terça-feira, 22 de julho de 2008

O salário dos professores

Diário Catarinense, 21/07/2008 - Florianópolis SC
Editorial


Os cálculos preliminares, feitos por diversos governos estaduais e por administrações municipais logo depois da sanção de um piso salarial de R$ 950 para o magistério pelo governo federal, apontam números atemorizantes, que colocam em risco as finanças públicas. A questão preocupa e é importante que os administradores públicos apontem números realistas para fundamentar os debates daqui para a frente. Ainda assim, não dá para ignorar que houve tempo para o setor público se preparar e de que os professores precisam ter uma remuneração adequada à sua formação e ao papel desempenhado na sociedade,
pois esse é um pressuposto para mais eficiência no ensino. Da mesma forma, é preciso deixar claro que o valor proposto é modesto se comparado ao de outras categorias com formação profissional semelhante, muitas das quais sem desafios típicos do magistério, como o de preparar turmas cada vez maiores e em locais remotos. Sob o ponto de vista dos governantes, o problema se agravaria a partir de 2010, quando o valor passaria a valer como o salário básico, sobre os quais incidiriam as chamadas vantagens temporais. Essa particularidade é que inviabilizaria seu pagamento em
muitos casos, a não ser que haja algum tipo de ajuda do governo federal. Independentemente de soluções que deverão ser buscadas para avaliar o impacto da medida no setor público, o fato é que professor, no Brasil, ganha menos do que deveria. E é inconcebível que o setor público não consiga arcar com os custos de uma questão prioritária como o ensino. O importante é que o debate a ser travado sobre o tema a partir de agora possa se pautar por dados objetivos e realistas. O piso nacional, concebido como solução, não pode se transformar em mais um dos tantos problemas já enfrentados pelo magistério

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