — mal chegaram à média 1. Destas, oito são escolas compartilhadas com o município.
Mesmo entre as 20 últimas do ranking do Ideb na capital, todas são estaduais, e 16 dividem o mesmo prédio com unidades municipais.
O Ideb é calculado com resultados do Prova Brasil, que avalia o desempenho em Português e Matemática dos alunos do fim dos ciclos do Ensino Fundamental, jovens de 4ª e 8ª séries. “O estado sofre há décadas processo de degradação. Não construiu escolas.
O compartilhamento é um remendo diante da falência da máquina pública. O resultado se reflete no aprendizado dos alunos, que saem das escolas com diploma mas sem aprender de fato”, avalia Osório. A Escola Estadual República Argentina, em Vila Isabel, que funciona à noite, obteve nota 1,1 no último Ideb.
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS NOS COLÉGIOS
Dividir o mesmo espaço mas sem usufruir os mesmos benefícios. É difícil a rotina dos estudantes do ensino noturno. Alunos do estado se queixam de que são obrigados a se contentar com giz e quadro-negro. “A gente só pode usar a sala de aula e banheiro. Não temos direito a laboratório de informática, refeitório e biblioteca. Fica tudo fechado. Só os alunos da manhã podem usar”, lamenta Ana Célia Rabelo da Silva, 18, do 8º ano do Colégio Estadual José Pedro Varella, na Tijuca. Como ela, o colega Rafael Victor de Paulo Rangel, 18 anos, também se sente prejudicado: “Os professores são bons, mas passam trabalhos em que precisamos de acesso à Internet. A gente não pode vir à tarde estudar como se fazia antigamente porque a escola está sendo usada por alunos do município”.
Diários de classe, documentos, videocassetes e TVs são recolhidos para que uma escola não utilize material da outra. “A verba que o estado libera para merenda é muito pouca, R$ 0,39 centavos por aluno. Às vezes tem lanche, mas na maioria dos dias a gente recebe biscoito e guaravita porque o refeitório fica fechado”, queixa-se João Paulo dos Santos Ferreira, 16 anos, do 8º ano.
Alternativa é aquisição de novos prédios
A aquisição de novos prédios é a saída encontrada pela secretaria estadual para tentar resolver o problema das escolas compartilhadas com o município, já que faltam vagas para os alunos, sobretudo para estudar durante a manhã. Atualmente 278 escolas estaduais utilizam prédios do município para atender mais de 120 mil alunos dos ensinos Médio e Fundamental.O governo do estado anunciou a compra de escolas particulares falidas para transformá-las em públicas. De acordo com números do Conselho Estadual de Educação, 50 escolas declaram falência por ano no estado.Segundo a secretária de Educação, Tereza Porto, 98 prédios de escolas falidas já foram visitados pela secretaria, sendo que 28 foram encaminhados para compra e há sete locais com negociação praticamente fechada, na Região Metropolitana do Rio, para onde podem ser transferidos mais de 4 mil alunos de escolas compartilhadas. A primeira, a Escola Suíça, em Santa Teresa, foi inaugurada há três meses.

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