sábado, 18 de julho de 2009

Educação brasileira

Gazeta de Cuiabá, 17/07/2009 - Cuiabá MT

Juacy da Silva O Brasil continua enfrentando vários desafios em relação à educação em todos os níveis. Em uma visão diacrônica podemos dizer que o nosso país tem evoluído ao longo de décadas quanto ao nível educacional. Todavia, quando comparado com outros países que há 40 ou 50 anos estavam nas mesmas condições ou com indicadores mais negativos que o Brasil o nosso "progresso" deixa muito a desejar. Por exemplo, a situação educacional de Cuba, Índia, China, México, Argentina e Coreia no Sul, para mencionar apenas alguns países, era praticamente igual ou pior do que o Brasil nas décadas de 50 e 60 e atualmente estão bem à frente do nosso país em todos os indicadores educacionais como média de escolaridade da população, percentual de investimentos em educação em relação ao PIB, repetência, evasão escolar, analfabetismo e outros mais. Dados recentes veiculados por ocasião da semana de ação mundial de mobilização pela alfabetização de jovens e adultos e da campanha nacional pelo direito à educação, ocorridas de 22 a 28 de abril de 2009, demonstram como nosso país está feio/ruim na foto. Em 2006 o percentual de analfabetos na população adulta mundial era de 16% e no Brasil este índice havia caído de 14,2% em 1996 para 10,4% em 2006. O analfabetismo funcional, pessoas que frequentaram apenas alguns anos de escola e não conseguem compreender o que leem ou se expressar corretamente, no Brasil chega ainda a 32% da população adulta. Muitos apenas conseguem escrever o próprio nome apenas para conseguir documentos. Isto significa que o Brasil naquele ano tinha 14,4 milhões de jovens e adultos analfabetos, chegando a 7,6 milhões só no Nordeste, onde o índice de analfabetismo era de 20,7% da população adulta, situação pior do que a existente em todos os países da América Latina e vários países da África e Ásia. De acordo com estudos do PNE o Brasil deveria ter, no máximo, 3,7% de analfabetos em 2006 em relação à população de 15 anos e mais, ou seja, nossos índices de analfabetismo estão 2,8 vezes a mais do que as metas estabelecidas há quase uma década. Estudos recentes da OCDE (organização econômica mundial) indicam que o Brasil investe em média apenas 3,9% do PIB em educação, bem abaixo da média mundial, que é de 6,0%. Isto representa 1,3 mil dólares por aluno/ano, enquanto o Chile, o México e a Argentina investem o dobro e os Estados Unidos 12 mil por aluno/ano. Esta foi a razão pela qual o Brasil ficou em último lugar em termos de investimento em educação em relação ao PIB entre os 24 países objeto dos estudos da OCDE. O Brasil em 2006, de acordo com dados da Unesco, ficou na 90ª posição no ranking de analfabetismo, atrás de países como Uruguai (57ª) , Chile (65ª) , Costa Rica (66ª), Venezuela (73ª), Colômbia (74ª), México (83ª) , Equador (85ª), China (86ª) e Vietnã (89ª). Diante desses indicadores é mais do que tempo para que nossos governantes em todos os níveis deixem de colocar a educação como prioridade nacional em seus discursos e coloquem a educação como verdadeira prioridade nas políticas públicas e nos orçamentos. Enquanto isto não acontecer nosso país continuará ostentando posições vergonhosas nos diversos "rankings" mundiais. Propaganda de governo não muda a realidade, apenas mistifica as massas, distorce a verdade e compromete o futuro de nosso país, de nossos filhos e netos. Chega de mentiras oficiais, demagogia e corrupção! Educação deve ser a verdadeira prioridade nacional!

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